Amélia

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Ele era um ser cruel.

Ele a tratava como lixo.

Ele a traía, feria.

E, ainda assim, ela estava lá.

Mas, agora, ele não a machucaria mais.

Agora, ele sorria, os cortes ficaram um tortos, mas ainda era um sorriso.

Ele estava lá, olhando para ela com os olhos castanhos e vidrados.

Sua pele estava pálida, mas, assim como os lábios arroxeados, ela poderia usar um pouco de maquiagem para disfarçar.

Ela estava apaixonada pela atenção que ele a dava.

Ela comprou flores para enfeitar a casa, e alguns curativos para colocar nos ferimentos no peito de seu amado marido.

Preparou um jantar especial para eles, acompanhado de um bom vinho.

A faca usada para cortar os legumes era a mesma que, dias antes, havia perfurado diversas vezes o peito, agora, coberto de gaze, que já não sangrava.

Após o jantar, sentou-se ao lado de seu marido no sofá, para assistir àquela série que ela gostava e, depois, àquele programa de luta que ele adorava.

Algumas horas mais tarde, ela acorda com um barulho estrondoso vindo da pó era de entrada da casa.

A televisão ainda estava ligada, o relógio ao lado do sofá mostrava estar próximo da meia-noite.

Cerca de oito ou dez homens vestidos com uniformes policiais encheram a pequena sala de estar.

-- Senhora Amélia Gomes, você está presa pelo assassinato de seu marido, Fábio Gomes -- disse um dos policiais à sua frente.

-- O que?! Eu nunca o machucaria -- exclamou ela. -- Diga a eles meu amor, diga!

Alguns dos homens ali presentes a olhavam horrorisados, divindo o olhar entre a mulher e o corpo em suave decomposição de seu marido.

Naquele noite, Amélia Gomes foi presa e logo após seu julgamento foi mandada para o manicômio mais próximo após ser dada como doente mental e não responsável por seus atos.

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