É isso que o amor faz

Capítulo 1 - Manhã de setembro

09:45 / September, Nova York

   Mais um dia em que eu preciso me por de pé e encarar as coisas la fora, confesso que em alguns dias isso não é nada fácil mas ainda sim eu preciso me manter forte. Foram anos fazendo o melhor que pude para alcançar alguns dos meus objetivos, fiz o possível para que eu pudesse ser uma pessoa cada vez melhor, fui me reerguendo todos os dias e finalmente estou podendo aproveitar um pouco mais da vida. Apesar das coisas não serem fáceis, eu estou aprendendo a lidar com elas, prometi pra mim mesma que não deixaria que chegasse aquele ponto novamente e é exatamente isso que estou fazendo nos últimos meses, afinal, eu preciso estar bem para começar uma nova jornada.

Me encontro parada em frente ao prédio em que moro segurando uma mochila e observando a movimentação da rua. Adentrei ao prédio e segui em direção as escadas subindo-a em passos lentos, percebi alguns olhares em minha direção mas apenas me importei em continuar subindo. Cheguei ao último degrau e finalmente eu estava indo em direção ao corredor principal do prédio , ouvia o barulho dos meus saltos a cada passo dado por mim, sentia que estava sendo observada todo tempo mas isso é algo que eu tenho me acostumado.

- Bom dia Srta. Andy! - ouvi a voz do Nate no mesmo instante em que abri a porta do meu apartamento, fiz um aceno de cabeça murmurando um "bom dia" de volta e continuei andando até a cozinha

- Espero que você ao menos tenha feito o café - digo assim que passo pela porta - você não deveria estar trabalhando Nate? - continuei

Ele rapidamente passou pela porta da cozinha com um sorriso largo no rosto - Hoje eu não vou precisar chegar tão cedo - observei seu rosto - e antes que pergunte, não, eu não voltarei tarde essa noite. O restaurante vai funcionar no horário normal - concluiu

- Já decidiu o que quer fazer com relação a sua possível mudança de cidade? - Nate é chef de cozinha em um restaurante aqui da cidade e no último mês foi questionado sobre mudar de cidade na intenção de comandar a cozinha do novo restaurante que seria aberto em Londres

- Sim Andy - fiz um aceno pra que ele continuasse - se eles realmente precisarem de mim, eu vou aceitar essa "promoção"

- Será que eu poderia saber como eu fico no meio disso? - perguntei enquanto colocava minha xícara no balcão

- Eu farei o convite para que você venha comigo, mas se por algum acaso você se recusar a vir aí eu realmente não sei como você ficará no meio disso - foi tudo o que ele disse antes de sair do cômodo

Quando era mais jovem eu costumava imaginar o meu futuro e todas as vezes não conseguia visualizar minha vida ao lado de alguém. Sempre me via sozinha, em uma casa onde tudo tivesse a minha cara, bem sucedida no meu trabalho, abrindo uma boa garrafa de vinho na companhia de pessoas importantes para mim e só.

Eu não sei como mas tudo acabou tomando rumos diferentes do que eu esperava e me vi namorando um cara que eu nem consigo amar, hoje eu moro com ele mas as vezes eu nem consigo olhá-lo. Apesar de gostar da rotina que temos, das coisas que fazemos, ainda sim eu o vejo como uma espécie de amigo. Acredito que em algum momento nos perdemos um do outro e eu sequer tentei consertar isso pois sempre soube que ele não era a pessoa certa para mim.

Já faz algum tempo que me sinto perdida, parece que as coisas vem desmoronando dia após dia e ingênua é como me castigo por ser. Os últimos meses não tem sido nada fáceis para mim, estou nesse impasse de não saber o que fazer e apesar de querer mudanças, não sei se Nate é a pessoa certa para me ajudar com isso. Ele por si só é uma pessoa maravilhosa, logo quando nos conhecemos lembro-me de ficar admirada com tamanha educação. Nate é um homem que tem 1,80 de pura beleza, seus cabelos são um charme por serem ondulados, tem um sorriso largo e sexy, uma voz suave e cozinha como ninguém! Poderia ser o cara perfeito para mim, como eu achei que era no início mas o tempo ia passando e eu pude ver que ele não se encaixa no meu vão. Já fazem exatos 3 anos do nosso relacionamento e nesse último ano tudo está cada vez mais estranho, eu não sei se ele tem ou já teve outra pessoa além de mim durante esses anos, não consigo imaginar ele fazendo isso mas as vezes eu me questiono sobre já que há tempos não temos nenhum contato íntimo.

- Eu posso te pedir um favor Andy? - perguntou ele afastando meus pensamentos, vi que ele estava com suas inseparáveis meias brancas, uma calça marrom e sua camisa branca de botões na mão

- O que precisa? - perguntei encarando-o novamente

- Tem como passar essa camisa para mim? - percebi um bico se formar em seus lábios - por favor!

- Tudo bem, eu já devolvo - me levantei indo em sua direção e pegando a camisa de sua mão, me dirigi até o quarto e coloquei sua camisa sobre a cama. Não demorei para desamassa-lá até porque Nate sempre me pede isso

- O que você quer pro jantar de hoje a noite? - ele apareceu na porta do quarto

- Hoje você pode escolher, mas por favor, eu não aguento mais comer risoto - ouvi sua risada - sua camisa está pronta - ergui a mesma para que ele viesse até mim

- Obrigado querida - disse enquanto passava seus braços pelas mangas da camisa, subi a mesma até seus ombros e ele se virou para mim para que assim eu pudesse abotoar tudo

- Mais alguma coisa? - perguntei no mesmo instante em que fechei seu último botão

- Não querida, eu preciso ir - ele depositou um beijo em minha bochecha - até mais tarde Andy, tenha um bom dia

- Bom trabalho querido - Nate saiu de casa e agora eu só voltaria a vê-lo a noite, sendo mais precisa, no horário da nossa janta.