O primeiro do resto de nossas vidas

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E chegou, finalmente chegou o dia pelo qual Noah e Josh almejavam tanto: o primeiro encontro, e, como ambos desejavam, em circunstâncias melhores que as de sábado. Como Urrea havia planejado, o dia tinha zero chances de chuva, o Arpoador estava calmo até por ser uma segunda feira e ele estava de folga; eram quase oito e meia da manhã e o mesmo já estava de pé, queria aproveitar cada segundo do date perfeito com Beauchamp.

— Nossa, que barulhada toda é essa? Filho?
— Ah, bom dia mãe; desculpa o barulho, mas é que já queria me arrumar logo.
— Mas ainda falta uma hora e meia para vocês se encontrarem na Rubens Paiva, não fica tão ansioso maninho.
— Sim, tem que ir sem tantos planos; as vezes a melhor coisa é você ir e deixar tudo ir acontecendo naturalmente.
— Nossa, vocês tem razão; e eu aqui literalmente planejando uma lua de mel.

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Já em Anchieta, Jaden ajudava Josh a procurar e arrumar as coisas; o loiro estava igualmente ansioso, mas não deixava transparecer tanto justamente para não se enrolar durante o dia com o moreno e também queria que tudo fosse bom; já o mais novo só faltava soltar fogos de artifício dignos do réveillon de Copacabana, ele não fazia questão de disfarçar a felicidade que sentia em ver seu irmão mais velho seguindo a vida.

— Tá tudo pronto?
— Sim, falta uma hora para o combinado lá, ai irmão; eu tô tão animado.
— E eu muito feliz por você, sei como é importante e como precisava disso; tira várias fotinhas e curte muito, viu?
— Pode ter certeza.

E nisso o de olhos azuis deixa Anchieta em direção ao metrô, ele já tinha em mente que como era uma segunda feira e horário de pico, ele seguiria mais cheio até a Zona Sul. Ao chegar na estação, tinha o movimento habitual de horário de maior movimento mas não era aquela coisa claustrofóbica de algumas horas antes; quando o metrô chegou na Rubens Paiva, lá entrou Noah e sentou no chão da composição junto a Josh e estavam quinze minutos adiantados.

— Você tá aqui mesmo!!!
— Claro que eu viria, trouxe comida o suficiente pra umas boas horas lá; muito protetor solar e meu violão.
— Então o senhor pensou em tudo, não é Noah Urrea?
— Tudo para fazer do nosso dia juntos o melhor possível Josh Beauchamp.
— Gostei de ouvir isso, sabia?
— Sei, tanto sei que quero te pedir uma coisa.
— Eu também quero, então vamos pedir juntos.
— Sim; 1, 2 e 3... Quer sair comigo mais vezes? – Nisso, Noah falava até que ambos passaram a falar juntos.
— Claro que quero, era isso? Ah você... – Eles ainda falavam em uníssono.

A composição lotada já em Triagem seguia seu rumo para a estação Botafogo/Coca-Cola, porém para Noah e Josh o limitado espaço não era problema algum, apenas a presença um do outro bastava e muito; a maneira que os olhos de ambos brilhavam quando olhavam um para o outro era incomparável, seus olhares ao mesmo tempo em que escondiam, queriam gritar para quem quisesse ouvir o que um sente pelo outro, mas lá no fundo, a questão de que ambos se conheceram a pouquíssimo tempo gritava mais alto, era como se fosse a razão tentando domar a emoção dos dois jovens apaixonados. Não namoravam, mas agiam como tal; e estavam aproveitando a falta de espaço para apenas ficarem quase deitados, sendo a cabeça de Josh deitada sobre o corpo de Noah e, enquanto o de olhos azuis observava o mapa luminoso da composição com uma certa atenção, o de olhos verdes acariciava lentamente o cabelo do outro e o olhava com muita ternura.

— Você não tira os olhos desse mapinha, né?
— Força do hábito, anos pegando nesse horário e sempre nesse lugar que a gente tá, e não vou negar que tô um pouquinho bem ansioso.
— Deu pra ver, mas fica calmo que eu também estou.
— Bom, estamos no Catete e falta pouco pra descermos e pegarmos outro mais lotado ainda... Tava pensando em uma música a uns dias, e depois que nos conhecemos ela não sai da minha cabeça. – Disse Josh, tentando quebrar o gelo.
— Pode cantar um pouquinho dela pra mim?
— Ah... É que sou bem tímido quanto a cantar em público, eu não tenho tanta confiança na minha voz.
— Vamos fazer assim: fecha os olhos e pensa que esse metrô só tem nós dois apenas e que ninguém vai embarcar nele. – Aconselhou Noah.
— Bom, fechei os olhos.
— Agora mantém eles fechados, e só vai cantando; imagina que a música tá tocando e se deixa levar por ela, eu sei que você consegue Josh. – Urrea continuou incentivando Beauchamp a se permitir mais, e para ele, era como se fosse o empurrãozinho que faltava.
My head is haunting me and my heart feels like a ghost
I need to feel something, 'cause I'm still so far from home
Cross your heart and hope to die
Promise me you'll never leave my side

Show me what I can't see when the spark in your eyes is gone
You've got me on my knees I'm your one man cult
Cross my heart and hope to die
Promise you I'll never leave your side

'Cause I'm telling you you're all I need
I promise you you're all I see
'Cause I'm telling you you're all I need
I'll never leave

So you can drag me through hell
If it meant I could hold your hand
I will follow you 'cause I'm under your spell
And you can throw me to the flames
I will follow you, I will follow you

Come sink into me and let me breathe you in
I'll be your gravity, you be my oxygen
So dig two graves 'cause when you die
I swear I'll be leaving by your side

So you can drag me through hell
If it meant I could hold your hand
I will follow you 'cause I'm under you spell
And you can throw me to the flames
I will follow you


Quando Josh terminou de cantar e abriu os olhos, lá estava um Noah incrivelmente admirado por sua voz, seu jeito de cantar, a maneira com a qual o som da voz se encaixava na música e na sua totalidade; o loiro não havia percebido, mas, enquanto cantava, Noah estava perdidamente hipnotizado por ele e nos poucos segundos em que o de olhos azuis soltava a voz, o de olhos verdes só conseguia se imaginar tendo vários momentos lindos ao seu lado; se já estavam em seu mundinho particular antes, agora estavam em seu subsolo, até o momento em que a voz do metrô e da condutora os traz de volta ao mundo real anunciando a estação terminal de transferência.

— Próxima estação: Botafogo/Coca-Cola, estação de transferência entre as linhas 1 e 2, de integração para a Urca e de extensão para Humaitá, Jardim Botânico e Gávea, desembarque pelo lado direito. Next stop: Botafogo/Coca-Cola, transfer station between lines 1 and 2, exit here to Urca and extensions to Humaitá, Jardim Botânico and Gávea, disembark on the right.... Próxima estação Botafogo, estação de transferência entre as linhas 1 e 2, estação terminal, o desembarque é obrigatório e apenas pelo lado direito; o Metrô Rio deseja a todos um ótimo dia e uma boa viagem até seus destinos.

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