Talvez... Não, não era possível.

De qualquer forma, era hora de acabar com aquilo.

Pisou fundo no acelerador, passando ao lado do carro prata do cientista. Ganhou a atenção do motorista, que freou bruscamente quando Yibo girou o volante para o lado esquerdo, impedindo sua passagem.

Ele saiu do carro, caminhando decididamente em direção ao homem que havia interceptado. Ele, que exclamava impropérios pelo acontecido, calou-se no instante em que Yibo retirou de trás de si a arma que carregava no cós da calça.

Ele parou em frente à janela do cientista e bateu nela com a arma. O homem sobressaltou-se, e quase foi parar no assento ao lado.

Idiota.

A-bra ― gesticulou Yibo, pausadamente, sem emitir som algum, e apontou com a arma para onde deveria estar a tranca da porta. Se soubesse rezar, o faria apenas para que aquele homem não apresentasse resistência. O que ele mais queria era chegar em casa, logo.

― É blindado! ― o cientista advertiu com as mãos levantadas. Yibo imaginou como ele poderia ser mais patético.

Ele levantou uma de suas sobrancelhas e balançou a cabeça afirmativamente. A arma que empunhava disparou um tiro certeiro na janela da porta traseira, que se espatifou em pedacinhos. Voltou sua atenção para o homem, num olhar duro e penetrante.

― Claro que é, professor Fischer. Agora, destranque o carro, por favor.

Assim que a porta estava destrancada, Yibo abriu-a rapidamente e colocou sua cabeça para dentro do veículo.

― A maleta, professor.

Os olhos acinzentados do homem se arregalaram, as sobrancelhas se arquearam segundos depois, como se ele nunca tivesse ouvido falar naquilo antes. Ele tentaria negar, constatou, Yibo, tristemente.

― Eu não sei... Não sei do que o senhor está falan...

Yibo apertou o cano de sua arma contra o peito do professor Fischer, poupando a si mesmo de qualquer negação estapafúrdia que ele porventura daria. Suspirou uma vez, impaciente. Ele realmente detestava idiotas.

― Talvez tenha que perguntar sobre ela para as pequenas Annie e Caty. ― Olhou friamente para o homem, que tinha perdido a coloração do rosto. Era impressionante a capacidade do ser humano de sucumbir a chantagens quando estas envolviam o bem-estar de um ente querido. Até o mais terrível dos criminosos, no fundo, tem alguém por quem nutre um carinho especial, como uma mãezinha em um canto qualquer.

Criar laços com alguém é como criar pontos fracos. Quem, em sã consciência, criaria um calcanhar de Aquiles para si?

As mãos, já manchadas pela idade, dirigiram-se para debaixo do banco do carro, e voltaram com a maleta preta, que Yibo pegou de pronto. Ele preparava-se para fechar a porta do carro sem maiores informações, quando uma bala passou a centímetros de seu ouvido esquerdo. Abaixou-se rapidamente no mesmo instante, olhando pela janela da porta aberta.

Merda!

Pelo passeio, com uma mão na direção da moto e a outra empunhando uma arma, vinha o homem que ele pensava ser apenas fruto de seu imaginário.

Ele sabia!

Yibo deitou, rolando para debaixo do carro, momentos antes do seu perseguidor passar ao seu lado, pelo passeio. Olhou as rodas de seu carro, que bloqueavam a passagem logo à frente e, sabendo ser a sua única chance, arrastou-se pelo chão, saindo de debaixo do veículo e correndo para o seu próprio.

Olhou por cima do ombro, e o motoqueiro já estava novamente vindo em sua direção. Ele também teve uma intuição de que não era o único que estava atrás daquela maleta, constatou Yibo, mas diferente dele, o cara levou sua intuição a sério. Quase fez uma careta quando percebeu que ele, por um momento, o tinha enganado.

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