Capítulo 12

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Asura

Enquanto caminho pelo  corredor escuto uma melodia de violino calma e relaxante, vem da sala de instrumentos do castelo.

É como se a música conseguisse me acalmar de alguma forma, só vou até lá com cautela, pois não quero que a pessoa pare.

Scarlett está tocando violino de olhos fechados e ainda assim não erra nenhuma nota,  eu quase nunca vejo ela transformada em raposa, sempre costuma andar na forma humana. Fica linda quando deixa as orelhas felpudas amostra, suas caldas também são belíssimas, conseguem se movimentar tão tranquilamente que parecem se balançar com o vento que nem existe no cômodo.

Me sento em um banco enquanto fico a olhando, é perfeita, parece não ter medos ou angústias, é forte e não deixa ninguém mandar nela. Eu invejo muito isso tudo, queria ter o controle dela, nunca mostra nada além de alegria e orgulho.

Fico preso em meus pensamentos por um tempo,
Só vejo a raposa  abrir seus olhos verdes, ela olha para mim, mas continua a música enquanto me ignora por completo.

Quando  a raposa  termina a música, fica me olhando sem falar nada por um tempo, passa por mim e vai embora.

Scarlett

Acho que estou começando a ficar paranóica ou louca, deveria estar odiando Asura por ter me prendido aqui nesse maldito castelo, mas não consigo fazer isso.

Só posso estar enlouquecendo, deve ser síndrome de Estocolmo.

Preciso sair daqui logo e voltar para minha família que provavelmente deve estar morrendo de preocupação, papai deve estar querendo matar o Asura e minha mãe deve estar morrendo de decepção por causa das ações que a família dela está tomando.

Vejo Niram entrar com uma bandeja de guloseimas, não entendo o porquê de ela estar fazendo isso, não costumam entregar bandejas de comida para mim, ainda mais de doces.

Niram —o príncipe Asura mandou entregar a você, provavelmente está preocupado por estar tão magrinha.— só ergo um pouco o olho por causa do que ela falou, basicamente me chamou de graveto ou vassoura.

—eu não preciso, não como doces.— falo pois não é mentira, sigo uma dieta muito rigorosa, por ser uma raposa meu estômago recusa tudo que não é natural,  açucar é um alimento que não posso comer, depois de adulta tive problemas muito grandes ao beber leite, meu estômago recusa tudo basicamente, menos carne, legumes e frutas. Minha mãe ficou muito triste por mim pois disse que é triste não poder comer chocolate, já estou acostumada, mas era realmente triste quando criança.

Niram —se realmente não quer tudo bem....— diz meio sem jeito, parece não querer sair com a bandeja, parece ter demorado horas para tudo ter sido preparado para só uma pessoa.

—coloco a bandeja em cima da mesa, vou ver o que posso comer.— falo pois deve ter algum doce menos perigoso para mim

Niram —certo.— diz com um sorriso, ela coloca a bandeja na mesinha do quarto e sai logo depois.

Me aproximo da bandeja e vejo uma carta alí, eu não deveria ler a carta, não quero saber do Asura, mas ele nunca saberá que eu li mesmo, irei só tacar no fogo depois.

O envelope é na cor beje, tem um símbolo da família real mostrando que ninguém a abriu ainda. Só respiro fundo e abro, tiro a carta de lá de dentro e começo a ler.

Carta

Scarlett, eu não sei como escrever uma carta e isso é sério, nunca tive motivos para isso e quando tinha outras pessoas escreviam no meu lugar.

Provavelmente não vai ler, pois vai rasgar essa carta, me odeia, consigo ver seu olhar de desprezo, nojo e pena.

Não mereço nada menos que isso, eu te sequestrei  não é mesmo? É meio tarde para pedir desculpas por isso, eu sei, vai embora amanhã, prometi deixar você ir, preciso cumprir minha palavra mesmo não querendo me afastar de você.

Eu não quero usar você, sei que o destino de colocou como minha serva, mas não te vejo assim, eu quero você ao meu lado porque me sinto bem

Minha vida não é perfeita, acho que notou isso enquanto estava aqui. Vai me esquecer na primeira semana longe daqui tenho certeza, mas sempre terá um lugar ao meu lado.

(Assinado: Asura)

Termino de ler e logo jogo a carta no fogo, não vou construir sentimentos por alguém que me prendeu em um castelo, pode ter sido gentil comigo enquanto estava aqui, mas prefiro me afastar.

Fico olhando as várias trufas, morangos e pudins, vou comer só as frutas e devolver a bandeja as empregadas, não estou afim de passar mal hoje.
(...)

Vou para a sala de estar pegar um livro até ouvir um estrondo muito alto, corro na direção do som, pois estou sentindo um aperto forte no peito. Quando chego na entrada do castelo vejo  Asura machucado e Dantalion também, só vejo o causador disso ao olhar mais para frente e ver meu pai ali, o olhar dele só mostra ódio.

Fico sem palavras quando ele consegue  jogar o rei do inferno contra a parede, o poder do meu pai parece estar o pressionando, mas o rei parece estar mantendo a calma para não lutar de verdade se não o castelo inteiro cai a baixo, são os dois mais forte, não acho que Lion seja mais fraco, ele esconde quem realmente é desde que se casou.

Meu coração só dispara quando vejo Dagon ir na direção do meu destinado(mestre) com ódio no olhar, parece que vai matar ele.

Só fico na frente do meu pai o impedindo de chegar no moreno, estou aflita por dentro mas meu olhar está firme.

—pai, eu tô bem, ele não fez absolutamente nada comigo. Pare, tudo que você faz com ele sentirei também, vai estar me punindo junto.— falo e vejo que ele começa a se acalmar, mas ainda parece querer matar o Asura.

Dagon —Lion, é melhor deixar seu filho bem longe da Scarlett se não eu mesmo destruo tudo que construiu.— diz segurando meu braço e me puxando dali, só olho para o estrago que meu pai fez na frente do castelo.

Meu olhar acaba indo para  Asura que está me olhando, parece estar se controlando para não ir para cima do meu pai, não quer me deixar ir...

Só respiro fundo e aceito a situação, eu sabia que isso ia acontecer quando Asura me sequestrou.

Meu Mestre, Meu ProblemaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora