De madrugada sem sono, fui para a cozinha. Aquela geleia de maçã que tinha feito, a casa usou no café da manhã com torradas, ficou excelente.
Peguei alguns ingredientes para massa doce e chocolate.
Juntei as coisas num pote e misturei até ficar impossível de mexer com uma colher.
Tirei do pote e passei farinha na bancada para esticar a massa.
Sovei ela até ficar bem fofinha.
Derreti chocolate em banho Maria, fiz pequeno cones com a massa e coloquei para assar.
Quando ficou dourado na parte de cima tirei e recheei com o chocolate.

Enquanto fazia isso, sombras vieram até minha nuca. Não havia sinal de Azriel por perto.
Estiquei a mão até aquelas sombras e com as pontas dos dedos toquei. Elas se envolveram em minhas mãos, como se brincassem com meus dedos. Elas foram embora depois e eu respirei fundo.
Porque não dou mais chances a ele de se aproximar?

Semanas se passaram e nada de Rhysand me levar até os tesouros, mas estava tudo bem. Nada de reis malucos por enquanto e eu ainda treino com Nestha e Cassian se manhã. Meu escudo mental fica levantado sempre, mas também não tive mais palavras de Rhys.
Eu desci para a sala de jantar e Azriel estava lá, ele tem ficado bem sumido dês de que suas sombras apareceram para mim na cozinha.
_ Olá_ disse sorrindo.
_ Oi, como está?_ respondeu.
_ Bem!
_ Eu tenho uma tarefa com você hoje._ ele disse, eu levantei as sobrancelhas e ele continuou._ Vou te ensinar a atravessar.
_ E como pretende fazer isso?
_ Vamos começar por baixo. Hoje quero que você atravesse algum objeto até mim._ ele deu um pequeno sorriso._ Mas é claro que antes você vai treinar.

Fomos para o ringue em silêncio, ele foi guiar as sacerdotisas e eu fiquei com Cassian.
Treinamos passos de adagas e enumeramos todos, ele passaria esse plano para as mulheres mais pra frente. Acabou que planejamos uma aula juntos.
Era tão legal ver elas treinando, juntas e sem parar, era uma espécie de terapia para elas, foi um projeto de Nestha para as sacerdotisas canalizarem seus traumas e esfriarem a cabeça com o treino como ela fez. Gwyn foi a primeira a se juntar no ringue com Cassian e Nestha, logo depois Emerie e as outras foram chegando. Em um piscar de olhos já tinham um grupo grande demais para o general dar conta sozinho e Azriel se juntou para ajudar.
Nestha e suas amigas fizeram as Valquírias se reerguerem.

Olhei em volta e vi Azriel com Gwyn, ele estava treinando ela de perto, eles riam muito, aquela mulher transmite uma sensação muito tranquila, embora no fundo dos olhos eu vejo que carrega uma culpa grande.
_ Eglantiny!_ Nestha chamou minha atenção_ O que acha da gente ir para o ringue e ter uma partida com as espadas?
Eu dei um sorriso de canto.
_ Vamos! Você vai poder provar do meu aço._ ela riu alto e seguiu para a marcação.

Ela se posicionava muito bem. Cassian se aproximou para assistir e torceu para a parceira.
Ela deu o primeiro ataque e eu reconheci o movimento na hora, Cassian tinha ensinado ela muito bem, não deu tempo de bloquear. Com a bochecha cortada voltei a posição muito puta, meu ferro foi levantado e fui com tudo para cima daquela mulher, ela bloqueou os primeiros golpes, até que se cansou e diminuiu a velocidade e eu pude dar o último ataque, ela caiu e começamos de novo.
Ela entendeu minha estratégia de dar ataques lentos o suficiente para ela bloquear, então podia usar de novo. Nestha estava tão puta quanto eu, mesmo sendo apenas um treino, não íamos nos machucar, mas estavamos dando praticamente tudo de nós.
Nossa lâminas faziam um barulho alto quando se encostavam. Essa partida durou muito até que ela deu uma volta na minha espada e me derrubou com o cotovelo. De volta as posições usei movimentos que minha mãe me ensinou, com os braços leves fui girando as espada até encostar Nestha na parede e enfiar a espada na parede. Ela perdeu mais uma.
Antes que percebesse estávamos no meio do ringue novamente e Nestha estava praticamente dançando comigo, girando e girando, aquele round durou muito até ela perder a posição e eu achar uma brecha para eu apunhalar seu ventre mas parei antes da ponta da lâmina chegar em sua pele. Os olhos dela estavam arregalados, quase assustada, mas estava mais eufórica do que qualquer coisa. Adoro o combate por isso, a adrenalina.
Ela me deu um sorriso largo e eu guardei a espada. Apertei sua mão e sorri também, Cassian parecia orgulhoso da parceira mesmo assim.
_ Você é uma estrategista!_ disse Nestha enquanto voltamos juntas para casa.

