Seu queixo tenso se contraiu, mas ele não disse nada por alguns segundos. Seu maxilar era muito marcado, seus olhos estavam me analisando. Sou eu que sou caído por esses olhos verdes? E essa boca... Concentre-se, Louis!

   – Eu nunca disse que não gostei.

   – Então, gostou?

   Ele ergueu uma sobrancelha.

   – Acho que ficou meio óbvio, não?

   Tive que sorrir.

   – Mas, Louis, não quero gostar disso. Só me causa problemas. – Respirando fundo, ele encostou-se na cômoda, com os ombros caídos.

   – Eu disse a verdade hoje cedo. Nunca tinha estado com um cara antes. Mas eu… pensei nisso. E queria saber como era.

   – E agora que sabe?

   – Minha cabeça está ainda mais fodida. Se eu não tivesse vindo aqui, não saber continuaria me deixando maluco. Mas agora que sei, é quase pior. – Ele balançou a cabeça. – O que há de errado comigo?

   Se eu achasse que ajudaria, teria ido até ele. Tocado nele. Tentado tranquilizá-lo dizendo que estava tudo bem, que estava tudo bem com ele. Mas de algum modo senti que seria o gesto errado. Em vez disso, escolhi minhas palavras com cuidado.

   – Não há nada de errado com você, Harry. Não seja tão duro consigo mesmo. Você estava curioso, e eu também. Essas coisas acontecem. Se quiser esquecer que aconteceu, podemos fazer isso, mas se quiser ver onde isso vai dar… eu toparia também.

   – Não sei o que quero. Quer dizer, sei o que quero fisicamente, pelo menos com você, mas isso não combina nem um pouco com meu projeto de vida.

   – Que é?

   – Uma esposa e filhos. Quero uma família.

   Concordei com a cabeça devagar. Eu não sabia exatamente que rumo minha relação com Harry tomaria dali em diante, mas certamente não levaria a esposa e filhos. Enquanto eu tentava achar o que dizer, ele continuou. – Eu já lhe contei, fui criado em uma família religiosa. Meus pais… – Ele balançou a cabeça. – Eles jamais entenderiam. Jamais aceitariam isso. Eu jamais aceitei.

   – Há quanto tempo você luta contra o que sente?

   – Há muito tempo. Talvez desde os doze ou treze anos. Mas sempre achei que houvesse algo de errado comigo. Algum tipo de defeito ou falha. Porque eu também gostava de garotas.

   – Muita gente gosta.

   Aquela frase o fez sorrir, mas o sorriso logo desapareceu.

   – De todo modo, só o que fiz com esses sentimentos foi odiá-los e escondê-los. Rezar para que sumissem. Mas daí…

   – Mas daí…?

   Ele me lançou um olhar sedento. Parecia que estava me comendo com os olhos. Fazendo uma coisa levemente engraçada com o nariz. O nariz dele se mexia de forma fofa.

    – Você tem algo de especial.

   – Eu me sinto mal por gostar disso. Mais ou menos.

   – Não. Não se sinta mal. – Ele franziu a testa de raiva. – Desculpe. Nada disso é culpa sua, e eu tenho agido como se fosse.

i choose you.Where stories live. Discover now