Capítulo 20

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Vou nem falar nada.

E PRA QUEM DISSE QUE EU SÓ VOLTARIA EM UM MÊS, CHUPA AQUI!

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Sua esposa está nos roubando.

Sua esposa está nos roubando.

Sua esposa está nos roubando.

A frase se repetia em loop na minha mente, enquanto eu encarava a expressão fria de Manuel.

— Pai, do que você está falando? — Shawn perguntou, franzindo as sobrancelhas.

Ele poderia ter tentado ser ator.

— É exatamente o que você ouviu, Shawn, sua esposa vem nos roubando por anos, nem foi difícil descobrir. — Encarei o encosto do sofá, aperando as mãos em punho para interromper o tremor. — Estava tão explícito que eu me pergunto se ela acha que somos idiotas, ou se não tem medo de ir para a cadeia.

— Manuel — Ouvi a voz de Karen atrás de mim. — Deve haver um engano... ela não... Karla não seria capaz...

— É exatamente isso, querida. 

— Tire ela daqui, por favor. — Aaliyah sussurrou, para quem eu julguei ser Taylor, que deve ter levado Black para longe. 

Black. Ela se lembraria de mim como uma ladra. Alguém que enganou e traiu sua família. Talvez ela nem se lembrasse de mim.

Meus pais teriam outra decepção com sua filha, desta vez, com a que eles acreditavam ser a que sempre lhes orgulharia. Quem os ajudaria? Shawn? Sei que ele não hesitaria em tomar essa decisão, mas não era justo com ele.

Não era junto com ninguém.

Pensar em nunca mais ver Shawn era o mesmo que enfiar mil agulhas lentamente dentro do meu peito. Saber que agora isso era uma certeza...

— Pai... — Shawn começou, mas foi interrompido.

— Eu tenho todas as provas, tudo. Sinto muito, filho, mas temos que chamar a polícia.

— Você não vai dizer nada? — Ouvi Karen falar comigo, mas permaneci em silêncio. Não conseguiria formar uma frase descente no momento.

— É claro que ela não vai, mãe. — Aaliyah disse. — Eu avisei a vocês. Disse que colocar ela num cargo enorme e com tanta confiança era burrice. E agora, mesmo com ela na cadeia, não vamos recuperar o dinheiro de volta e vamos perder a confiança de vários parceiros importantes.

— Pai. — Shawn chamou mais uma vez. — Precisamos conversar. Não é o que parece.

Um silêncio se fez antes que Manuel dissesse:

— Você sabia, Shawn?

Ergui a cabeça, olhando para o homem ao meu lado. Shawn escarava o pai fixamente, o rosto contorcido em uma expressão angustiada.

— Você sabia? — perguntou mais uma vez.

Eu não podia deixar ele fazer isso. Não podia deixar sua família pensar que ele estava junto da minha irmã nessa sujeira. 

— Não. — Minha voz soou, alta e clara, tão firme, que eu me surpreendi. Shawn me olhou, os olhos arregalados, como se perguntasse que merda eu estava fazendo. O encarei por breves segundos, antes de olhar para Manuel. — Ele não sabia. Eu fiz tudo sozinha.

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