Não fode.

945 65 12
                                    


Lavei a roupa do Rio, passei ela e coloquei em uma sacola.
Mesmo lavada, ainda tinha aquele cheiro de perfume caro. Que cheiro viciante.
Como deve ser cheirar o pescoço dele?
Estou pensando em coisas... assim com ele desde que ele me chamou de "gostosa".
Aquele idiota pensa que vou ficar caidinha nele?
Não.

Apertei a campainha dele, e ouvi atrás da porta um: pode entrar.

Ele estava do mesmo jeito. Sem camisa, com um short e descalço.
Como antes, lindo.
Para.

-Ah, obrigada.- Ele me entregou as minhas roupas. As dele estavam na minha mão.

-Ok, vai querer ficar mais?- Ele me perguntou se eu quero ficar?
Não e sim.
Preciso repassar com ele o que faremos na festa hoje.

-Ah, pode ser. Não tenho muita coisa para fazer em casa mesmo. E você, não é pior do que limpar o ralo da minha pia.-

Ele ri.

-Elizabeth, eu tenho que te falar uma coisa dos meus amigos.-

-Tá.-

Me viro, e procuro um banco para me sentar.
Vejo uma escada. O que será que tem lá
em cima?

-O que eu preciso saber dos seus amigos idiotas?-

-Que eles são engraçadinhos. Não dê confiança.-

-E se eu quiser dar?-

-Por mim tudo bem, mas é para o seu bem.-

Como se ele se importar-se.

-Você liga para mim? Que piada.-

-Você é útil para mim. Lembra? Temos meio que um contrato. Você trabalha para mim durante três anos. E se quiser continuar é só me pedir.- Ele diz.

-Sabe que eu vou acabar aceitando. Você só vai fazer uma proposta maior. Você é um filha da puta, que só se importa com dinheiro.-

-Sou mesmo. Um filha da puta. Mas quando você estava chorando na sua casa por conta do seu ex maridinho, eu estava lá, não estava?-

-Já tem muito tempo, eu estava bêbada, e só chorei porque tinha acabado de me divorciar. Não venha me dizer que nunca chorou. Não fode.-

-É, acho melhor você ir.-

-Eu acho melhor também.-

Levanto, e vou em direção a porta. Bufei, e esqueci que não entreguei a blusa dele.

-O quê? - Ele estava com aquela cara de quem iria matar alguém. E eu já estava tão acostumada com aquilo, que nem sinto mais medo. -Vai me xingar mais?-

-Não seu idiota. Aqui está a sua blusa.-

-Hum.- ele pega a sacola, abre ela e tira a blusa de dentro.- Você passou ela.- ele olha para mim.

-E daí?-

-Nada.- Ele da de ombros.
Fiquei em silêncio, e me aproximo dele.

-Eu não tenho medo de você. Eu juro por Deus que não tenho. Por você eu tenho ódio. Um ódio tão horroroso que tenho medo de me consumir. Então, você poderia por favor me deixar em paz? Um pouco. Só uma hora, uma semana, ou uma porra de um dia todo? Eu não estou aguentando mais suportar você.- Me viro, e saio. O mesmo não diz nada. Pelo contrário. Nunca vi ele tão sem expressão na vida.

Voltei para casa e tentei ao máximo relaxar.
Mas não conseguia tirar da cabeça tudo o que disse.

Eu não tenho medo de você.
E não tenho. Mas preciso dele. Preciso do seu dinheiro de merda. Preciso sobreviver com esse dinheiro sujo.
Tenho dívidas, crianças, contas de casa... e necessito de dinheiro para comer.
Tenho que seguir na linha.
Que merda!
Porque tenho um chefe como ele?
E porque caralhos ele não me deixa um pouco em paz?

Precisava falar daquele dia?
Naquele dia estava muito bêbada.
Na verdade... eu só havia tomado dois copos de vodka. Mas sou um pouco fraca para bebida, então estava um pouco distante quando terminei o segundo.
"Rio viria naquele dia para resolvermos alguma coisa sobre o dinheiro falso.
Mas quando ele entrou na casa, me viu deitada no chão com as mãos no rosto, e chorando. Ele se ajoelhou no chão, e viu que eu estava bêbada e triste.

-O que aconteceu?- Ele tinha perguntado.

-De-an- Disse embolando.

-Que merda ein. Não sabe beber, não bebe.- Ele briga comigo.

-Você voltou?- Perguntei. Me aproximei dele, e o beijei.
-Sabia que iria voltar.-

-Elizabeth, merda.- Ele disse, e se afastou.

Rio olhou para mim por alguns segundos, e me ajudou a levantar.
Assim que me botou na cama, eu dormi.
Quando acordei ele ainda estava lá. Ele dormia ao meu lado.
Acordei ele com a minha mão, e o mesmo esfregou os olhos.

-Finalmente a bêbada acordou.-

-Ai.-Disse pela ressaca. Mesmo me lembrando de ter bebido só dois copos de vodka, acho que talvez não tenha tomado só isso. - O que você está fazendo aqui?-

-Você estava no chão da sua cozinha quando te encontrei, chorando.-

-Me desculpe pelo meu drama.-

-Tudo bem. Eu já vou.- ele disse, e resmunga- Fiquei tempo de mais.- Ele sai do meu quarto, e sai da minha casa. "

Pelo que eu me lembre, ele ficou na minha casa até eu acordar. Ele se importou comigo naquele dia. Mas depois ele ficou estranho. Por duas semanas ele me evitou ao máximo. E depois voltamos a nos falar normalmente. Com ódio nos olhos.

Rio me ajudou, e só. Isso não justifica tudo o que ele faz.
Ele pode até ter sido legal, mas isso não apaga tudo o que ele fez.





Uma disputa deliciosa / Good girls Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