3 - "Fortuna"?

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 "As androides foram mobilizadas para missões de resgate, incluindo Kvar, e eu inventei de ir com ela. Minha tribo estava segura, então eu não precisava me preocupar com ela e ajudar na luta sem medos. Eu sentia que algo me chamava para aquela aventura.

 "A androide me disse que eu estava sendo imprudente, e eu de fato estava, pois sobriedade e paciência foram habilidades que eu adquiri com o tempo e com a idade. Eu atormentei tanto a androide que ela me deixou acompanhá-la como sua auxiliar. Claro que parte do motivo dela aceitar que eu fosse era que meu domínio na chamada Mística era bom o suficiente para eu não acabar morrendo em combate. Fomos para os limites da fronteira e ajudamos as tribos mais necessitadas de auxílio a fugir, tentando proteger o máximo de pessoas no processo."

 - E quem estava ajudando vocês, mãe? - pontuei, interrompendo. Vagalume coçou o olho de sono.

 - Outras androides estavam nos cobrindo, então Kvar e eu nos ocupamos dos resgates - Ela deu um singelo sorriso antes de continuar - Bom saber que está prestando atenção, Flora. Bom onde eu estava?

 "Vi uma jovem, não mais nova que eu, correndo em nossa direção, e parecia carregar uma criança. Seu domínio da Mística era formidável e sua força de vontade foi incrivelmente inabalável, tanto que qualquer ser que a atacasse era jogado para longe antes mesmo de saber o que lhe atingiu. Fui socorrê-la mas, talvez pelo calor do momento, ela conjurou lâminas e lançou-as em minha direção, que defendi com uma barreira de terra feita às pressas."

 - Que perigoso, mamãe! - O sono de Vagalume parecia ter passado - Ainda bem que mamãe é poderosa!

 - Realmente, querida, quase que eu não sobrevivo para contar a história - mãe Celesta riu e olhou para mãe Fortuna, que desviou o olhar e ficou com um rosto vermelho de vergonha - Continuando de onde eu estava...

 "Houveram muitas baixas naquele dia, que lamentaríamos depois, mas também muitas vitórias. Os primeiros flutuadores partiram, levando os refugiados para longe dos fanáticos. Chegávamos à Colônia, onde vivemos atualmente, mantendo vivas as culturas de nossos antepassados. Era um período de relativa paz.

 "Nesse relativo tempo de paz, tínhamos tempo de sobra para nos conhecermos; afinal, eram várias tribos unidas, algumas sem conhecimento nenhum de outras, algumas que achávamos que nem existiam mais. Então tínhamos vários rostos novos para conhecer.

 "Kvar me ajudou a aprender mais sobre a tal jovem e a me aproximar dela. Descobri que seu nome era 'Fortuna' (risos) e o que ela tentava proteger a todo custo era de fato uma criança. Seu povo foi atacado e alguns integrantes estão desaparecidos até hoje, mas seu desejo faria que, no futuro, sua tribo se reestabelecesse."

 - Mas "Fortuna", a mãe Fortuna? - interrompi de sobressalto.

Crônicas do VazioOnde histórias criam vida. Descubra agora