IN(QUEBRÁVEL) | ✓

22| Falta de diálogos

AMBER

Alguns dias se passaram depois que Dom me disse tudo que ele fez por causa da sua mãe. Ainda estava um pouco receosa para pedir para vê-la. Tudo isso foi tão recente que eu não sei se estava preparada para ver alguém tão importante do meu passado. Ainda mais uma pessoa que eu achava que nem se lembrava da minha existência. E agora, me deparei com essas informações que tomaram todo o resto da minha sanidade.

Nesse tempo, conversei com ele sobre pegar o dinheiro que ganhei para abrir um novo estúdio, ele me deu muito apoio, por isso, passei a ficar algumas horas fora de casa à procura de um espaço legal e hoje finalmente encontrei. Era perfeito. Bem perto daqui e na melhor parte da cidade.

Sinto que agora tudo pode começar a dar certo de fato. Estarei perto da pessoa que estou apaixonada e trabalhando com o que gosto.

Também comecei minha terapia e mesmo com muito receio de me abrir, estou conseguindo aos poucos liberar tudo que minha mente guarda. Às vezes sinto que meu psicólogo quer correr. Sorrio, me sentindo estranha com isso.

Chego em casa perto da hora do almoço e pelo cheiro, sei que Katherine está na cozinha. Desde que passei a sair mais, Dominic pediu para ela vir todos os dias fazer o almoço, o que achei perfeito. É uma droga só saber cozinhar dois pratos, às vezes enjoa muito.

Vou até a cozinha e a vejo concentrada na sua tarefa. Digo olá e saio para não a atrapalhar. Sigo até o quarto de Ian e estranho ao ver que ele não está ali. Rapidamente minha mente 100% traiçoeira se lembra da fofíssima babá. Ela chegou tomando um espaço muito grande, até mesmo fazendo ele optar por ficar com ela do que comigo. Sem contar que ela é muito linda e sempre fica olhando por tempo demais para Dominic. Isso me irrita em um nível muito estratosférico. Até pensamentos da minha parte má surgem o tempo todo.  

Desço as escadas rapidamente e volto até a cozinha.

— Kathe, você sabe para onde a Sarah levou Ian?

A senhora gordinha se assusta ao ouvir minha voz um pouco alterada, mas logo se recupera me dando um sorriso.

— Ela não me disse… Apenas falou que voltaria logo.

Acho que minha mente fica em branco por alguns segundos e logo em seguida uma raiva toma conta do meu ser. Pela cara assustada, Kathe percebeu que não gostei disso. Logo hoje que eu pedi a ela para não sair, ela o fez. Isso é nitidamente uma forma de me afrontar.

— Eu disse a ela que vocês não iriam gostar disso, mas ela não me escutou, disse que era rápido e logo estaria aqui. 

—  Ok. Obrigada. Vou falar com Dominic sobre isso.

Me afasto, tentando não pensar em várias formas de assassinar essa mulher. As vezes eu sinto que ela faz essas coisas para me irritar. Assim como outras coisas que já peguei fazendo. Fora os olhares que ela me dá. Sinto algo nada bom emanando dela na minha direção.

No início, eu achava que era apenas ciúmes da minha parte, mas agora, percebo que tem algo mais. E eu preciso saber o que é antes que ela faça qualquer coisa.

Pego meu celular para ligar para Dom, mas antes que eu coloque seu número, escuto um barulho na porta e logo depois ela invadindo o cômodo, com Ian no seu colo que sorri lindamente sobre algo que ela disse.

Respiro profundamente, guardando meu aparelho e esperando ela se aproximar. Seu sorriso falso diz muito sobre essa situação.

Desfoco dela e pego Ian do seu colo, que graças a Deus, hoje não recusou. Porque ultimamente ele vinha fazendo isso.