Capítulo 69

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28 horas antes do resgate.

Faltando pouco para menos de vinte e quatro horas para que tudo comece, a minha mente está a mil. Giro a tequila dentro do copo vendo o movimento que o líquido faz, viro a bebida de uma só vez que desce como se fosse água.

Com certeza essas últimas horas estão sendo as mais difíceis, principalmente quando olho para o relógio e vejo que não se passou nem dois minutos desde a última vez que olhei. Ainda mais difícil por ter que esperar por algo que é incerto, a sensação que tudo isso traz não é uma das minhas favoritas.

Não descreveria essa sensação como insegurança, depois de tantas missões acabei me acostumando, mas pelo cenário que estamos vivendo, descreveria como angustiante.

Apoio os braços na janela vendo o dia amanhecer, nesse tempo que estamos aqui, acompanhar o nascer do sol acabou virando rotina, já que não consigo pregar os olhos por uma hora seguida.

O que está me salvando esses dias é a garrafa de tequila, que estou tendo que poupar para não acabar assim como a minha maconha acabou nos quatro primeiros dias. Estou a mais de uma semana sem colocar um baseado na boca, revirei o quarto na esperança de achar uma ponta, mas foi tempo jogado fora.

Se acostumar com algo é foda, quando você não tem acesso aquilo, suas emoções ficam a flor da pele.

Quando o dia fica totalmente claro saio do quarto jogando um chiclete na boca para abafar o cheiro de bebida. Certamente o pessoal já estão lá fora, assim como todas manhãs. A grande parte do tempo ficamos do lado de fora da casa, a projeção da casa é boa, principalmente do jardim, fora que aqui faz muito calor por ser uma região cercada por mato ela é abafada, então ficar dentro de casa é uma missão difícil.

Castel está acabando de montar a mesa do café da manhã, como ele fez todos os dias desde que chegamos aqui. Agradeço por ele levar jeito na cozinha, porque se dependesse de mim todos morreriam de fome.

- ¡Perfecto! - Castel fala ao colocar a última cesta na mesa.

- Castel, você arrasa! - Pérola diz apreciando a mesa. - Essas tortilhas são as melhores. - solto o ar pelo nariz em forma de deboche, sabendo que ela falou isso porque foi ela quem fez as tortilhas. - Algum problema, querido?! - coloca a mão na cintura me olhando.

- Nenhum, querida. - sorrio sarcástico, pego uma tortilha e mordo fazendo careta. Não vou negar, ficou boa, mas ela não precisa saber disso.

- Você nem ouse falar mal das minhas tortilhas, ou quem vai parar naquela ambulância é você com uma entalada na garganta.

Solto um "ram" em deboche analisando ela de cima a baixo que me encara seria, nem tamanho a criatura tem. Termino de comer e sento na mesa, assim como os outros. Batuco o dedo na mesa enquanto eles comem conversando.

- Não vai comer? - Castel pergunta, nego.

- Estou sem fome. Você não tem um cigarro sobrando aí não? Só pra aliviar. - ele tira o maço do bolso e me estende, agradeço pegando um cigarro. Levanto me afastando para poder fumar, a nicotina de alguma forma me deixa relaxado. Olho para o cigarro entre os meus dedos, sorrio ao lembrar de Melissa falando da risada de fumante.

A maconha está me fazendo falta, mas nada se compara com a falta dela.

Quando todos terminam de comer eles juntam as coisas deixando a mesa livre. Abro o mapa na mesa tendo atenção de todos sobre mim.

- Essa é a nossa última vez revisando o plano. Sei que todos já estão cansados e sabem de cada detalhe, mas não podemos errar, um erro se quer fode com tudo. Assim que o plano der início vou ir embora daqui e vocês vão ficar responsáveis da parte mais importante. Por Castel resolver assuntos da facção fora do México a cara dele não é marcada, por isso ele vai dirigir indo com Sérgio - medico da facção. - Martin e Borges vão infiltrados dentro da ambulância. Por protocolo quem estiver na guarita vai visionar o interior do veículo, momento que vocês vão dar o bote. Pelas filmagens são três guardas do lado de fora; dois na entrada e um dentro da guarita. Quando os três estiverem rendidos, você. - aponto para Martin. - Vai descer e trocar de roupa com um dos guardas, e entrar na guarita fazendo um deles de refém.

Doce TentaçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora