- Vítor - Yibo levantou a mão, interrompendo-o. - Por favor... Pare de falar.

Caminhou até o seu quarto, tirando suas roupas que adornava seu corpo. Pegou o primeiro pijama que viu pela frente, um conjunto de short e blusa o vestindo rapidamente. Embrenhou-se debaixo do edredom logo em seguida, algum canto da sua mente pedindo para que Vitor houvesse desistido de conversar e voltado para o seu próprio apartamento. Foi com um murmúrio de irritação que ouviu os passos característicos do mais novo entrando no quarto.

- Dá para você parar de querer ser autossuficiente por apenas um momento? Dê só uma olhadinha e uma vez na vida orgulhe-se do meu trabalho! - Vitor se conteve quando viu Yibo já debaixo do edredom.

- Yibo - Sua voz continha um tom preocupado. - O que aconteceu?

- Cara... você não tem ideia do quanto eu quero te enforcar agora! - Yibo apontou o dedo indicador na direção dele .- Tenho uma intuição de que você não deseja isso. Então, para o seu próprio bem, recomendo que primeiro, você suma do meu quarto e, segundo, que dê o fim nessa pasta.

- O que foi que saiu errado?

Yibo grunhiu, remexendo-se nos lençóis. Não era possível.

- O que ele fez para você? - Ele perguntou, as mãos na cintura, levemente enraivecido. No entanto, havia algo em seus olhos que a raiva não conseguia mascarar. Yibo reconheceu aquilo como culpa.

- Fala porra, se eu vou mata essa cara ! Você é uma espécie de irmão mais velho para mim! Eu sei quando você quer me ocultar as coisas!

Assim como eu, pensou Yibo, mas não detinha forças necessárias para tirar de Vitor o que quer que ele estivesse escondendo. Suspirou, resignado, encostando-se à cabeceira da cama. Refletiu como sempre acabava contando tudo para ele

- Ele arruinou com a minha missão. Provavelmente a missão mais patética a qual eu já fui designado. - Algo fervilhou nos olhos sempre tão frios. - Eu errei. Agora vai la mata ele. Boa noite.

Vitor balançou a cabeça, inteirando-se do que se passava no interior do mais velho. Conteve a língua afiada com uma piadinha sobre o fato, pronta para ser proferida. Vitor conhecia Yibo , talvez melhor que o própria e, sabia que naquele momento, ele não aguentaria qualquer comentário sarcástico. Passou então, para o outro tópico em sua cabeça.

- Que que eu mate ele mesmo... - Instigou Yibo a continuar.

- Ele me beijou. - Ele cuspiu, com as feições levemente contorcidas.

- Oh! - Vitor levou a mão aos lábios, querendo suprimir um sorriso, que logo cedeu lugar para uma expressão preocupada. - E você... sentiu alguma coida?

- Senti. - Os olhos de Vitor se iluminaram com a confissão. - Ódio!

Vitor suspirou, cruzando as pernas em cima da cama de casal.

- Diga-me algo que eu não saiba! - Retrucou, ironicamente. A pergunta muda nas entrelinhas do ditado retórico.

Yibo bufou pela milionésima vez naquela noite e dando se por vencido meneou levemente a cabeça.

- Caralho! - Vitor gritou, saltando da cama e andando em círculos pelo quarto. - Minha teoria estava certa! Eu estava certo o tempo todo! Isso é maravilhoso, Yibo! Eu disse! Você só não sentia nada porque era obrigado cara!

- Mas de certo modo, eu fui obrigado! - Yibo exasperou-se. A ideia de que beijara Xiao Zhan porque gostaria de fazê-lo, simplesmente o nauseava. - Ele não me deixou muita escolha!

- Pare de ser tão dramático! - Vitor revirou os olhos grandes para a acidez presente na voz de Yibo. - O que aconteceu depois?

- Eu avisei para fica longe de mim do contrário o mataria- um rápido sorriso habitou nos lábios do Yibo.

- Você não fez! - Vitor disse, ressentido

- Vitor...

- Você não pode sair por ai ameaçando as pessoas de morte! Ah, é! Você pode - ironizou -, mas isso não significa que deva!

Yibo olhou por um longo momento o homem que praticamente crescera ao seu lado. Bem no fundo, Yibo admirava o Vitor por sempre tentar ser um tipo de consciência para ele.

- Se não percebeu, não estou com ânimo para conversar sobre esse, ou qualquer outro assunto. Pretendo dormir e sugiro que você faça o mesmo! - Yibo informou, virando-se de lado e fechando os olhos.

- Claro! - Vitor falou, fechando com força desnecessária a porta do quarto. Por fim a porta da frente bateu e tudo ficou em silêncio.

Yibo abaixou a guarda lentamente, deixando seu corpo relaxar e proibindo-se de pensar em qualquer assunto. Um leve torpor começou a tomar conta de seu ser, e quando estava quase caindo no sono, um barulho vindo do aparelho telefônico a despertou. Ignorar qualquer que fosse a mensagem recebida era tentador. Mas Yibo aprendera há muito tempo que não se pode ignorar nada no mundo em qual vive.

Fisgou o aparelho e acessou as suas mensagens, mesmo não reconhecendo o número. Tratava-se de um nome de um estabelecimento, seu respectivo endereço e um horário.

Yibo não precisou de mais informações para saber do aquilo se tratava ou quem enviara a mensagem. Fechou os olhos fortemente. Até o número de seu celular ele já sabia.

Foi necessário todo o autocontrole adquirido durante os anos para que Yibo não arremessasse o aparelho contra a parede branca de seu quarto.

Com menos de 48 horas o Agente Xiao Zhan tinha entrado em sua vida e recusava-se a sair dela, como uma praga difícil de exterminar.

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