III. Deveria Melhorar?

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Os pensamentos de Inosuke giravam enquanto ele permanecia perdido em seu próprio mundo. Ele estava tão imerso em sua contemplação que nem percebeu que havia chegado à saída da escola, pronto para voltar para casa. Bem, quase pronto, já que seus amigos não tinham aparecido no ponto de encontro habitual, ao contrário de todos os outros dias. Ele checou seu telefone e percebeu as mensagens de Tanjiro informando que estariam atrasados alguns minutos.

— Tudo bem, Tangerina —  brincou, aproveitando ao máximo a ausência do amigo.

Ele pendurou a bolsa no ombro e encostou-se na parede que separava as dependências da escola da calçada. Olhando ao redor, ele notou sua recente antagonista, agora um novo inimigo, à distância.

Ela não parecia afetada pela presença dele, mas isso acontecia apenas porque ela não o notara. Seu corpo estava fisicamente ali, mas sua alma parecia ausente. Inosuke percebeu que os olhos dela refletiam o mesmo distanciamento que ele viu quando ela o bateu. Era uma forma de apatia, como se ela não pudesse vê-lo. A imagem dela se repetiu em sua cabeça, uma aura familiar que ele mesmo havia experimentado. Afinal, houve momentos em que ele sentiu o mesmo.

Isso causou um arrepio na espinha, fazendo os pelos de seus braços se arrepiarem. Momentos como esses raramente levavam a algo bom. Ao refletir sobre a situação, ele começou a questionar suas próprias ações.

Ele a puxou forte demais? Talvez a abordagem dele tenha sido errada, ou talvez ele tenha sido o gatilho para a reação anterior dela.

Ela estava tentando se proteger? Ele ponderou sobre isso por um minuto

— Claro que não! Sempre estou certo por aqui! — ele assegurou, mas no final, começou a duvidar de si mesmo.

De repente, Aoi notou a presença do garoto de cabelos azuis e pretos a poucos metros de distância. Seu semblante, que já era sério, tornou-se completamente inexpressivo. Agora, ambos estavam se encarando, e Inosuke sentiu como se estivesse diante de uma força aterrorizante. O olhar gélido que ela lançou era mais cortante do que os ventos de outono. Ele se sentiu vulnerável, incapaz de articular um único comentário sarcástico, com medo de que um deslize pudesse levá-lo à ruína.

Quem diabos é essa garota?

— Senhorita Aoi! — o motorista interrompeu finalmente o olhar tenso entre os dois. — Vamos! — ele abriu a porta do carro. Aoi forçou um sorriso e entrou no veículo, que partiu logo em seguida.

As pernas de Inosuke fraquejaram. O impacto que ela teve sobre ele foi avassalador, inexplicável. Ele não podia acreditar que uma pessoa comum pudesse abalá-lo tanto. Estava atordoado, incrédulo. Passou a mão pelo rosto, limpando o suor que se acumulava.

— Inosuke! — Tanjiro e os outros se aproximaram. Inosuke tentou se recompor o mais rápido possível.

— Você está bem? — Kanao perguntou ao ver o rosto pálido do amigo. — Parece que viu um fantasma.

— Algo do tipo... — ele murmurou.

—Está passando mal? A enfermaria ainda está aberta —em resposta ele só seguiu seu caminho quieto.

Os amigos deram de ombros, pensando ser sua bipolaridade e o seguiram sem mais perguntas.

No carro, Aoi permanecia em silêncio, uma expressão que só surgia quando estava profundamente contrariada. Ela mexia no celular com uma determinação incansável, deixando Myamura curioso sobre o que a ocupava. No entanto, seu foco estava em guiar o veículo, e as tentativas de Myamura de descobrir o que a preocupava eram interrompidas pela necessidade de atenção na estrada.

 MotivoWhere stories live. Discover now