- Podemos voltar para o assunto de ori... - Xiao encostou sua mão na pele desnuda e branca do pescoço quase soltando um murmúrio de satisfação. Nunca desejou tanto tocar alguém como desejava tocá-lo.

Sentiu o corpo do Yibo se endurecer e, sem retirar a sua mão, colocou o seu corpo ao lado do dele, onde poderia ver o seu rosto.

A voz de Yibo simplesmente sumira quando ele sentiu a mão grande espalmada no final de sua coluna. O toque gerou um calafrio que subiu por sua espinha e visitou todos os lugares de seu corpo. Suas pernas bambearam e, por um momento, ele agradeceu por segurar tão firmemente a grade da varanda com sua mão.

Fechou os olhos por alguns instantes e praguejou mentalmente. Sabia muito bem a quem pertencia a mão. Só uma pessoa era capaz de fazer aquilo com o seu corpo.

Agente Xiao Zhan.

Olhou para o seu lado esquerdo e, imediatamente, foi dragado. Uma sorriso presunçoso se formou nos lábios de Xiao como se desafiasse o homem a dizer algo, mas ele ainda não tinha encontrado sua fala. O homem roçou o polegar na pele acariciando-o, num lembrete de que sua mão continuava no local.

Como se as costas do Yibo não estivessem em chamas desde o momento em que ele a tocara.

- Yibo?- A voz masculina surgiu do telefone, impaciente, desfazendo a bolha em que os dois se encontravam. Algo cresceu dentro do peito do Xiao quando percebeu que era com um homem que Yibo utilizava o tom respeitoso. Preferiu deduzir, no entanto, que se tratava de seu tio.

- Conversamos amanhã, tenho um trabalho para concluir. - Yibo desligou sem esperar por uma resposta. Olhou novamente para o agente e suspirou profundamente, tentando organizar os pensamentos.

Se ao menos ele retirasse aquela maldita mão.

Xiao não soube calcular o quanto se divertia vendo o desconforto dele. Apesar dos olhos ainda apresentarem a frieza habitual, ele sabia que aquilo era mantido com muito custo pelo Yibo.

- Que porra você está fazendo aqui, Federal? - As palavras eram ferinas, mas tudo o que Xiao pensou foi em como aquela boca parecia ainda mais atrativa com Yibo falando daquele jeito sujo.

Ele riu, passando a mão pelos cabelos.

- Aqui fora? Decidi tomar um ar... Percebeu como é abafado lá dentro? - Xiao disse, bebericando um pouco do seu champanhe.

- Não me teste, - Yibo sibilou lentamente. Em resposta, Xiao o puxou para mais perto dele, fazendo com que se encarassem frente a frente.

- O que vai fazer, Yibo? - O hálito do homem bateu contra o rosto do mafioso, quase o inebriando. - Vai me dar um tiro? Ou seria mais apropriado me ferir com uma faca?

Yibo o encarou por um longo momento, travando uma luta silenciosa. Desvencilhou-se por fim do toque do homem e já ia fazer o caminho de volta para o salão quando a voz máscula o parou.

- Quem é o seu alvo essa noite?

Yibo olhou o agente de lado com as mãos no bolso da calça.

- Não é da sua conta. Volte de onde você saiu - Preparou-se para voltar mais uma vez ao seu caminho quando a mão do agente prendeu o seu braço.

- Eu quero saber, Yibo. Caso contrário, você ficará preso aqui, a noite inteira.

- Ficarei preso? E posso saber como como vai faze isso? - Yibo retrucou, mordaz. Xiao riu sem humor, apertando ainda mais o braço de Yibo.

- Não me desafie a fazer uma coisa que eu teria muito prazer em executar, Yibo. - Xiao olhou fundo nos olhos frios do homem a sua frente, e ele não teve mais dúvidas, ele o faria.

Por um momento surgiu uma vontade de desafiá-lo, de descobrir como ele de fato o "prenderia" ao seu lado. Mas tinha uma missão naquela noite. Nunca falhara e não deixaria que isso começasse a acontecer graças ao agente. A máfia e seus interesses sempre viriam em primeiro lugar.

- Brena - respondeu por fim, com má vontade, sentindo o aperto em seu braço afrouxar, mas não sumir por completo.

- George? - Xiao inquiriu.

- Thomas. - Yibo soltou um suspiro cansando.

- A filha - ele concluiu, recebendo um aceno de cabeça de Yibo. O que a máfia poderia querer com a filha do Barclay? Ele acordou das suas perguntas internas quando sentiu Yibo se desvencilhando de seu aperto. Mas ele ainda permaneceu à sua frente.

- O que quer com ela?

A risada que ele soltou fez com que Xiao, pela primeira vez, tivesse a real consciência de que Yibo era extremamente perigoso.

- Não se meta, Agente. E não me atrapalhe. - Os olhos dele estavam carregados de verdade. - Não me dê mais um motivo para me arrepender da bala que eu não coloquei na sua cabeça, no porto.

Dizendo essas palavras, Yibo simplesmente voltou ao salão, indo diretamente até o seu alvo. Brena Barclay. Xiao observou que ele sorria para ela como se fosse um menino bem-criado e quisesse realmente sorrir.

Barclay estava na mão dele, concluiu.
Vários minutos se passaram, mas seus olhos jamais deixaram o casal. Ao contrário de Yibo, que não olhou uma única vez para ele. Conhecia o bastante do Yibo para saber que era focado no que fazia. Mas talvez ele apenas quisesse ignorá-lo.

Depois de vários outros minutos de uma conversa aparentemente cordial, Brena o puxou para dançar, o que ele aceitou prontamente, com um sorriso que representava felicidade no rosto.

- Ótimo ator - Xiao murmurou, fisgando e bebendo mais uma taça de champanhe gentilmente oferecida pelo garçom que ali passava.

Teve vontade de socar algo ao ver Brena colocar uma mão nas costas de Yibo. Estudou o rosto do homem atentamente, procurando por qualquer coisa que denunciasse que aquele toque o afetava, mas viu apenas as feições educadas, o que fez com que ele relaxasse um pouco, apesar de ter vontade de sair do seu lugar e tirar a mulher dos braços do Yibo. Parecia extremamente errado que ela possuísse as mãos em cima do corpo dele.

Soltou um longo suspiro, lutando para controlar os seus pensamentos. Não deveria se importar com quem tocava ou não aquele filho da mãe. Era inegável que o desejava, mas isso não justificava querer quebrar os dentes da garota só porque a pobre coitada dançava com ele. Mas Yibo não ajudava.

Agora Yibo enrolava seus dedos no cabelo da Barclay. Xiao nunca havia sentido os dedos dele em seu próprio cabelo, e era inaceitável que aquele merdinha pudesse saber como era aquele toque.

A fúria assassina que percorreu o seu corpo só aumentou quando viu Yibo sussurrando algo no ouvido da garota, fazendo com que ela parasse de dançar por um momento. Pegou a mão de Yibo, conduzindo-o em direção à imensa escada, no canto do salão.

Em direção aos quartos, Xiao concluiu, sombriamente.

Network of SecretsWhere stories live. Discover now