4 - Amor e Guerra

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- Mas "Fortuna", a mãe Fortuna? - interrompi de sobressalto - Então foi quando se conheceram?

Mãe Fortuna assentiu: - E, de certa forma, foi quando Celesta te conheceu, Flora - e terminou com um sorriso na direção da mãe Celesta.

- Na época eu nem imaginava que eu seria mãe de duas lindas meninas - seus olhos brilharam por um momento - Fortuna e eu ficamos cada vez mais próximas, e acabamos desenvolvendo sentimentos uma pela outra.

"Ouvi boatos de que ocorriam ataques recentes dentro de Nova Kalía e até mesmo na Colônia, mas não dei tanta importância, pois tinha outras preocupações na época (risos).

"Enquanto isso, Kvar atuava em Nova Kalía como investigadora, para descobrir quem ou o que estava atacando cruelmente pessoas aparentemente aleatórias na cidade. Foi quando eu e Kvar nos afastamos por mais tempo desde que nos conhecemos, e também foi mais ou menos nesse período que adotamos a Vagalume.

"Em uma de nossas visitas rápidas à Nova Kalía, conhecemos um grupo de voluntários que amparavam órfãos de tribos atacadas pela Doutrina. Fortuna se comoveu com a mais frágil daquelas crianças; a família da pobre criatura foi brutalmente atacada e as pessoas não convertidas foram eliminadas. Agradecemos às divindades por terem te protegido de todo aquele mal, pequena Vagalume."

- E aí nos tornamos uma família feliz? - perguntou a criança, sorridente.

- Na verdade, foi um tanto mais complicado de início - mãe Fortuna tocou nos ombros da mãe Celesta enquanto falava - Celesta demorou a se adaptar a vocês.

- Sim, admito, como já havia dito antes, que eu nem me imaginei anteriormente como mãe - minha mãe Celesta sorriu com certo ar orgulhoso - Minha experiência com crianças era quase nula, minha vida até então era dedicada à magia e à guerra. Flora sempre foi quieta e silenciosa, o que eu achava até um tanto preocupante dada a sua idade.

- Viu só, Vagalume? Eu sempre fui mais obediente! - falei com orgulho - Sou um exemplo!

- Claramente sua filha, Fortuna - mãe Celesta comentou jocosamente - Orgulhosa e falastrona.

Meu rosto queimou de vergonha e eu me encolhi. Mãe Fortuna deu um peteleco na testa de mãe Celesta e começamos a rir. Os olhos dela brilharam ameaçadores para nós, nos calando de imediato.

- Seu lado mais calmo talvez tenha vindo da minha irmã, Flora - mãe Fortuna comentou, quebrando a tensão - Sua mãe biológica, ela era calma ao ponto de irritar.

Segurei o riso diante do último comentário da mãe Fortuna, apesar da mera menção à minha mãe biológica, de certa forma, tenha sido surpreendente por si somente. Depois de um breve interrogatório sobre minha mãe de sangue, mãe Celesta finalmente interrompe a discussão para voltar à história.

Crônicas do VazioOnde histórias criam vida. Descubra agora