I don't wanna you go

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- Tá tudo bem? - Perguntei pra Alice. Como eu não podia nem descer as escadas, estava dormindo na sala de estar. E estávamos vendo filme.

- Tá.

- Achei você estranha no hospital.

- É que... Eu to pensando em uma coisa.

- E o que seria?

- Não quero mais ir na psicóloga. Mas minha mãe não quer que eu pare o tratamento. Ela quer que eu vá até o fim.

- Fala com ela.

- Já falei.

- Quer que eu fale com ela?

- Não precisa.

- Já que eu não posso mais treinar, vou em todas as consultas com você, então. Aí depois vamos no Mc Donald's.

- Até o fim do mês eu não vou mais andar. Vou rolando pros lugares.

- Exagerada. Mas... Aceita?

- Claro. Você que vai pagar.

- Ah... Então você quer me ver vendendo até as calças pra pagar dívida? - Alice rolou os olhos.

- Exagerado.

- Minha mãe vai falar com o treinador amanhã cedo. E se eu não for pra faculdade, Alice?

- Como assim "se eu não for pra faculdade"? Tá pensando que vou te sustentar pra sempre? - Lá vem... Não sabe nem a metade da história e quer dar opinião.

- To com a perna quebrada, se você não percebeu. Não posso jogar desse jeito.

- Se as suas notas fossem boas, não teria esse desespero no final do seu ultimo semestre na escola. - Vi de canto de olho que a Alice revirou os olhos disfarçadamente.

- Se não tivesse gente enchendo o saco, também não.

- Tá folgado demais pro meu gosto. Tá achando que é quem, moleque? - O telefone começou a tocar. Meu pai atendeu e logo depois jogou no meu colo, saindo da sala.

- Alo?

- Filho, to passando pra te pegar. Achamos melhor você ficar aqui enquanto estiver com a perna quebrada. Sabemos que seu pai vai implicar com você.

- "Achamos"? "Sabemos"?

- Eu e o Paul.

- Ah... O cara lá. - Falei revirando os olhos. Minha mãe riu.

- Você é tão bonitinho com ciúmes.

- Mãe!

- Tá, tá. To saindo daqui. Daqui a pouco chego.

- Tá. Até daqui a pouco. - Desliguei. - Aquele cara já foi morar com a minha mãe.

- Ele pareceu ser legal. E trata você bem.

- É... Menos mal. Agora eu tenho que subir pra arrumar minhas coisas.

- Vai passar a noite lá?

- Até minha perna melhorar. - Alice fez bico.

- E minhas escapadas de noite? - Ri.

- Não é tão longe daqui.

- Ah, claro. Vou de pijama até o outro lado da cidade.

- Não. Iam mexer com você.

- Você acha? - Ri de novo e puxei ela pro meu colo.

- Para de drama. Vou te ver toda manhã.

She Will Be LovedOnde histórias criam vida. Descubra agora