As Criaturas do Castelo

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— Tem certeza que é essa porta? – Car questionou antes que Jack girasse a maçaneta.

— O que tem atrás dessa porta? – perguntei tão baixo que não sei se alguém escutou, mas Jack naquele momento me olhou nos olhos, ele estava com medo.

— Façam silêncio. – ele falou e girou a maçaneta.

A porta se abriu e a escuridão nos engoliu, entramos por aquela porta tentando fazer o máximo de silêncio, era impossível enxergar alguma coisa à frente.

— Não fecha a porta ainda. – Jack falou e olhou para Kali, os dois pareciam se comunicar telepaticamente, o que realmente poderia ser isso mesmo. Car segurou a porta para que não fechasse, ele não parecia dar atenção ao que os dois irmãos iriam fazer agora. Kali e Jack ficaram parados um na frente do outro e então ergueram os braços e fecharam os olhos, eles murmuravam algo que eu não conseguia compreender e os movimentos eram sincronizados de forma tão perfeita que era claro que não era a primeira vez que eles faziam aquilo. Kali e Jack então tocaram suas mãos e uma energia de luz começou a formar-se dentro de suas mãos fechadas, a luz era branca e começou a iluminar todo aquele local, eles ergueram as mãos para cima e depois abriam e suavemente a luz tornou-se uma bola que flutuou sob nossas cabeças até dividir-se em duas bolas exatamente iguais.

Car fechou a porta atrás de nós e revirou os olhos para toda a cena de Jack e Kali. A luz que estava acima de nós era encantadora, e iluminava parcialmente aquele lugar, era possível observar um pouco da estrutura, parecia uma masmorra e era totalmente diferente do que era do lado de fora.

— Esse lugar é muito escuro, literalmente escuro, seria impossível conseguir iluminar com qualquer outra coisa que não fosse essa luz. – Jack apontou para as bolas que dançavam em nossas cabeças.

— E essa luz é tão forte, tão forte que se saísse agora deixaria todos cegos. – Kali falou animadamente como se fosse a coisa mais incrível do mundo.

Olhei ao redor, a luz não era tão forte assim, estava apenas parcialmente iluminado, conseguíamos enxergar tudo ali naquela sala em formato de masmorra, os objetos que estavam organizados em armários antigos, algumas quadros pintados apenas com vários rabiscos pretos assustadores, algumas tochas jogadas como se tivessem sido apagadas há muito tempo, uma porta de madeira atrás de nós e uma escada circular. A luz era fraca, dava para ver tudo ali, mas não claramente como a luz do dia.

— É por isso que mencionei sobre o quanto esse lugar é escuro. – Jack falou gentilmente e deu um leve sorriso. – Se você se deixar, ou se perder, a escuridão desse lugar pode engolir você.

— Poético. – Car falou, não estava mais tão rabugento como minutos atrás. – Pelo menos aqui é quentinho.

Agora que ele falou percebi que aquele lugar era confortável, não era congelante como do lado de fora, mas também não tão quente, o frio ainda tentava ultrapassar as barreiras de casacos que estávamos usando. Car esfregava as mãos e assoprava ainda para se aquecer ainda mais e Kali seguia ao lado de Jack com as luzes a nossa frente. Eu caminhava um pouco atrás dele e comecei a imaginar o que nos aguardava dentro daquele castelo, algo que deixava Jack tenso demais para falar sobre.

As escadas circulares pareciam não ter fim, as paredes eram úmidas e desgastadas, e a medida que subíamos em circulo quadros mais assustadores apareciam nas paredes, pareciam as criaturas que moravam nos outros mundos que passamos e outras criaturas que eu desejei nunca encontrar na vida. Caminhávamos em silêncio e sempre tendo o cuidado de não esbarrar em nada. Chegamos a um corredor que parecia ser de uma pressão, mas todas as portas estavam abertas e a escuridão em cada uma parecia ser infinita, as bolas de luzes iluminavam apenas o suficiente para que pudéssemos seguir em frente. Tentei não olhar para aquelas portas abertas e Jack apertou minha mão para que nos apressássemos naquela parte do castelo, então chegamos novamente em mais escadas circulares e ainda mais estreitas.

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