Seis: Aquele em que há uma corrida para o céu

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       O queixo de Gerard foi ao chão. Então o motivo pelo qual ele estava ali também eram os conflitos familiares. Ele se sentiu um verdadeiro tolo por não ter dado uma chance ao garoto de se explicar ou ouvi-lo.

-A minha mãe me disse algo do tipo, na última vez que a vi, cerca de quatro anos atrás.

-Sinto muito.

-Odeio que sintam pena de mim.

-Oh, perdão, eu... Er...

-Cala a boca Frank!

     O mais alto se levantou e, de maneira desengonçada, aproximou-se, abraçando Frank como quem abraça um pedaço de vidro, como se o menor fosse se partir em um milhão de pedacinhos com aquele simples ato.

-Isso é um milagre, e-e nem é Natal! Olha, você me abraçou! -Dizia saltitante.

-Okay, okay, gazela. Foi só um abraço, pode se acalmar ou eu vou ter que te socorrer de um ataque ansioso e eu definitivamente não sei como fazer isso.

          Frank sorriu de orelha a orelha e então, como em um piscar de olhos, parou.

-Vo-você ainda não me contou o por que de estar aqui.

-Olha, Frank, eu não tô preparado pra falar sobre isso ainda. Quem sabe daqui um tempo? -Disse ao que tentava parecer amigável. 

                                                     Iero sorriu em concordância.

-Posso fazer apenas outra pergunta? É que isso tá me corroendo desde o meu segundo dia aqui.

-O que é Frank?!

               Ele ficou um pouco tímido, com aqueles lindos olhos ambares e bochechas ganhando um tom avermelhado ao que sentava-se em sua própria cama e tentava formular uma pergunta coerente.

-P-por que você usa saias como as meninas, ao invés de calças como os meninos? Q-quer dizer, você fica muito bonito e eu não tô dizendo que isso é errado, é só uma curiosidade como qualquer outra.

        Ele bufou pela centésima vez naquele dia, deixando-se cair em sua cama de peito para cima. Gerard tinha uma grande questão consigo, aquelas saias representavam ao mesmo tempo a resistência de seu ser e eram também um dos pontos responsáveis por ele estar naquele lugar.

-Eu me sinto atraído por algumas coisas do gênero oposto. Saias, maquiagem, alguns objetos. Eu odeio essa merda de regra de que meninas usam isso e meninos usam aquilo, isso me irrita!

       Gerard estava ficando alterado outra vez, afinal, Frank podia notar que seu peito subia e descia rapidamente e que algumas lágrimas já faziam caminho por seu rosto. O mais baixo se aproxima, seu cenho franzido demonstra a preocupação de seu interior.

-Gerard, me desculpa, eu não deveria ter feito essa pergunta. Foi idiota da minha parte. -Frank respirou fundo e ajoelhou-se no chão, aproveitando aquela posição para observar e gravar cada detalhe do rosto alheio em sua mente.- Sabe, eu queria ser como você, ter essa coragem de usar saias e tentar cortar o cabelo de quem tirasse uma com a minha cara...-Ele ainda chorava, mas as palavras que deixavam a boca de Frank eram mais que verdadeiras.-Eu sei que a gente já começou isso, seja lá o que for, da maneira errada, mas eu acredito que esse fato, que você usar saias em um lugar em que todo mundo é um delinquente juvenil igual, seja a porra de um ato de resistência foda pra caralho e...

-Não mente pra mim, Frank.

-Eu não tenho a necessidade de mentir para você, pelo ao menos, ainda não. Acho que você fica muito bem com aquelas saias, daria um bom modelo. Olha, s-se tem alguém que fica te enchendo a paciência por causa disso, só me diga e então nós dois podemos enfrentar quem quer que seja, eu não me importo, desde que te deixem em paz e que possamos ser bons amigos.

Hig School For Bad Good Guys (Frerard, Livro 1)Where stories live. Discover now