01. freaky friday (savannah's version)

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QUANDO SAVANNAH EVANS abriu os olhos, o mundo ao seu redor não fazia sentido algum.

Absolutamente tudo estava distorcido e embaçado. Havia apenas formas turvas e irreconhecíveis dançando na visão da garota, cores extremamente saturadas tremeluzindo em torno das figuras fora de foco. Pontinhos de ruído pipocavam no ar, além de todo e qualquer som estar a abafado e praticamente ininteligível.

Com a cabeça girando, Savannah piscou vagarosamente. Ela teve de fazê-lo mais algumas vezes para que o mundo entrasse em foco de novo: as cores se estabilizaram, as silhuetas tomaram formatos familiares e os olhos se ajustaram à súbita claridade.

— Savy? — A voz soou distante, mas pelo menos as palavras eram reconhecíveis. — Savy? Você está bem?

A jovem demorou mais alguns segundos para enfim assimilar o que acontecia: ela encontrava-se no chão, de onde era encarada com curiosidade por diversas pessoas. Inclinada sobre seu corpo estava Amelia, a qual ostentava um semblante preocupado.

— O quê...? — Começou, a voz rouca e débil.

Savannah tentou se esforçar para lembrar o que havia acontecido, como havia ido parar ali entre todas aquelas pessoas — entretanto, havia apenas um espaço em branco em sua mente. A última coisa da qual ela recordava-se nem de longe explicava o que acontecia.

A muito custo, a heroína conseguiu erguer o corpo o bastante para ficar sentada. Sua cabeça pulsava insuportavelmente e tudo à sua volta parecia rodar. Por um breve instante, ela fechou os olhos e esfregou o osso do nariz na tentativa de aliviar um pouco o mal-estar, seus ouvidos estalando.

— Você desmaiou — Lia revelou. — Acha que consegue se levantar?

Depois de hesitar por um momento, Savannah assentiu, mesmo que não estivesse muito segura de que, de fato, conseguiria fazê-lo. Às suas costas, alguém demandou que abrissem espaço para ela, e praticamente todos já estavam afastados quando Lia ajudou-a a içar-se para cima.

Aquela foi uma péssima ideia, visto que as pernas da garota fraquejaram no momento seguinte e ela colidiu contra uma mesa, a qual teve de usar de apoio para que não acabasse de volta ao chão. Embora estivesse tomada pela vertigem, Savannah foi capaz, depois de muito respirar fundo, de firmar os próprios pés no chão.

— Está tudo bem, senhorita Evans? — Uma voz atrás de si inquiriu.

Ao olhar por cima do ombro, Savannah deparou-se com seu professor de Literatura, Sr. Lewis, e um bando de seus colegas de classe, só então notando que estava em uma sala de aula. Por um instante, ela simplesmente congelou: o que estava fazendo ali? E ainda mais com todas aquelas pessoas? Como ela havia sequer chegado na escola?

A última coisa da qual se recordava era de estar em patrulha e, de repente, começar a ouvir ruídos estranhos pelo comunicador do uniforme. Recordava-se também de perceber as lentes de sua máscara ficando embaçadas e ruidosas, e então... ela estava acordando ali.

Não se lembrava de ter retornado para casa na noite passada, muito menos ter ido para a aula naquela manhã.

Aquele fato, por si só, já era um pouco assustador. Então, respondendo ao questionamento de seu professor, não, ela não estava se sentindo bem.

— Sim — foi o que ela disse, porém. — Acho que a minha pressão deve ter caído, só isso.

Savannah mal ouviu o que o Sr. Lewis disse a seguir; ela lançou um olhar intenso para Amelia, que, felizmente, pareceu entender a deixa e falou ao homem que iria acompanhar a amiga até a enfermaria. Rapidamente, as duas recolheram os seus materiais para em seguida dispararem sala afora.

ALONE TOGETHER, marvelWhere stories live. Discover now