Episódio 01

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Optchá!

Algum tempo atrás...

― A ti entrego este anel, minha querida mãe, Pomba-gira! Em meus últimos suspiros, peço-te que incorpore neste anel e que ele seja entregue a sua filha divinal. Filha essa que você estará viva, estará forte, estarás linda, estarás sedutora, serás sempre a dona dos homens, a dona das noites, a mulher mais linda de todos os bailes e festas. Entrego-te a minha vida ago... ― a cigana acabara de morrer a espada por um soldado do império brasileiro, enquanto seu filho pequeno agonizava a espada também ao lado. As duas almas logo se foram e o tempo se fechou. Raios, relâmpagos e trovões começaram a mostrar suas forças.

Um vento forte começou e os corpos jogados ao chão se dissolveram e foram engolidos pelo chão, restando apenas o anel. O soldado assustado com o que acabara de ver, saiu correndo em direção a cavalaria. Porém, todos os cavalheiros e cavalos estavam mortos, caídos ao chão. Ao lado deles, uma bela mulher de saia rodada vermelha, os lábios pintados em vermelho, uma rosa presa ao cabelo, sapatos vermelhos e um olhar sedutor, mortal e cruel ao mesmo tempo.

― Você matou meu cavalo! Pois eu matei os seus! Você não deveria ter tocado nela! Filha de pombo gira, é filha das ruas, das estradas. É espírito livre. Minha filha não era para ser morta. Agora você pagará. ― ela pegou um punhal em sua cintura e jogou em direção ao homem.

O mesmo perfurou sua armadura e foi direto em seu coração.

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Dias atuais...

Hugo e Gabriel. Alfa e ômega, respectivamente. Um casal feliz, próspero, um relacionamento saudável. Se conheceram ainda no ensino médio, no primeiro ano.

Um era o jogador de futebol, o famoso "pegador" das garotas do colégio, enquanto Gabriel era aquele garoto tímido, estudioso, desconhecido e nem tão atraente. O velho "nerd de fanfics merdas do wattpad".

Ambos personagens já conhecidos em tantas outras histórias já vistas por aí. Porém, há algo diferente nos dois. Ambos se apaixonaram quando estavam internados por causa de um acidente de carro, quando Hugo e dois de seus amigos resolveram "sequestrar" Gabriel para dar um susto nele. Na estrada, o carro em que estavam os quatro garotos, acaba derrapando na pista e ele caem em uma ribanceira. Gabriel foi o mais ferido dentre os garotos, pois seu corpo foi arremessado para o lado de fora e bateu em uma área cheia de pedras. Traumatismo craniano, um braço quebrado e outro trincado e algumas escoriações pelo corpo. Os outros ficaram intactos, pois estavam de cinto de segurança.

No hospital, Gabriel não queria ver a cara dos meninos que fizeram isso.

Se sentia sujo. Não se sabe qual era o motivo, mas, apenas se sentira sujo.

Porque lá no fundo, mesmo que negando a si mesmo. Entre olhares discretos, lânguidos e olhares observadores rápidos, ele nutria algum sentimento quanto a Hugo. Era nítido isso. Só que, ele negava a todo custo e queria matar aquilo que crescia feito uma planta rasteira.

No hospital, a dor no peito de saber que uma simples "brincadeira" quase custou a vida de um jovem. Foi liberado no mesmo dia, porém, ficou dormindo à beira do hospital, até Gabriel ser liberado.

Cuidou do jovem, até ele se recuperar por completo. Perdeu matéria e quase perdeu o ano letivo. Os cuidados com o jovem foi moldando Hugo. O transformando num homem bom. Ele mudou o olhar do cara mais bonito da escola. Ele o transformou.

― Por que eu?

― Sei lá, Gabe. Você foi o único cara que enxergou além de um corpo. Sabe? Você olhou para dentro de mim. Por isso eu me senti atraído, cada vez mais por você.

CarmemWhere stories live. Discover now