Quatorze: Aquele em que o Sr. Toro interfere.

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  Em um empasse de ódio puro, Gerard, mesmo que com pouco força, empurrou a mulher para longe de seu corpo. Seu cenho encontrava-se franzido e ele respirava profundamente, as lágrimas correndo por seu rosto.

-Você quer mesmo saber?! Eu não sou a porra de uma pessoa normal pelo simples fato de que você fodeu com a minha cabeça desde sempre! Você nunca me apoiou em nada, nunca demonstrou carinho por mim, era sempre a merda da suas crenças fanáticas acima de tudo, sempre foi assim! -Gerard passou as mãos pelo próprio rosto de forma agressiva.- Você me matou, Donna, você arrancou de mim uma infância normal e me abandonou na porra de um colégio interno como se isso fosse o suficiente, como se isso fosse substituir tudo o que uma mãe faz por um filho! Eu odeio tanto essa merda toda e quer saber de mais uma coisa?!

-Cale essa merda de boca, Gerard! Você não sabe como é ter que...

-Não vou me calar e você pode fazer o que quiser, pode me espancar e até mesmo me matar, eu não ligo! A verdade é que você nunca foi a minha mãe! A minha mãe de verdade está morta e uma parte de mim morreu com ela! Foi ela quem sempre me apoiou, sempre me deixou ser uma criança comum e parte das coisas que eu sei, foi ela quem me ensinou! Você, Donna, apenas me ensinou a odiar o meu corpo, a minha mente e tudo aquilo que eu mais amava. Eu sou a porra de um viado, eu sei, mas eu prefiro ser assim do que a porra de uma pessoa que é incapaz de dar amor ao fruto de si própria! Eu não tenho culpa de nada aqui, eu não te pedi para nasc....

  Gerard fora interrompido por um tapa em seu rosto e então, uma série de tapas o atingiam em todas as partes de seu corpo. Doía, doía como o inferno, porém, a pior dor era em sua alma. Era a mulher que o havia posto no mundo. As agressões só cessaram quando Mikey, acordado pelos gritos de ambos, descera as escadas tropeçando em alguns degraus, afastou Donna de seu irmão, tentando acalmá-la ao que Gerard trancava-se em seu quarto.

  O mais velho estava alterado pra caralho ao que gritava desesperado e socava os travesseiros em sua cama. Ele decidiu que não aguentaria mais nenhum minuto se quer daquela merda. Com o celular em mãos, Gerard discou o número de Ray, sabia que o cacheado o podia ajudar.

-Gerard? Sabe que horas são?! -Ouviu a voz do cacheado soar.

-Vo-você tem que me ajudar. -Disse entre soluços.- O seu pai está em casa? Preciso voltar para o colégio o mais rápido possível. Ray, por favor, me deixa falar com o seu pai!

...

  O telefone de Frank começa a vibrar ao mesmo tempo que reproduz I Love Rock 'N Roll da Joan Jett em alto volume. O garoto, que tomava seu café da tarde sozinho na cozinha, viu o nome de Ray no visor e imaginou que o cacheado o estivesse convidando para outra partida de Dungeons and Dragons, o que seria maravilhoso, para ser sincero.

-Você não sabe o que aconteceu! -Ray diz em seu tom de voz mais assustado.

-Não sei mesmo! -Frank pensou em fazer uma piadinha, mas resistiu a vontade devido ao tom do amigo.- O que foi? Eu posso ajudar você?!

-Não, não é nada comigo, é com o Gerard! Ele e a mãe tiveram uma briga feia, daí ele ligou pra mim desesperado, tipo, muito desesperado, e conversou com o meu pai. Ele voltou para o colégio, Frank. Ele ainda está muito alterado, você precisa ficar com ele porque ele não me disse nada além do necessário e eu nem sei o que dizer em uma situação dessas.

-E-eu...Olha, eu vou arrumar as minhas coisas o mais rápido que puder e chego no colégio hoje mesmo. Avise ao seu pai e obrigado por me avisar, Ray!

-Por nada, cara.

  Assim que desligou o celular, Frank subiu as escadas em direção ao seu quarto, retirando seu pijama e vestindo-se com uma calça e a blusa que usara para sair com Gerard, além de seus sapatos. Aproveitou a estadia em seu quarto para, rapidamente, arrumar suas malas.

Hig School For Bad Good Guys (Frerard, Livro 1)Where stories live. Discover now