Encontrei Azriel na varanda, nós íamos começar a tentar atravessar, isso significava que minha volta para casa estava ficando mais próxima.
_ Eu tenho a impressão de que você vai me carregar voando até lá embaixo._ falei olhando para ele, que fez uma cara de dó. Íamos para a casa de Rhysand e Feyre já que aqui não é o melhor lugar para isso e lá é mais calmo do que a rua e mais seguro que o ringue
_ Melhor do que atravessar e você ficar querendo vomitar.
_ Mas se a gente atravessar vai ser tipo um início de aula. Não acha melhor?_ eu tentava fugir mas não ia conseguir ir até lá sozinha ou voando já que não sabia onde ficava a residência dos senhores.
_ Prefiro que você poupe estômago para a aula.
_ Vai ser tão ruim assim?_ perguntei desacreditada.
_ Não.
_ Mentiroso_ ele riu.                                                                                                                                                               

Aterrissamos de frente com a casa dos Grãos-senhores e realmente, voar foi mais tranquilo. E estar nos braços de Azriel me deu uma sensação de segurança.
Entramos um antes de começar e Rhys nós recebeu. Feyre estava com Nyx no colo, Azriel foi cumprimentar o neném que olhava para ele sorrindo e eu nunca segurei um bebê no colo.
_ Como vai, Eglantiny?_ Feyre perguntou.
_ Bem!_ sorri_ E você?
_ Cansada! Mas ótima!
Ela olhou seu filho e deu pra ver o cansaço, mas também o orgulho.
_ Quer segurar?_ Feyre perguntou e é claro que eu aceitei. Ele era tão pequeno e tão lindo, ria de tudo. Ele segurou meu dedo quando envolvi nos meus braços, eu ri tanto com ele. Azriel me observava atento, sentia uma admiração em seus olhos.
_Vamos começar, Eglantiny?_ disse sim com a cabeça e segui ele para o quintal de frente com o rio. Queria ter ficado com o pequeno Nyx mais um pouco.

_Certo! Quero que pegue isso e transporte para o outro lado da grama._ ele me mostrou um coldre preto._ Ele é seu se conseguir.
_ Pra mim?
_ Sim! Você pode tentar usar um de seus feitiços, vamos explorar todas nossas opções para te levar pra casa, podemos até misturar nossas maneiras de transporte.
O puto comprou um coldre com vários tipos de compartimentos para armas. Agora eu poderia andar com todas, fiquei muito feliz.
Tirei meu cetro das costas e peguei o coldre da mão dele, a ponta do cetro brilhou mas o coldre não sumiu. Tentei outros feitiços e ele pulou da minha mão, pude ver o mesmo caindo um pouco para trás do espião, ele pulou do ar. Azriel foi buscar.
_ Não foi longe o suficiente.
_ Mas eu transportei ele._ respondi sem entender.
_ Vamos imaginar que o coldre é você, se você se transportasse e caísse daquela altura que fez o coldre cair, ia no mínimo quebrar o pulso.
_ Ok_ revirei os olhos.
_ Vamos tentar da minha maneira_ ele sugeriu_ Para atravessar, você precisa imaginar para onde quer ir, concentre sua magia naquele lugar, agora imagine e use a magia para levar você até lá.
Obedeci, o coldre foi parar longe e caiu de uma altura razoável.
Eu gargalhei alto quando vi a cena. Azriel foi buscar de novo.
_ Muito bom! _ voltou sorrindo._ Agora faça o mesmo com seu corpo.
Ele me entregou o coldre e eu vesti na cintura. Quando chegar em casa vou encher ele de bugigangas.
_ Mova-se, Eglantiny!_ ordenou.

Ficamos tentando o dia todo. E eu só falhava e ficava puta de não conseguir.
Uma hora ele se sentou no chão e como a pessoa mais paciente do mundo esperou eu tentar de novo.
Uma hora eu quis tentar com o cetro e apenas ele. Consegui de primeira e avancei alguns metros. Mas pensei que se eu juntasse a maneira de Azriel com a minha conseguiria ir mais longe.
Tentei mais duas vezes, na segunda quase deu certo.
_ Acalme-se, Eglantiny! Tudo no seu tempo.

Tentei mais uma vez. Visualizei para onde queria ir, me imaginei lá e usei a magia para ir e ao mesmo tempo falei o feitiço.
Foi como um vento extremamente forte, como se estivesse caindo do céu. Em segundos eu senti água fria nas costas, eu consegui me transportar, mas cai dentro do rio em frente a casa, água espirrou para todos os lados com a queda. Quando boiei de volta, Azriel estava vindo até mim e eu caí na risada, zombando da minha proeza enquanto o encantador estava preocupado.
_ HAHAHAHA, EU CONSEGUI! Você me viu caindo?
_ Você está bem?_ ele perguntou preocupado.
_ Estou bem!_ respondi tirando meus cabelos pretos grudados do rosto e ri mais um pouco.
_ Você conseguiu!_ ele disse quando chegou até mim._ Só precisa de mais precisão, mas por hoje está bom!                                                                                                                                                                          Ele estava  bem perto de mim, prendi a respiração involuntariamente quando o moreno deu um sorrido maravilhoso com os dentes, sua presença me deixava confortável mas seu sorriso, fez eu me perder inteira e só encontrar ele em minha mente.

_ Certo!_ eu me recompus e não conseguia parar de sorrir_ Estou com frio, vamos sair daqui.
Ele pegou na minha mão e saímos da água pingando.








Corte de Amor e Caos - AzrielDonde viven las historias. Descúbrelo ahora