II

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Escutava mais vozes, mas não conseguia levantar. Eu estava fraca, sem comida e com um feto me provocando enjoos. Meus olhos devem estar inchados de tanto chorar. Chorar por medo, por eu ter sido abusada, por fome, frio e por eu não saber quantos dias já se foram.

A noite passada me assombrava. Havia sido abusada mais uma vez desde que cheguei. Meu corpo grita por ajuda, por algum remédio que tire as lembranças e as dores.

A porta se abriu e um dos capangas me levantou, me vendou e me carregou até um banco macio. Percebi que era um carro quando o mesmo fez o barulho para dar partida. Não tinha forças para perguntar mais nada.

- Andrew, eu sei que você está nesse caso. Vamos conversar, não sei do que se trata a aposta, mas eu peço que não me machuque mais. Eu estou grávida, assim como você eu vou ter um bebê.

- Cala a boca garota. – Me apertaram.

O carro parou e me ajudaram a descer. Não conseguia mais controlar minhas lágrimas, o vento estava forte. Não conseguia decifrar onde eu me encontrava.

- Nathan Carter, lhe avisei que se não cumprisse com o horário ela iria morrer. – Meu coração acelerou. – Está cinco minutos atrasados, acha que vou acreditar que está chegando e sem policiais? Coloque-a na beirada. – Ordenou.

Empurraram-me e me viraram. Meus soluços eram altos, sussurrava as orações que meu avô havia me ensinado. Escutei barulho de mais um carro, era a minha hora, o carro ia me atropelar certeza.

- Alessandra, não se chama meu amor.

- Nat! – Eu não o enxergava, mas obedeci.

- Reviste-o. – O chefão ordenou. – Passe o dinheiro.

Começou uma ventania forte e logo escutei barulho de hélices. Suspeito que seja um helicóptero pela a força do vento e o barulho. Os policias se anunciaram pelo alto falante.

Eu não estava mais me aguentando em pé. Meus joelhos tocaram o chão e eu comecei a chorar novamente.

- Alessandra, meu amor. – Nathan arrancou minhas vendas. – Eu estou aqui, me perdoa, me perdoa, me perdoa, me perdoa. – Ele repetia milhares de vezes.

- Me tire daqui.

- Alessandra! – Vi minha mãe sair do carro correndo em minha direção.

Os policias já algemavam os capangas. Eles tinham razão, Andrew não estava ali, mas aposto que tinha dedo dele na jogada.

Colocaram-me numa maca e me enfiaram dentro helicóptero, me colocaram no soro e me examinaram previamente.

- Ela está acordando. – Meu pai sussurrou.

- Oi querida, como você está? – Dei um meio sorriso. – Chame o médio John, ele disse que assim que ela acordasse, ele a veria. – Meu pai saiu da sala

- Nat. – Sussurrei.

- Ele está na delegacia, acabou dando uma surra no Andrew dentro do hospital e foram para lá. – Ela riu. – Adoro o jeito que ele cuida de você. – Sorri.

Eu amava o jeito que ele me cuida, mas ele pisou na bola comigo. Mais um pouco eu estaria morto, jogada num precipício por conta de suas apostas.

- Que bom que acordou Alessandra, queria explicar tudo para seus pais e você. Mas fique tranquila você e o bebê estão bem? – Escondi meu rosto em minhas mãos.

- Bebê?

- Grávida? – Meu pai sentou na poltrona.

- Continue. – Eu disse para o médico que me olhava sem graça.

Meu Segredo (não revisado)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora