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Apesar da voz mais grossa, Sigmund virou e identificou Vanhi pelos olhos, cor de mel, agora, mais claros. Crescido, Vanhi sorriu, deixando os caninos levemente saltados a mostra, característica que ele nunca notou dado o fato de Vanhi estar sempre sério e nervoso.

Vanhi?

— Como está, criança? — Aproximou-se, observando-o. — Parece muito bem. Que os Nats sigam abençoando-o!

Estou bem. Obrigado.

— Cuide-se! Posso falar em nome de todos ao dizer que aquele momento se foi e não há nada pelo que deva se culpar; então, se culpa passar em sua mente, em algum momento, ignore... é mentira!

Como conclui que não tenho culpa? Ainda matei porque quis.

— Por que concluiríamos que uma explosão é a grande vilã e ignoraríamos aquele que acendeu a bomba?

Posso ter matado um dos seus e nem me lembro...

— Não é possível remover a culpa da bomba; mas ela só fez o que foi criada para fazer... Aquele que a confeccionou e comburiu deve carregar todo o pesado fardo das mortes causadas por ela, só.

E quanto a bomba precisa pagar para expiar?

— Ela pagou ao explodir — falou com pesar. — Cuide-se. Quando tiver bombas em mãos, lembre que foi uma. Pode ajudar nas decisões!

Sigmund pegou a mão de Chase e ambos retornaram ao salão.

— Não sabia que você tinha irmãos — disse Chase ao chegarem.

Não tenho ou tenho e não conheço... nunca fez falta, eu acho!

— Claro. — Chase riu. — O bom dos nossos problemas é que, às vezes, somos nosso irmão. Só é ruim quando somos sanguinolentos...

Nossa, Epifron... de onde tira essas piadas?

— Originais de minha insana mente! — gargalhou. — Precisa se banhar, se trocar e descanse. Falarei com o mestre, estabilize-se!

Obrigado. Realmente preciso... apesar de não sentir culpa, a fala de Vanhi me traz um alívio que não esperava sentir.

— Quando se sente uma fera, é bom lembrar ser apenas vivo, inteligente, como qualquer outro... nem mais, nem menos...

No fim, tudo que difere, só quer ser normal!

— Quando admitem nossa normalidade, dá uma sensação boa.

Sem dúvida! — riu. — Mesmo que mentira. É bom!

— Pode ficar com o emblema, logo será seu...

Ainda não ganhei o desafio.

— Entretanto, ganhará. Senão matamos você de novo!

Ambos riram.

Sigmund demorou no banho, imerso na água por algum tempo. A flauta de Althea tocou em seu íntimo, uma doce canção que o levou inevitáveis lágrimas. Quando terminou de se vestir, a canção cessou.

"Obrigado!", respondeu com uma nota no saung.

Sigmund guardou o emblema junto às cordas do saung e foi ao altar. Por duas longas horas, o perfume da Boa Morte tomou o quarto, envolvendo-o com a paz dos justos.

Ao fim, sentou na cama, criou a máscara, deitou e vestiu-se.

"Epidotes cuidará de Ketu pessoalmente. Ele não representa ameaça", transmitiu ao monge com às palavras de Vanhi enquanto imergia, sem perturbar seu descanso, permitindo-o dormir pelo dia.

Algos - Livro α - 3ª EdiçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora