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|| Henrique Martinez Mendes ||

Tava deitado na rede da casa do Andre enquanto conversávamos tomando uma cerveja assistindo o Flaxflu

- Quem que coloca reserva pra jogar clássico - o Daniel reclamou bebendo a cerveja dele - Fode não, porra.

- Vai tomar gol porque não sabe escalar - O Andre gritou pra TV - Aí oh, arrombado!

Cocei minha boca e balancei a cabeça negando, me coloca lá pra treinar que faço melhor.

Ouvimos a voz da Liz falando com alguém e o Andre se levantou pra ir ver quem era, mas da porta ele já sorriu simpático

- E aí cunhada - Abraçou ela e eu revirei os olhos voltando a levar a cerveja pra minha boca - Veio fazer o que?

- Tá maior tempinho de temporal, vim fazer uma visita pra vocês - Sorriu forçado e olhou pra cá, desmanchando o sorriso assim que me viu

Ela falou alguma coisa baixinho com ele que me olhou e balançou a cabeça negando, ela foi lá pra dentro e ele voltou

- Qualfoi de vocês dois? - Me perguntou

- Louca das ideias - Falei prestando atenção no jogo

- Tina é maneira e não arruma problema com ninguém, se arrumou contigo, bagulho não tá certo - Fiz careta

- Atropelei ela no dia que ela chegou aqui, no aeroporto. Derrubei ela, as malas dela, tudo, tava no meio da operação, ou ia atrás do Delacorte ou ajudava ela.

Os dois deram risada

- Tá ligado que não foi 100% assim né? - O Daniel falou com ele que riu concordando

- Deve ter se irritado e surtado com a Tina, ela meteu marra e agora os dois ficam se bicando.

- Pô, mas qual a probabilidade - Neguei com a cabeça - Tua cunhada moleque, eu fui no teu casamento e não vi ela não.

- Ela era madrinha - Olhou debochado - Não viu porque é cego.

- Realmente, porque eu me lembro bem dela lá - O Daniel disse - Mina chama atenção por onde passa, além de tudo.

- Vocês que são tarado por mulher - Fechei a cara e cruzei os braços, voltando a prestar atenção no jogo

[...]

O temporal que a outra lá tinha dito que poda acontecer, aconteceu mesmo. Começou a cair o mundo e a gente entrou indo assistir o segundo tempo na sala

Mas as duas tavam assistindo série ali, então foi maior caô pela tv

Entrei na cozinha e vi a loira chata ali dentro

Revirei os olhos discretamente e me aproximei da geladeira, pegando outra cerveja

Ela tava com a mão embaixo da água e eu vi um pouco de sangue saindo do dedo dela e uma faca jogada na pia, junto com um pão francês meio cortado

- Conseguiu cortar o dedo cortando pão? - Segurei a risada

- Se manca, cara. Tô nem falando contigo - Meteu marra e eu ri

- Depois eu sou o sem educação né? - Ironizei e ela me vou com ódio

- Qual o teu problema? É insuportável com todo mundo desse jeito ou é só comigo mesmo? Porque não é possível que eu tenha sido a sorteada - Falou irritada

- Deus não te deu nenhum privilégio nenhum não, ainda mais comigo. Não foi hoje que se tornou o alecrim dourado - Sorri debochado - Te trato como qualquer uma.

- Certo, a qualquer uma aqui, tá pedindo então, pra dar o fora da minha volta e me ignorar que nem eu tava fazendo com a tua existência - Bateu na pia - Idiota.

- E o que te faz pensar que eu tô na tua volta?

Ela respirou fundo nitidamente se controlando pra não surtar e eu segurei a risada, achando engraçado atingir ela sem fazer esforço nenhum

- Olha só..- Apontou o dedo e eu mudei a minha postura cruzando os braços - Tu não é ninguém pra falar comigo e me tratar de qualquer jeito, porque eu nem te conheço e nem faço questão de conhecer. Então, por favor, se manca e sai daqui.

- Ou, Henrique? - O Daniel me chamou e eu olhei pra porta - Vai ter pênalti.

Olhei mais uma vez pra loira que já não me olhava mais e fui atrás dele

Me sentei no sofá e os dois me olharam

- Quando tu quer ser insuportável, tu consegue de mais - O Daniel disse

- Qual a necessidade? - O Andre perguntou - Esse teu jeito ainda vai te prejudicar muito.

Dei risada negando e nem rendi papo pra eles

Mina de mal com a vida e eu que tenho culpa.

Me chama de mal educado mas me trata da mesma forma que uma, fica complicado se contradizer dessa forma.

Levando em consideração a irmã dela, que as duas me tratam da mesma forma, com certeza deve ser de família.

Levei a cerveja que abri no braço até a boca e prestei atenção no pênalti pro Fluminense.


A mimir, banoite

l. Melhor Parte de MimOnde as histórias ganham vida. Descobre agora