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|| Henrique Martinez Mendes ||

Pulei da viatura ainda em movimento e caminhei rapidamente em direção ao carro, jogando meu fuzil pra trás

— Sai da frente! - Gritei com o pessoal que tinha se reunido em volta do carro, apenas por curiosidade

O André se aproximou correndo assim como o Daniel e mais alguns agentes, enquanto as outras viaturas continuaram seguindo os carros pelas câmeras

Corri até a porta de trás, aonde não tinha danificado tanto e puxei, tentando abrir, mas estava trancada

Os airbags estavam acionados, todos eles, mas mesmo assim, as duas estavam desmaiadas no carro

— Cadê a ambulância, porra? - Gritei com qualquer um que soubesse me responder

— Tá a 5 minutos - O Daniel respondeu se aproximando também

O carro tinha batido com tudo num poste, estando torto

Engoli seco olhando na direção da Valentina e dei a volta no carro

Pessoal começou a ajudar a empurrar, pra conseguirmos abrir a porta do motorista e assim que conseguimos afastar do poste, eu engoli seco ao ver o rosto da Valentina coberto de sangue

— Sai daqui. - O Daniel falou me segurando pelo ombro — Tu não vai ter cabeça pra isso.

Balancei a cabeça negando e me soltei dele, me aproximando da porta e puxando ela com força

Ouvi o barulho das sirenes de ambulância e dos bombeiros chegando junto

Continuei tentando abrir a porta, totalmente cego por qualquer pensamento de preocupação que passasse na minha cabeça naquele momento

— Tu não vai conseguir abrir, porra! - O Daniel disse me puxando — Olha o estado da porta, só cortando!

Balancei a cabeça negando, passando a mão no rosto

Vi o movimento da Liz no banco do motorista e logo o André falando com ela

As duas ambulâncias chegaram cortando caminho junto ao caminhão dos bombeiros e eu passei a mão na cabeça, totalmente atordoado

O Daniel pegou o controle da situação, falando com os paramédicos e os bombeiros

Intercalava meu olhar entre a Liz e o André conversando e a Valentina totalmente apagada no banco

Assim que a Liz olhou pro lado e viu a irmã, ela começou a gritar e chorar desesperadamente

Senti o embrulho no meu estômago e o nó na minha garganta, me fazendo respirar fundo

Os bombeiros começaram a cerrar o carro pelos dois lados ao mesmo tempo, trazendo aquele barulho insuportável prós meus ouvidos

Me aproximei deles, tentando ver a Valentina esboçar qualquer reação de vida, qualquer mísero sinal

Os cabelos loiros estavam escuros, cobertos pelo sangue dos vidros da porta

Passei a mão na nuca e olhei ao redor, vendo que já tinha até mesmo repórteres por ali

Eles conseguiram abrir a porta da Liz e logo colocaram ela na maca, que saiu acompanhada do André

Andei de um lado pro outro naquela roda de pessoas, com a mente a mil e o coração apertado

Se eu tivesse vindo logo quando ela chegou, se eu não tivesse falado pra ela fazer o retorno, se ela tivesse seguido pro condomínio nos conseguiríamos chegar primeiro lá

O barulho parou e eu me virei rapidamente indo na direção do carro, vendo que eles preparavam a maca pra tirar a Valentina do veículo

— Ela tá viva? - Perguntei indo pra cima deles — Ela tá viva porra?

— A pulsação está fraca - A paramédica informou — O dano que ela sofreu foi muito forte, nós precisamos levar ela urgentemente pro hospital, o senhor sabe se ela tem algum documento?

— É a minha mulher. - Falei quase sem voz, vendo ela ser retirada do carro, com o corpo totalmente machucada — A bolsa dela deve tá no carro, ela tá sempre com a bolsa, lá tem tudo - Apontei falando desesperadamente

Deixei a paramédica falando sozinha e corri na direção da Valentina, que era levada pelos paramédicos até a ambulância

Assim que eles me viram correndo na direção, pararam com a maca e eu me aproximei dela

Segurei a lateral do rosto da Valentina, sentindo a minha mão ficar melecada de sangue e colei nossas testas

— Fica comigo amor, namoral... - Falei num sussurro, sentindo uma dor que jamais tinha sentido antes na minha vida — Fica comigo, leãozinho. Prometo nunca mais dar um vacilo e colocar tua vida em risco, por favor, fica comigo.

Fechei os meus olhos, sentindo minha voz embargar e respirei fundo

— Senhor, nos precisamos levar ela. - Um deles falou e eu desencostei nossas testas

— Eu vou junto. - Falei olhando na direção do Daniel, que balançou a cabeça concordando

Eles colocaram ela dentro da ambulância e  eu subi junto, me sentando do lado dela

Segurei a mão dela com firmeza, sentindo o corpo ainda quente

— Já checaram os batimentos? - A paramédica de antes falou — Preciso que o senhor leve a bolsa dela.

Ela me entregou a bolsa e eu passei a mão na cabeça, sentindo tudo ainda aéreo

Eu só preciso que ela fique bem, eu só preciso que ela fique viva e comigo

Eles falavam naquela linguagem de médico deles e eu só queria saber se a minha mulher tava bem, eu só precisava saber que ela ia sobreviver

Não levou muito tempo e chegamos no hospital do plano de saúde da Valentina, entrando pela ala de emergência

— Nos vamos levando ela pra cirurgia, o senhor faz o registro dela - O paramédico falou enquanto entrava correndo com a Valentina na maca pelo hospital

O pessoal pelo hospital olhava a situação atento, querendo saber o que se passava

Totalmente atordoado ainda, caminhei até a ala de registro no hospital e fiz tudo o que tinha que ser feito, pegando o cartão de acompanhante

Segui em modo automático até a área que eles falaram pra mim aguardar e me sentei, apoiando meus braços nos meus joelhos e rezando pra qualquer um que me ouvisse, para quer ela ficasse bem

l. Melhor Parte de MimOnde as histórias ganham vida. Descobre agora