Beijando o armário

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Entro super atrasada na sala de aula, ainda bem que falta três minutos antes da Professora rabugenta Matilda fechar a porta, tive a sorte de pegar a Professora de matemática mais chata esse ano de novo.

- Com licença rabug... Professora Matilda, pode me dizer qual o numero da minha carteira. - sorrio forçada para ela e a verruga horrível do seu queixo.

- Boa tarde para você também Anna. - ela diz com sua voz fina. - sua carteira é a numero treze. - ela me encara séria.

- Obrigada. - dou alguns passos e me acomodo na carteira.

Observo pela enorme janela da sala de aula o time de futebol de Wes e Keat, as lideres de torcida ficam animadas ao ver o time entrar em campo. 

O conteúdo na lousa é Coeficiente Angular. Enquanto a Professora de Matemática explica o conteúdo, eu apenas viajo em meus pensamentos, vagueio na maionese. 

- Então pessoal, eu quero que vocês determinem o Coeficiente Angular para a próxima aula. - a Professora Matilda repete pela miléssima vez.

A aula de Matemática como sempre demora uma eternidade para chegar ao fim. Eu sou boa nessa matéria mas por obrigação, porque honestamente eu detesto matemática.

- Próxima aula irei corrigir a lição de cada um. Então preparem. - ela diz com sua voz chata, posso jurar que vi sua verruga piscar para mim.

O sinal toca, fim da aula de matemática, o primeiro dia já foi. Rapidamente a sala vai ficando vazia, prestes a ir embora a Professora se vira em minha direção e me chama.

- Anna, posso conversar com você? - ela me encara.

NÃO, CLARO QUE NÃO. QUERO SAIR DAQUI! - digo mentalmente porque só eu posso escutar.

Me viro lentamente em sua direção com a maior cara de merda e dou passos largos até sua mesa. Fico calada com aquele olhar: "FALA LOGO SENHORITA VERRUGA!"

- Então senhorita Anna, eu acredito que saiba porque te chamei. - ela arqueia a sobrancelha e me encara.

AGORA EU LEIO PENSAMENTO AMIGA VERRUGA? - digo mentalmente porque só eu posso escutar.

- Na verdade, não faço a menor ideia. - encaro ela.

Os olhos da Professora se baixam a procura de alguma coisa, ela retira um papel de uma pasta.

- Este é seu boletim do ano passado, suas notas foram de mal a pior. Você quase repetiu de ano e eu me dediquei para que você passasse. Deixei de cuidar da minha verruga que é sensível e precisa de cuidados especiais, para você passar de ano. Você é uma excelente aluna e espero que este ano você não desperdice o meu tempo. Fui clara?

O QUE? EU OUVI DIREITO? CUIDADOS ESPECIAIS PARA UMA VERRUGA? - digo mentalmente porque só eu posso escutar.

- Está escutando? Fui clara? - ela me encara.

Inspiro e expirou duas vezes e respondo.

- Ta bom rabug... Professora Matilda. Eu prometo que vou me esforçar para melhorar. - digo encarando sua verruga, eu juro que ela piscou para mim.

- Eu sei que vai. - ela fica me olhando por alguns instantes. - Agora sai daqui. Vai, xô.

Viu só? Detesto ela. Saio finalmente da sala, respiro profundamente aliviada daquilo tudo e de sua verruga. Ainda bem que deu tempo de pegar o ônibus porque se não acho que iria cometer um grande crime com a rabugenta e sua verruga.

EM CASA

- O que? - mamãe diz surpresa.

- É só uma nota. Eu vou me esforçar mais esse ano. - me sento no sofá ficando ao lado de mamãe.

ALGUÉM PARA AMARWhere stories live. Discover now