H&M As Peças V

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Depois de interrogarem o cozinheiro, se dirigiram até os jardins com passos calmos, esperando encontrar Alphonse trabalhando com afinco em algum arbusto ou planta.

William refletia sobre qual seria a razão para que todos eles estivessem omitindo algo. Culpa? Medo? Os pensamentos ficavam girando todos em sua cabeça, mas ele não conseguia organizá-los.

Estava tão distraido, que não percebeu quando Holmes diminuiu a distancia entre os dois sorrateiramente e deslizou as mãos ao redor de sua cintura, puxando-o para um beijo demorado e doce, depois se afastou como se nada tivesse acontecido e seguiu seu caminho.

William sentia o coração explodir dentro do peito, se Sherlock continuasse a agir daquele modo, ele não sobreviveria. Forçou-se a voltar sua atenção para o ambiente ao redor.

O caminho por onde íam, era todo ladeado por pedras, perfeitamente limpas, e as flores ofereciam um espetáculo de cores e perfumes. Tudo perfeitamente cuidado com muito esmero pelas mãos de Alphonse. Poderia um assassino ser capaz de tal coisa? Mas a verdade, ele bem sabia, era que sim.

Ele estava abaixado puxando algumas ervas daninhas, usava um chapéu com abas largas e uma camisa surrada. Quando ouviu os passos dos dois se aproximando, se ergueu abruptamente.

-Sr. Alphonse? - William perguntou com aquela calma assustadora, tão característica dele.

-Sim, sou eu. - Respondeu fitando-o com olhos de um castanho avermelhado muito incomum.

Sua aparência era bela, com os ombros largos e os braços fortes, o rosto era bem definido e os lábios marcados, embora a expressão permanecesse séria, William tinha certeza que se ele sorrisse, seria ainda mais lindo. Mas não seria Sherlock, ele tornou a pensar no beijo de antes, mas empurrou a lembrança para o fundo de sua mente, concentrando-se na pessoa diante dele.

-Sou Pennyworth e este é James.Nós estamos investigando a morte da Sra. Liza. - Um lampejo de dor passou pelos olhos do outro.

-Em que eu posso ajudar? - Perguntou solenemente.

- Há quanto tempo trabalha aqui? - Ele franziu o cenho.

-Sinceramente, estou aqui desde que me lembro. Meu pai era... o jardineiro anterior. - Disse como se não importasse. Mas pelos olhos dele, William percebeu que importava sim.

-Conhecia o senhor Andrews? - Sherlock perguntou, afastando todo o incômodo que surgia ao falar com aquele homem.

-Sim, mas só um pouco. Ele era um homem distante. - Deu de ombros, e apoiou o peso dos braços sobre a pá, ainda mirando insistentemente Sherlock.

-O seu pai... -Holmes começou e pareceu tocar em um ponto dolorido, pois Alphonse estremeceu de leve.

-Morto. Foi há muitos anos. - Ele acrescentou rapidamente.

-O que acha dos outros empregados? - William se voltou para ele, seus olhos indecifráveis pareceram desarmar completamente o outro, e por um momento ele não soube o que dizer.

-Bem, Dora e Sonia, estão aqui desde antes de mim. Mas eu não costumo conversar muito com as pessoas. Prefiro a companhia das plantas. - Falou desviando o olhar. William sorriu, sentindo que conseguiu o que queria.

-Bom, acho que é o suficiente. Ah propósito, sabe nos dizer onde Abraham Carter vive? - Ele arqueou a sobrancelha, e assentiu.

-Claro. - Ele explicou duas vezes onde o Dr. Carter vivia e onde realizava seu atendimento, enfatizando que se mantessem sigilosos sobre a informação.

Os dois agradeceram e ele se virou para eles antes que partissem.

-Tenham cuidado, para que o Sr. Thomas não descubra a relação de vocês, ele nunca foi muito tolerante. - Disse friamente, mas havia mágoa escondida na forma como aquelas palavras foram ditas.

O sol havia se escondido sob nuvens carregadas, e o céu prenunciava um grande temporal mais tarde. Eles caminharam por uma rua ladrilhada de pedras, bastante movimentada, com lojas de todos os tipos, pedestres andavam apressados. Um homem alto, de bigode farto, usando cartola e um terno escuro quase esbarrou neles, desculpou-se rapidamente e seguiu seu caminho.

Depois de seguirem todas as instruções de Alphonse os dois chegaram a um prédio de dois andares, recém reformado. A porta de um marrom muito lustroso tinha uma placa dourada com o nome Dr. Carter gravado nela.

William se aproximou e bateu, esperando pacientemente, quando ouviu um clique e uma jovem de seios fartos, com um longo cabelo escuro e um sorriso contido abriu-a , em sua blusa havia um crachá de identificação, seu nome era Mary Bennett.

-Bom dia, vocês tem hora marcada? - Perguntou inquisitivamente, com um olhar afiado.

-Bom dia, nós não viemos para a consulta. Sou Pennyworth e este é James. Nós gostaríamos de falar sobre Liza Andrews. - A mulher pareceu desconfiada, então pediu para que eles aguardassem um momento na sala de espera.

Os dois adentraram o prédio, e se sentaram em um sofa confortável. Era uma saleta pequena, mas bastante aconchegante e confortável, decorada com um mobília cara, composta por um sofá grande e duas poltronas. Na mesinha de centro estavam posicionados cuidadosamente alguns títulos de livros bastante conhecidos, bem como o periódico semanal, e alguns livretos para crianças. Tudo perfeitamente organizando e limpo.

A janela estava fechada, mas as cortinas em tom de azul pastel, estavam abertas deixando o ambiente claro e agradável. Além deles, havia apenas um homem na faixa dos 35 anos que folheava distraidamente um volume de algum livro gótico famoso, eles o reconheceram como o homem que quase esbarrou neles mais cedo.

A moça da recepção se aproximou sinalizando para que eles esperassem que o Sr. Nichols fosse atendido. Depois de algum tempo ela retornou e pediu que os dois a acompanhassem.

Holmes e Moriarty seguiram silenciosos por um lance de escadas até chegar diante de um corredor com um carpete escuro e paredes cor de creme.

-Primeira porta a esquerda, ele os está aguardando. -Disse a srta. Bennett com indiferença, enquanto se afastava o som dos saltos ecoando nos degraus de Madeira, provavelmente retornando para a recepção.

Sherlock se aproximou da porta e bateu com suavidade. William o fitou com aprovação e sorriu. Uma voz grossa e rouca, não muito alta, falou:

-Entrem. -Holmes girou a maçaneta e com um clique a porta de madeira pesada abriu.

O Amor Que Eu SonheiWhere stories live. Discover now