Ela sorri, com os olhos cheios de lágrimas, me abraçando novamente. Depois, fico mais algumas horas com ela, provando do seu tempero e conversando sobre como Amber é com Ian e comigo. Nitidamente ela parece feliz ao saber que estamos bem. E isso me faz respirar melhor. Sinto que tudo dará certo, finalmente.

(...)

Quando entro dentro do apartamento, o silêncio me atinge, me deixando curioso, afinal, nunca o vi dessa forma. Não quando Ian está por aqui. Ele é pequeno mas sabe bem como deixar sua presença notável. Ainda mais nesse horário.

Chamo por Amber mas não obtenho resposta. Sigo até as escadas e vou na direção do quarto de Ian. Mas não vejo nada. Vou até o meu e me surpreendo. Mais uma vez.

As duas coisas lindas estão enrolados na minha cama, com a tv ligada em algum desenho que é completamente ignorado por eles, afinal, estão dormindo como duas pedras. Ian está tão grudado no pescoço de Amber que até parece que ela vai fugir.

Fico observando os dois por alguns minutos completamente encantado com essa interação que eles construíram. Posso facilmente me acostumar com isso pelo resto da minha vida.

Me aproximo mais, ao perceber que ela está acordando, provavelmente ao se sentir observada. Já percebi que ela tem um sono leve e está sempre em alerta.

Seus olhos verdes se abrem, me dando uma visão esplêndida deles com o sol reluzindo ali. Simplesmente magnífico.

— Que horas são? —  pergunta, com os olhos ainda pequenos de tanto dormir. Até assim é linda, e eu sinto a cada novo momento que estou muito de quatro por ela.

— Já passou da hora do almoço a um bom tempo… —  falo baixo, para não acordar Ian. Ela retira as mãos dele do seu pescoço bem devagar e se levanta, colocando logo depois uma barreira de travesseiro para impedir que ele caia.

Fico atento a cada ação dela. Sua super proteção com ele me deixa mais fascinado que antes. Sempre foi difícil encontrar alguém que quisesse fazer parte dessa forma na minha vida. E por muitas vezes evitei me relacionar por causa dele. Meu filho sempre foi e sempre será minha maior prioridade, então cogitar a possibilidade de ter uma mulher que não soubesse lidar com ele era impossível.

Ela finalmente sai de perto, me dá um sorriso tímido e segue até o banheiro. Prefiro dar privacidade para ela, então fico velando o sono do meu campeão até ela voltar me chamando para sair do cômodo. Sabia que ela não iria esquecer da nossa conversa. 

Nosso caminho até a sala é silencioso e eu sei que a mente dela provavelmente deve está criando milhares de teorias loucas.

Assim que ela se senta no sofá, faço o mesmo. E para evitar uma distância, me sento bem perto dela, e a puxo para meu colo, que vem sem questionar.

— Agora eu vou te contar tudo… Preparada?

Ela respira profundamente, levando suas mãos até meus cabelos, me dando um aceno positivo logo em seguida.

—  Bom… A alguns anos atrás eu consegui uma bolsa de estudos na França, por isso, passei cerca de seis anos longe de casa e meus pais ficaram sozinhos por esse tempo. Éramos só nós três, e eu não sabia tudo que eles faziam por aqui, mesmo a gente se falando quase todos os dias…

—  O que isso tem a ver com o que você fez para me ajudar? —  pergunta, parecendo confusa.

Passo minha mão em seu rosto e em seguida dou um beijo casto em seus lábios.

—  Você vai entender… Continuando, um certo dia, minha mãe me ligou parecendo muito triste, obviamente questionei o que tinha acontecido e ela me falou sobre uma garota que ela tinha encontrado na estrada muito machucada…

—  Meu Deus!

Suas palavras já me dão um pouco de noção sobre como ela já percebeu. Mas continuo falando.

—  Ela estava chorando porque essa garota tinha ido embora sem avisar nada… E só nesse dia ela me falou sobre a história dessa garota. Obviamente fiquei muito comovido, mas não pude fazer nada naquele momento, eu estava na metade da graduação, não poderia ajudar.

Ela funga silenciosamente, deixando as lágrimas molharem seu lindo rosto. Tento limpar, mas é impossível, porque ela não para de chorar.

—  A sua mãe se chama Angelina?

Aceno positivamente e ela chora mais ainda. Me aproximo dando um beijo suave em seus lábios novamente.

—  Alguns anos depois, eu estava no meu escritório e ela me ligou, pedindo para olhar a tv. Quando o fiz, vi o seu caso, e ela me contou que você era a garota que ela tinha ajudado anos atrás…

—  Foi ela que pediu para você me tirar de lá, né?

—  Sim, linda.

Ela leva suas mãos ao rosto, chorando copiosamente, me deixando sem reação por alguns segundos. Não sei reagir ao ver ela tão emocionada assim. Sempre a vi como alguém de ferro, que não se abala com qualquer coisa, mas agora, vejo muito além. E é lindo.

—  Minha mãe praticamente me implorou para tentar fazer algo por você… Ela me disse que você não era esse monstro que estavam dizendo… Não consegui dizer não a ela, então, comecei a agir. Eu tenho alguns amigos de caráter um pouco duvidoso... Foi só algumas ligações e tudo começou a correr ao seu favor. Foi isso.

— Eu sempre achei que estava sozinha, sabe? E saber que a sua mãe, a mulher que me ajudou anos atrás foi capaz de fazer tudo isso por mim… É surreal.

— Ela gosta muito de você. E quer te encontrar quando você se sentir bem com isso.

— Meu Deus! Faz tanto tempo… É óbvio que quero ver ela. Obrigada mesmo! Obrigada por não ter negado a ela e principalmente por não ter desistido de mim em nenhum momento…

Ela me agarra, como se fosse sua tábua de salvação, depositando beijos em todos meu rosto, até chegar na minha boca. Ali, ela se aprofunda, passando tudo que sente e eu posso sentir que está no mesmo nível do que eu sinto.

— A partir de agora, você tem uma família linda.

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