Capítulo 21 - Fogo contra fogo.

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"Vamos para casa."

[...]

- O quê? - pergunta confuso, tentando acalmar Georgia que estava surtando do outro lado da linha. - respira Georgia, assim eu não consigo entender nada!

"Eu e as crianças estávamos brincando no quintal já que a neve tinha baixado, Phoebe estava me ajudando a cuidar dos gêmeos e Charles tinha entrado dentro de casa pra tomar água..."

- Tudo bem, e...?

"Aí eu entrei dentro de casa pra procurar Charles porque ele estava demorando, e como não consegui encontrar ele eu fui até o quarto da Charlotte pra ver se ela sabia onde ela tava e-"

- Respira Georgia!

"Eu não consegui encontrar o Charles em lugar nenhum!"

- Como é que é?! - exclamo pasmo, apertando o telefone em mãos em nervosismo. - eu saio por um segundo pra ir no mercado e você perde o meu filho!

- O que tá acontecendo? - pergunta Lewis, me olhando curioso.

"Não foi de propósito! Ele só fui tomar água, eu não imaginei que ele sumiria!"

- E onde tá o Freddie? - pergunto preocupado, começando a entrar em pânico.

"Ele tá bem, eu e a Phoebe estamos com ele e os gêmeos dentro de casa."

- E vocês chamaram a polícia?

"Não, eu não sabia o que fazer então resolvi te ligar."

- Tá bom, então não desgruda os olhos do meu filho até eu chegar aí! - falo exaltado, olhando para o homem do meu lado com urgência. - Lewis, acelera esse carro!

- O quê? Eu não posso fazer isso, a estrada tá cheia de neve e estamos em uma vá de pelo menos uma tonelada!

- Eu não quero nem saber! - grito furioso, vendo o homem me olhar assustado. - meu filho pode estar perdido nessa neve e se qualquer coisa acontecer com ele eu mato você e a Georgia!

- Mas...

- Dirige esse carro, Lewis!

- Você sabe que podemos morrer se eu acelerar mais que isso né! - grita nervoso, tentando me fazer recobrar a consciência.

- ENTÃO PEGA UM ATALHO! - grito descontrolado, batendo no homem com raiva.

- NÃO TEM ATALHO!

- ENTÃO ACHA UM ATALHO!

- É MUITO PERIGO-

- FODASSE! - não espero ele revidar e agarro o volante, virando com tudo pra direita em direção a floresta.

- VOCÊ TÁ QUERENDO NÓS MATAR!?

- CALA A BOCA, MEU FILHO PRECISA DE MIM!

- VOCÊ NÃO VAI ENCONTRAR SEU FILHO SE ESTIVER MORTO!

- DO QUE VOC-

Sou interrompido pelo impacto da Van contra a árvore, sou jogado com tudo pra frente, não atravessando o parabrisa graças ao cinto de segurança. O vidro a nossa frente quebra com tudo em nossa direção, posso sentir os cacos atravessarem minha pele e o sangue molhar minha roupa. A parte da frente do automóvel foi totalmente danificado e pegou a maior parte da colisão, a árvore se inclina perigosamente em nossa direção, tentando terminar o serviço.

- Lewis, Lewis... - chamo fraco, tentando tirar o cinto de segurança antes da árvore nós esmagar. - LEWIS!

Olho em sua direção com rapidez, me arrependendo no segundo seguinte. Seu corpo, antes bronzeado e forte, agora coberta de cortes fundos e sangue, completamente imóvel e pálido devido a perda de sangue. Seu rosto está parado olhando fixamente para frente, sem piscar. Solto meu cinto com rapidez, usando o resto de força que tinha me sobrado para me aproximar do homem com urgência.

- Lewis, temos que sair daqui, agora! - grito assustado, tentando fazer com que o homem me olhasse. - por favor, eu sei que você tá com raiva de mim mas eu preciso que você se mexa!

1...

- Lewis, por favor! - imploro apavorado. - Eu compro outro Van pra você!

2...

- Por favor, se não for por mim que seja pela Charlotte!

3...

- Me desculpe, desculpe, desculpe!

4...

- LEWIS, NÓS VAMOS MORRER!

5...

- Por favor... - sussurro mortificado, subindo em cima dele pra tentar tirar seu cinto de segurança.

6...

- Lewis...? - digo apreensivo, segurando os dois lados das suas bochechas. Sinto um líquido quente passar das pontas dos meus dedos até o cotovelo. Viro seu pescoço para a direita, tentando enxergar alguma coisa através da névoa e sangue. - Lewis?

7...

- Meu deus... - exclamo chocado, vendo o grande pedaço de vidro fincado na carne de seu pescoço.

Tampo a boca com as mãos, tentando conter a ânsia de vomito que se segurava em meu estômago. Coloco meu dedo indicador em baixo de seu nariz, torcendo para que houvesse algum sinal de respiração.

8...

Está respirando!

- Está vivo! - ofego aliviado, voltando ao meu acento e segurando a maçaneta da porta com as duas mãos, empurrando a porta com toda a força que me resta. - tudo bem, vai ficar tudo bem! Vamos sair daqui e ir até a estrada, aí vamos conseguir uma carona e ir para o hospital.

Me apoio com as duas mãos atrás das costas e uso minhas pernas pra chutar a porta. Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito!

Bingo!

9...

- Tudo bem, agora vamos sair daqui. - me viro em sua direção com anciedade, colocando meus braços por baixo de suas axilas e puxando até o lado de fora da Van. - vai ficar tudo bem...

Apoio meus pés do lado de fora da máquina, pisando sobre a neve suja de fuligem. Seu corpo forte parece cada vez mais pesado sobre meus braços cortados, coloco ele sentado no meu banco e me apoio sobre os joelhos, respirando com dificuldade.

- Des-cul-pe... - ouso a voz sussurrar, me virando em sua direção com rapidez. - diz-pra-el-a qu-e-eu-sint-o- muito...

- Lewis, não fala, não se esforça demais! - falo esperançoso, acariciando seus fios de cabelo com carinho. - você vai falar pra ela pessoalmente, só precisa aguentar mais um pouco!

10...

- Des-cul-pe...

- O que? - digo confuso, vendo ele agarrar meu braço e me empurrar com tudo no chão. Caio de costas, batendo a cabeça com força contra a neve, suspiro em surpresa e pisco em confusão, recobrando a consciência ao ouvir um som alto de galho se quebrando. - Mas o qu-

Antes que possa pensar de onde o som estava vindo, sou jogado com tudo contra uma árvore ao longe. A última coisa que vejo antes de perder a consciência é a árvore velha caindo sobre o carro e uma explosão de fogo se espalhar e queimar tudo ao seu redor.

- Lewis...

il appartient au diableWhere stories live. Discover now