Olá Mestre Ishtar

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A mulher de cabelos rubros sorri. Mãos morenas passeam por sua nuca e delizam com suavidade sobre a cascata vermelha cintilante. Marik a beija no pescoço, ombro, maçã do rosto... a pele alva convidativa o provoca a experimentar mais, a se atrever mais, ambos sozinhos no quarto, sozinhos em casa, o tempo parecia ter parado. A roupa roxa e curta da mulher é amassada e repuxada por mãos cada vez mais nervosas.

Ela, que estava aproveitando o momento de olhos fechados, os abre bem devagar ao perceber a ausência das carícias.

- Algum problema...?

- Isso... é...

- Vou entender se...

- Se eu não quiser? Eu quero mas... machuquei você... tanto, tanto...

- Mas eu sei que não foi você. Até quando vai se culpar por algo que não podia impedir? Veja. Não há mais dor, ninguém morreu. Talvez só você... saia dessa cova.

- Daisy...

- Hm... - ela o belisca na lateral da barriga.

- Aaai! Por que fez isso?

- Deveria ter me ligado. Te deixei um número para contato mas você apenas ignorou. E ainda diz que queria muito saber quem tinha te enviado a carta.

- Foi mal. Estava mal demais para ir atrás...

Marik está sentado na borda da cama e a sua mais nova recém chegada ao seu quarto está sentada em seu colo. Ele a aperta e morde os lábios. Cada segundo surreal eles se observam e se sentem cada vez mais atraídos.

Marik desabotoa vagarosamente cada um dos dez botões que estão fechando a blusa curta e colada da mulher. No último botão, faz questão de encarar as esmeraldas dos olhos da beleza encarnada, com um leve aceno ela consente o ato. A peça foi descartada, em seguida, a saia também ganha o chão. Marik permite que ela o ajude a se despir. Mais roupas cobrem o chão.

A moça acaricia peito e abdômen do egípcio, ele deita lentamente na cama. Entre beijos e carícias, a tarde parecia ter mais horas e em todas as horas da tarde e da noite, o prazer reinou naquele quarto.

♤♤♤

Uma semana antes...

Um acidente de moto rende uma interdição da melhor pista para recreação disponível da cidade. Frustrado mas não tão desanimado como nas primeiras semanas que recebeu uma carta sem remetente claro, Marik suspira terno e se põe a voltar para a sua mais nova aquisição de duas rodas: Lady Death.

- Olha só quem eu encontrei por aqui...

Essa voz... tão familiar, tão causadora de arrepios... nos flasbacks mais sombrios da madrugada... Marik se vira de forma lenta e temerosa. A silhueta da beldade logo ganha a sua visão, sim, é ela, Daisy Blair, a mais atraente e famosa Hare Hunter que ele já teve o prazer de recrutar.

Ela dá um meio sorriso, coloca as mãos na cintura e logo presenteia o loiro platinado com mais de sua voz.

- Não me diga que veio usar a pista também?

- É... eu ia. - Marik deixa cair os braços ao lado do corpo. Estava tenso e tudo que queria fazer era relaxar na pista mas infelizmente não podia.

- Relaxa. As outras pistas não são boas mas é melhor do que ficar parado.

- Está indo para a pista 3?

- Sim. O que está esperando?

- Acho que vou para casa...

- Ah sem essa! Vamos logo.

Ela o guia para o caminho que os levará a outra pista, colocando a delicada mão, tão perfumada quanto o restante do corpo, sobre o ombro do que ela já considera um amigo a muito tempo.

Marik engole em seco. As cenas de um passado não tão distante vão se tornando vívidas diante de seus olhos. Daisy gritando. Daisy clamando por socorro. Daisy dentro de uma sala fechada sem janelas testando Rá falso e sendo castigada por insetos, muitos insetos. Marik queria sacudir a cabeça. Estava se sentido enojado. Queria pedir, talvez até mesmo gritar para ela se afastar, que aquele toque, antes aconchegante agora causador de dor, estava piorando sua crise. Ele não queria vê-la, ele não queria falar com ela, ele não queria seu toque e nem tocá-la.

Mas ele precisava. E como precisava.

- Parece muito animada em me ver.

Marik disse trêmulo. Iria disfarçar seu desconforto o máximo que pudesse.

- Ah e qual o problema? Quer duelar depois? Estou farta de enfrentar duelistas de quinta!

- Daisy. Para aí. Isso... isso tudo ainda é muito difícil para mim. Não pode ter esquecido de tudo. Isso é coisa da Ishizu, não é? A minha irmã te mandou aqui, não foi?

- Ai ai... - Daisy fecha os olhos e respira fundo. Quando volta a fitar Marik... ela parece mais cheia de vida - ignorou o que eu disse no bilhete? "Nunca esqueça que mesmo no dia mais escuro, acima das nuvens o sol nunca parou de brilhar. Nenhuma nuvem é eterna."

- Espera... então...

- Sim. Sou eu.

♤♤♤

Daisy e Marik estão acomodados em uma mesa de uma lanchonete que fica próximo as pistas de motocross. Marik diz num suspiro:

- Eu ainda não estou acreditando nisso...

- Demorou um pouco para perceber. Mas foi assustador para mim também.

- Nossa... isso só pode ser mais um sonho louco... tem que ser. Ei! Aonde vai?

- Te dar um tempo para processar tudo. Vou para o meu trabalho, futuras motos de duelo precisam de minha contribuição para se tornarem realidade.

- Es... espera, Daisy! Eu vou com você!

Com a ajuda da última Ghoul, o último guardião Ishtar vai se livrando da dor que ainda assola o seu coração.

O Voo do Dragão Alado de RáWhere stories live. Discover now