V

8.5K 431 26
                                    

Já havia se passado duas semanas desde que Nathan se mudou para minha casa. Ele está demonstrando ser um ótimo pai para Antônio e um péssimo marido que deixa cueca suja no chão do banheiro e a toalha molhada em cima da cama.

Antônio parecia contente em ver uma figura paterna em casa, mesmo ainda sem saber que ele é o pai. De vez em quando me perguntava por que Nat não dormia no mesmo quarto que eu, ou porque nunca nos beijávamos e eu apenas respondia com "somos apenas amigos".

- Mamãe. – A porta do meu quarto se abriu e vi uma sombra pequena.

- O que foi Antônio? Ainda são cinco da manhã. – Me sentei na cama.

- Tive um pesadelo. – Ajudei-o a subir na cama. – O Nat não estava no quarto para me ajudar.

- Quer me contar o pesadelo? – Abracei-o.

- Palhaços.

- Também nunca gostei de palhaços. – Me arrepiei. – Mas foi só um sonho ruim, nada de ruim vai acontecer ok?

- Papai estava lá e me salvou deles.

- Papai?

- É, sempre sonho com o papai. – Ele dizia sonolento. – Ele sempre me salva nos sonhos, ele é bastante parecido com o Nat.

Apertei mais ele contra o meu peito e beijei o topo de sua cabeça. Nathan apareceu na porta com a feição preocupada, e eu estava envergonhada por estar descabelada, de camiseta velha e uma calcinha enquanto Antônio dormia em meus peitos.

- O que houve? – Ele sussurrou.

- Pesadelo com palhaços, disse que você não estava lá para ajuda-lo.

- Eu fui atender uma ligação de emergência, eu sinto muito.

- Está tudo bem. – Sorri. – Ele já se acalmou, acho que está na hora de contarmos.

- Já pensou como vamos contar? – Neguei. – Eu pensei, podemos passar o dia inteiro fora se divertindo e depois tomar sorvete num parque e contar.

Levantei-me para me trocar e escovar meus dentes, enquanto Nat preparava o café da manhã. Nathan estava ensinando Antônio falar em inglês e ele estava fazendo aulas online de português, mas eles se entendiam muito bem.

- Ovos, panquecas e bacon? – Disse fazendo um coque em meu cabelo. Ele assentiu. – Quer ajuda?

- Não precisa, eu não gosto que mexem na minha cozinha.

- Ok, mas a cozinha é minha. – Ele riu. – Nathan o que está escondendo? – Sentei-me no balcão da cozinha.

- Ok, me desculpa sua calcinha está na minha mala.

- Pegou minha calcinha? Que?

- Não estava falando disso? – Ele voltou a fazer panquecas.

- Nat por que pegou minha calcinha? – Ele riu.

- Acha mesmo que eu peguei a sua calcinha? – Assenti. – Longa história.

- Ok, pode ficar com a calcinha. Eu quero saber o que você está aprontando, não é normal uma pessoal saber do filho e só vir procura-lo três anos depois.

- Alessandra eu já te expliquei, eu cheguei a passar por psiquiatras para te entender.

- Não faz sentindo Nathan, isso tem haver com aquela aposta.

Meu Segredo (não revisado)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora