I

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Me escorei na pia do banheiro da farmácia. Como eu iria contar para os meus pais? E para o Nathan? Peguei o exame da pia e encarei mais uma vez, poderia ter dado errado, talvez meu xixi tenha confundido o resultado.

Duas batidas na porta fizeram com que eu me despertasse. Ainda com o exame em mãos fui até a porta destrancando-a.

- Sinto muito. - A garota me abraçou. - O que vai fazer agora?
- Eu não sei. - Joguei no lixo. - Eu tinha planos de fazer faculdade de literatura inglesa, e pelo visto, não vou.
- Seus pais vão ficar bravos?
- Meus pais estão brigando há um mês, acho que eles nem sabem da minha existência naquela casa.

Fui até o caixa pagar pela caixinha rosa. Grávida. Sempre achei linda essa palavra, mas hoje, me arrepiou a espinha. Acabei de jogar fora o plano da minha vida, por conta de uma gravidez. E eu nem sei qual vai ser a reação do Nathan ao saber que ele vai ser pai.

- Se precisar desabafar conte comigo. Estou aqui todos os dias para variar.

A garota que se apresentou como Bethany me abraçou mais uma vez. Disse que ela só ficava aqui por conta dos pais, que a obriga ficar aqui e depois deixam ela ir as festas que quer.

- Obrigada Bethany, por tudo. - Sorri e dei as costas para ela.

Fiquei o dia inteiro quieta, refletindo sobre a minha vida. Não havia ninguém em casa para atrapalhar. Pesquisei na internet depoimentos de outras mães gravidas, cada uma passou um problema diferente.

Eu estava com medo. Medo da reação de todos, medo do que a mídia iria falar da filha do empresário e da editora chefe da Vogue. Medo do rumo que minha vida começou a tomar neste momento. Eu não me sinto preparada para ser mãe, na verdade, eu não sei ser mãe. Nunca fui daquelas garotinhas que tinham milhares de bonecas, cada uma com um nome, porem todas filhas de uma garotinha.

Minha mãe entrou na sala e eu fechei a tela do meu computador. Sua cara indicava que ela não estava bem, assim como eu. Ela me olha e sorri de lado deixando escapar uma lagrima dos seus olhos marejados. Corri abraça-la, não faço ideia do que está acontecendo dentro dela. Pudesse ser as brigas que já duram um mês entre ela e meu pai, ou a Vogue que esteja sufocando-a.

- Eu tentei. – Soluçava em meu ombro. – Eu tentei ser a melhor mãe do mundo, a melhor esposa e editora chefe. Mas não dá mais.

- Do que está falando? Vou te fazer um chá, se acalme.

Fui até a cozinha colocando água para ferver. Sei o que está tentando falar, nunca imaginei que chegaríamos a esse ponto, houve tantas brigas piores, não imaginei que essa iria romper a nossa família. E eu ainda nem contei que estou gravida, melhor eu guardar essa informação até a situação de casa melhorar.

- Pedi o divórcio.

Minha mãe apareceu na cozinha, seus olhos e nariz estavam avermelhados. Percebi que tentava engolir o choro, mas seus olhos marejados a entregaram mais uma vez. Ela sentou no balcão da cozinha segurando sua caneca enquanto eu colocava água e o sache de frutas vermelhas.

- Seu pai tem outra, sei que não é a melhor maneira de te contar. Mas eu não aguento mais.

- Não me importo pelo o divórcio, acho justo se ele está te traindo. Só que o amo, e não quero ficar dividida neste pé de guerra. – Ela assentiu.

- Quando você for mãe, me prometa que vai fazer de tudo para ser feliz. Mesmo que seu marido e seu filho não fiquem felizes?

Engoli em seco, senti meu estômago embrulhar. As palavras dançavam em minha língua loucamente para que as soltassem, a adrenalina estava mais forte e senti meu coração sair pela a boca.

Meu Segredo (não revisado)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora