𝗽𝗿𝗼𝗹𝗼𝗴𝘂𝗲

Começar do início
                                    

Meadow considerava Spencer a luz que iluminou todo seu caminho tempestuoso. Ele esteve lá desde o começo. Ele estava presente em toda sua história. O vizinho que tinha os brinquedos mais legais, o melhor amigo que permaneceu do seu lado nos seus piores momentos, o homem que a amou verdadeiramente, sem pedir nada em troca. Ela sempre o viu como um anjo que ela nunca mereceu. O anjo que ela nunca seria capaz de ser para ele.

Ela abriu um dos armários de sua garagem, retirando o pequeno kit de primeiros socorros, abrindo delicadamente seu curativo. ─ O Aaron e o Eric chegaram. ─ Spencer contou.

Meadow limpava seu ferimento, uma feição de dor se formou em sua face quando a ardência do ferimento percorreu seu corpo. ─ Eu devia estar lá fora também. ─ Ela declarou. Sua função em Alexandria, além de buscar suprimentos, era o recrutamento. Algo que ela gostava, principalmente, porque permitia que ela passasse mais tempo do lado de fora. Entretanto, em razão dos ferimentos de uma missão anterior, Deanna a proibiu de deixar os muros até melhorar.

─ Eles acharam alguém? ─ Meadow questionou, passando o remédio sobre seus cortes.

Spencer acenou com a cabeça. ─ Sim. ─ Ele suspirou, sua expressão entregando sua preocupação.

─ Qual o problema? ─ A Hart perguntou enquanto o Monroe ajudava a amarrar o novo curativo.

─ Ele encontrou um grupo. ─ Ele confessou e Meadow sorriu com uma feição de surpresa.

─ Um grupo? ─ Meadow continuou. ─ Quantas pessoas?

─ Treze adultos e um bebê. ─ Spencer contou.

A Hart sorriu mais uma vez. ─ Um bebê. ─ Ela afirmou. ─ Isso é muito bom.

─ E perigoso. ─ O Monroe argumentou.

─ O Aaron não traria catorze pessoas se considerasse elas perigosas. ─ Meadow disse. ─ Nós precisamos disso, Spence. Precisamos de mais pessoas que sabem sobreviver.

─ Espero que esteja certa. ─ Ele falou, depositando um selinho em seus lábios. ─ Meu turno no portão já vai começar. Nos vemos na minha casa depois? ─ Ele perguntou e Meadow acenou, confirmando.

Ela subiu as escadas, a notícia dada por Spencer ainda preenchendo seus pensamentos. Catorze vidas. Quando apresentou sua ideia para Deanna, explicando a importância de pessoas que viveram do lado de fora para a formação da sociedade que ela tanto sonhava, nunca pensou que ainda existiam tantas pessoas capazes de permanecerem juntas.

Ao chegar na cozinha, encontrou a jovem de cabelos castanhos longos desfrutando de uma tigela de cereal e uma xícara de café. ─ Você não é muito nova para tomar café? ─ Meadow perguntou. ─ Eu não devia te dar uma bebida mais saudável para sua idade? ─ A Hart continuou, servindo café em sua xícara e se sentando na frente da menina. ─ Estou sendo uma tutora ruim?

A jovem soltou uma risada leve ─ algo que não era comum desde que ela chegou em Alexandria. ─ Acho que é tarde demais 'pra isso. ─ Ela respondeu.

Meadow havia encontrado Enid vagando pelas ruas próximas da comunidade. Era apenas uma adolescente tendo que lidar com a perda dos pais e com um mundo que tentava matá-la. Mas, com certeza, era adolescente mais forte que ela já havia conhecido. E, desde então, a jovem morava na casa da Hart.

─ Fez seu dever de casa? ─ Meadow questionou, recebendo uma face de desinteresse de Enid. ─ Eu sei que você não gosta disso, Enid. É novo 'pra mim também. ─ A Hart suspirou. ─ Mas você precisa tentar. Eu quero que você consiga ser uma criança normal aqui.

Enid esboçou um sorriso tristonho de lado. ─ Nada vai voltar a ser normal de novo. ─ Ela afirmou.

Meadow segurou a mão da jovem. ─ Você está certa. ─ Ela declarou. ─ Mas Alexandria é o começo de alguma coisa e todos nós precisamos fazer a nossa parte. ─ Meadow confessou. ─ Isso inclui não fugir das suas aulas para ir lá fora.

𝐒𝐏𝐑𝐈𝐍𝐆, 𝐝𝐚𝐫𝐲𝐥 𝐝𝐢𝐱𝐨𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora