Minha cabeça doía e minha boca estava seca. Definitivamente, eu havia bebido uísque demais na noite
anterior. Entrei no chuveiro, tentando planejar exatamente como lidar com Louis. Coitado – ele devia ter ficado tão confuso, talvez até bravo.

   Tinha sido tão errado me aproveitar dele daquele jeito. Tê-lo usado como uma arma para lutar comigo mesmo.

    Ele era inocente. Bem... não totalmente.

   Meu sangue esquentou e meu pau começou a levantar conforme eu me lembrava dele ajoelhado na noite anterior. Oh, meu Deus, ele estava tão sexy com a boca em mim. Não, Harry!. É isso que lhe causa problemas.

    Pare de pensar nele desse
jeito. Franzindo a testa, fiquei totalmente imóvel, fechei os olhos e
pensei na coisa menos sensual que conseguia evocar – minha professora da segunda série em Ohio, Irmã Mary Ruth, e como ela costumava nos chamar de mentirosos e bater em nossas mãos com tiras de borracha quando achava que havia nos pegado contando lorotas. Deus vê suas mentiras, ela dizia. Deus vê tudo que vocês fazem.

   Trinta segundos depois, recuperei o controle do meu corpo e continuei me ensaboando e pensando no que faria. Deveria pedir ser desculpas? Fingir que não havia acontecido nada? Dizer que estava bêbado e que não me lembrava de nada que acontecera depois do jantar? Parte de mim queria que fosse tão fácil assim: o quê? Um
boquete na cozinha? Não sei do que você está falando.

    Você é um covarde do cacete.

    Não pode fazer isso. Pelo menos seja homem o bastante para assumir o que fez. Diga a ele que sente muito. Diga que não sabe o que deu em você. Diga que nunca tinha feito aquilo antes e que não fará nunca mais.

   Fazendo uma careta, me enxaguei e fiquei lá debaixo da ducha por mais alguns minutos, adiando o inevitável. Seria a conversa mais constrangedora da minha vida. Devastadora. Mas pelo menos talvez me impedisse de ceder àqueles sentimentos de novo.

   Saí do chuveiro, vesti um jeans e uma camiseta e escovei os dentes. No espelho, notei que meus olhos estavam injetados e que havia olheiras abaixo deles. Pinguei umas gotas de colírio, mas disse a mim mesmo que merecia parecer acabado depois do que havia feito. Então respirei fundo algumas vezes, endireitei a postura e abri a porta do
quarto.

    A porta do quarto de hóspedes também estava aberta, mas eu não tinha escutado barulho lá embaixo.
 
  Lentamente, desci para a cozinha,
me preparando para encontrá-lo lá.
Mas ele não estava. Não encontrei nenhum indício de que estivera lá
– não havia feito café, não havia louça na pia, nem cheiro de comida.

    Confuso, examinei o corredor dos fundos e notei que os sapatos dele
não estavam lá. Que merda! Será que tinha ido embora? Como? Ele não tinha carro nem dinheiro para pegar um táxi. Será que Gemma tinha
vindo buscá-lo? Pelo canto do olho, percebi um movimento no quintal.

    Abri a porta dos fundos e saí descalço. Ele havia enfileirado meus vasos de plantas na entrada da garagem e as estava regando com a mangueira.

   – Bom dia – eu disse, me aproximando dele.

   – Bom dia. – Ele olhou rapidamente para mim, mas voltou a se concentrar nas plantas um segundo depois. Tinha uma expressão indecifrável.

   Enfiei as mãos nos bolsos.

   – Dormiu bem?

i choose you.Where stories live. Discover now