Meu Alvo

Eu fui ao cinema com meu alvo

- Ei, devolva meus óculos! -

- Não, quatro olhos, para de tentar roubar os meus funcionários! -

- Seus? Eu estou no topo, você é meu funcionário. Me dá, eu não consigo enxergar! -

- O que houve com eles? - Eu era o único no recinto preocupado, os outros pareciam acostumados.

- Há certos eventos nesse lugar que desestabiliza a ordem natural das coisas. - Filosofou Akashi.

- Que nada, eles só estão brigando por sua causa. - Haru foi mais direto, mas não menos chocante.

  Que diabos eu fiz dessa vez?!

- A...Ayato, Ranpo, o que aconteceu? - Perguntei cautelosamente chegando perto.

Ranpo tinha marcas de tapa no rosto, mas parecia triunfante porque tinha em mãos os óculos de Ayato. Já Ayato tinha o terno desalinhado e os cabelos bagunçados, seu rosto também estava vermelho.

  Era exatamente como duas crianças.

- Hiroshi, você chegou! - Cumprimentou Ayato sorrindo.

- Não fala com ele. - Reclamou pondo a mão na frente da boca de Ayato.

- Hiroshi, ele quer te roubar daqui, toma cui... Ah, não me lambe! - Ele esfregou a mão na roupa de Ayato.

- Vocês dois... Parem de brigar. - Pedi suspirando fundo.

- Olha a idade de vocês, olha o cargo de vocês, por que continuam agindo como crianças mimadas? - Já que ninguém se preocupava, eu decidi assumir o cargo de disciplinador.

- Vamos, sem brigas, o que está acontecendo? - Pedi vendo Ranpo fazer um beicinho e Ayato cruzar os braços.

- Ele está exagerando, eu não vou roubar ninguém. -

- Ele está propondo transferir você para o setor dele. -

  Oh, uau...

- Como assim, Ayato? -

- Bem, minha segurança para eventos está de licença maternidade, então pensei em pegar emprestado um dos que tem aqui. -

- Pegar emprestado? Você acha que eles são peças? Seu monstro, você não vai tirar nenhum de mim. - Ele reclamava, mas também estava levando todos como peças.

  Entendi porque ninguém ligava. Eu também passei a não ligar e fui para minha mesa fazer o que eu era pago para fazer.

  Em algum momento, mais especificamente meia hora depois, eles se cansaram de brigar ali no corredor e Ranpo lhe chamou para tomarem um café. A essa altura já pareciam estar de bem. Eu me juntei à massa e ignorei.

  O dia passou rápido porque o trabalho era repetitivo, naquele dia eu não faria nenhuma ronda, logo me vi num andar quase completamente vazio exceto por alguns caras que já estavam finalizando seus trabalhos também.

  Hora de almoçar. Meu plano era ir logo antes que Ayato me visse, então fiz uma rápida oração aos céus e fui, mas o meu crédito com a boa vontade do universo acabou quando eu paguei a cerveja para o Ayato.

- Hiroshi, me espera. - Ele me alcançou no elevador e entrou. E pensar que por cinco segundos eu teria fugido...

  Se bem que... Eu estava evitando ele por quê?

  Ele não fez nada de errado além de me encantar e me fazer questionar meu valores morais que adquiri logo na infância... Ok, ele fez um pouco, mas não era culpa dele, minha mente que era bugada.