Angústia

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Não posso mentir quanto a isso,
Sinto-me triste.

E não é uma tristeza que se explique,
Com palavras ou músicas importadas.
Com versos repetidos em poemas vazios.
Com lágrimas úmidas pingando no travesseiro.

É uma tristeza que pega os pedaços do meu coração,
Se enrola nos buracos do meu estômago,
Invade cada sulco do meu cérebro,
Como uma droga líquida, espessa,
Escorrendo pelas artérias e se multiplicando.

É como ser inundado pelo desconhecido,
Sentir-se vazio após colocar tudo pela boca.
O vazio tornando-se conceito desconexo de sentido.

Uma tristeza que acaba comigo sempre que penso nela.

Meus lábios tremem, minha garganta dói, meus olhos lacrimejam.
Minha mente fica bagunçada e me ataco em pensamentos,
Acuso-me de coisas que sei que não fiz.

Também sinto falta,
De mim,
Dele;
De coisas que nunca fiz,
Nunca tive;
Aromas que nunca senti,
Sabores que nunca provei,
Lugares onde nunca fui.

E dói.
Dói como arrancar um pedaço da própria pele,
Mesmo que esta esteja coberta por plástico derretido.

É seu, mas não faz parte de você.

A dor, a saudade, o desespero.

O amor.

Aquele amor que tenho no peito,
Por quem?
Eu vejo as sombras, os contornos,
Mas queria ver seu rosto, meu querido príncipe.
Você sempre segura a minha mão, sinto mas não vejo.
Isso também dói, de uma forma diferente,
É uma dor gostosa de sentir.

Sinto sua falta, mesmo nunca tendo te tocado,
Não nessa vida.
O que há das outras?

Me sinto sozinha, muito, muito tempo.
Vazia. Dolorida.
Às vezes, quebrada.
Desesperada.
Não sei o que fazer. Se sei, não consigo.

Tenho medo. 
Medo de me conhecer totalmente,
Porque tenho medo de mim.
Do que carrego aqui dentro.

Sigo ainda assim e aqui estou,
Sorrindo, triste, feliz por sentir.

Sentir qualquer coisa.
Antes, amor meu, eu não sentia nada.
Nem dor.

Eu só queria fugir.
De mim mesma.
De tudo.
Até ela me salvar.
Agradeça.

Ela me salvou,
Mostrou-me o outro lado da lua.
Com ela aprendi a encoleirar meus demônios.
E assim têm sido até agora.

Ainda me sinto sozinha, vazia,
Estou aprendendo.
A tristeza está aqui, 
Companheira vitalícia dos pensamentos intrusivos.
Contudo, também posso ter o doce sentimento da satisfação.

Satisfação de ter te conhecido,
Por tê-la salvado e tê-la deixado me salvar.
Este eu quebrado sendo reconstruído devagar,
Lançando fora o que não serve, guardando o que machuca.

Fique comigo, amor meu,
E ela, e o amor dela.

Preciso disso.
Apenas para,

Livro dos EspelhosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora