V. Tentando Não Quebrar as Barreiras

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Os dias passaram voando, mais rapidamente do que nunca. Inicialmente, Aoi temia que retornar à sua cidade natal fosse uma experiência desastrosa, mas ela logo percebeu o quanto estava enganada.

Na verdade, viver lá era o equivalente a um verdadeiro inferno na Terra!

Era um sábado, seu tão esperado dia de folga, e Aoi se preparava para sair de casa. A semana havia sido intensa, mas pelo menos ela conseguira evitar qualquer tipo de confusão. Seu "amigo" não tão amigável, Inosuke, parecia estar ocupado demais ou cansado demais para se envolver com ela com suas brincadeiras de mau gosto.

Aoi desceu as escadas com a urgência de alguém que via sua casa pegando fogo – embora talvez isso não fosse tão ruim assim.

Seu único desejo era sair sem ser notada, sem ter que dar explicações. Ao alcançar o primeiro andar, finalmente vislumbrou a porta que a levaria à liberdade. A porta estava ali, esperando apenas para ser atravessada. Ela se aproximou com pressa, avançando rapidamente, determinada a escapar.

Finalmente, sua mão alcançou a maçaneta, e Aoi a girou suavemente, tentando não fazer barulho. A porta começou a se abrir, e ela podia ver o mundo lá fora, pronto para ser explorado. Estava quase lá, a poucos passos de sua fuga.

— Posso saber para onde a senhorita está indo? — uma voz a fez parar e se encolher, como se tivesse sido pega em flagrante.

Ela se virou para encarar o motorista, sempre vestido com seu terno impecável, parado atrás dela com os braços cruzados. Havia uma linha fina em seus lábios e as sobrancelhas arqueadas, evidenciando sua impaciência.

— Então? — ele pressionou, impaciente.

Aoi engoliu em seco antes de responder:

— Vou fazer trabalho voluntário na escola. — parando para pensar, percebeu que não era exatamente uma mentira, mas uma meia verdade.

— E por que não avisou antes? — ele continuou, e se suas sobrancelhas arqueassem, mais um pouco e elas se juntariam a seu cabelo.

— Não quis incomodar. Desculpa!

Myamura escondeu o rosto com a mão, suspirando, sabendo que era uma mentira que ele teria que encobrir, porque apreciava demais Aoi.

— Então, está bem... Mande mensagem se precisar de algo!

Aoi virou-se em direção à porta e se dirigiu à saída, sorrindo e proferindo um baixo "obrigada." Myamura era sua salvação, e ela estava grata por poder contar com ele nos momentos de desespero.

Agora, sua preocupação era chegar à escola, fazer o que precisava e retornar o mais rápido possível. Ela não queria passar muito tempo com o garoto Hashibira, especialmente porque havia recebido muitas ameaças de suas fãs fanáticas. Não que ela tivesse medo, mas simplesmente não queria mais dores de cabeça nem encrencas por quebrar o nariz de alguém.

Para encurtar o caminho, Kanzaki decidiu seguir um atalho que o motorista havia lhe ensinado. A manhã ainda estava cedo, as lojas estavam apenas começando a abrir, e nas ruas havia apenas ela, alguns gatos e uma senhora idosa com uniforme azul, chapéu peculiar e avental, que estava varrendo a calçada em frente a um grande e acolhedor cyber café. O aroma do café que se espalhou quando ela passou pelo local invadiu suas narinas, atraindo-a com sua fumaça aromática hipnotizante.

 MotivoWhere stories live. Discover now