II: BERMUDAS ME ESPERA

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deslizando a mão pelo gramado, lee soltou um comentário.

— fizeram um bom trabalho cuidando do campo de futebol. a grama está verdinha como nunca. — chutou como se sentisse algo diferente de borboletas no estômago há dias, apropriava-se da faceta de máscara de teatro irritada. arrancou um tranco de grama e terra, os sapatos brancos já não pareciam mais tão elegantes assim.

— o verde dela não se compara a beleza de seus olhos — han respondeu, encarada fixa, mortífera.

— meus olhos são pretos.

— então suas orbes só são feias mesmo. — tutorial de como por sua vida em risco em sete palavras! adicione um sorrisinho sem-vergonha à equação, foque o olhar nas orbes profundas de minho e tenha uma faca no seu pescoço meia noite e meia, ameaçando qualquer movimentação brusca. não funciona se estiver usando a skin de han jisung, tente baixar outra.

minho avançou para a ofensiva, como faziam na creche quando roubavam o lanche um do outro, talvez sempre tivesse sido uma busca de um motivo plausível para se porem um sobre o outro e trocarem socos que sequer faziam cócegas (na maioria das vezes). han sempre fora o mais fraco, mas tinha uma certa facilidade em prever o futuro próximo, assim também sendo, provavelmente, a pessoa com o histórico mais limpo de vitórias em brigas de mentirinha.

— se encostar em mim novamente, juro invadir sua casa e quebrar seu pescoço com um martelo. — lee reclamou, tentanto remover o peso que jisung exercia sobre seus pulsos. inútil, outra vez. podia ganhar em quase tudo, mas tem assuntos específicos que estariam cravados em seu peito frio de defunto como suas maiores derrotas em vida.

— horseshoe bay, bermudas. — jisung enfraqueceu o aperto que exercia em minho, deitando-se de barriga ao seu lado.

— saúde? — sentiu um dedinho com dois anéis começar a rodopiar em seus fios de cabelo, como um pedido para que virasse o rosto em sua direção. o fez. — elabore suas ideias.

— é a visão, loirinho! você vai lá, ganha umas competições de nado pra gente, fica rico e famoso e então vamos desfrutar do bom e do melhor, lado a lado! — deslizou a mão esquerda pelo céu, enquanto a direita atracava minho cada vez mais colado contra seu corpo, talvez com mais proximidade poderiam alinhar seus pensamentos com alguma telepatia maluca.

— se, por acaso, eu aceitar suas maluquices e o mar me engolir, o que seria de você? — o estalar da língua de minho contra o céu da boca trouxe jisung de volta à realidade, foram precisos algum instantes, como quem faz respiração boca-a-boca ou é esplendorosamente curado por uma sereia bondosa até que o som de riso bobo saísse de sua boca novamente.

o hábito de sempre perceber o óbvio e também o que se esconde atrás das cortinas, sejam elas transparentes ou sólidas. o dom da leitura avançada.

— o deixaria ser engolido. é lá que você vive, não é?

no fundo, seu desejo era escutar "engoliria todo o mar, mesmo que significasse achar apenas um resquício de sua existência". han jisung nunca erra nas leituras, então era ele, minho, que estava pecando, certo?

sem resposta.

✧⁠*⁠。requiém para uma flor marítima: minsungOnde as histórias ganham vida. Descobre agora