XXI

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Esse capítulo irá conter um gatilho, deixarei sinalizado quando ele começar e acabar.

Minha família voltou para casa no domingo e o clima estava estranho entre eles, aquela viagem não parecia ter sido tão boa quando eles esperavam, meu pai gritava com minha mãe e dizia coisas absurdas, bom, meu pai sendo meu pai. Não me atrevi sair do meu quarto, não parecia ser seguro fazer isso naquele momento.

Resolvo acender outro cigarro na intenção de escapar da realidade, eu estava esgotado demais para me importar com a gritaria e também sabia que não teria condições de defender minha mãe caso o meu pai faça algo. As coisas estavam estranhas, não consigo entender, é como se tudo estivesse dando errado novamente e eu me pergunto quando iria encontrar a felicidade novamente.

Talvez essa resposta esteja mais clara do que eu gostaria.

Decido abrir a janela do meu quarto e observo a altura, será que era alto o suficiente para me matar caso eu pule? Talvez seja... Tento não pensar muito sobre isso, meus pensamentos suicidas estavam voltando aos poucos e era horrível ter que lutar contra a minha mente diariamente. Por sorte (ou azar), escuto leves batidas em minha porta e sou obrigado a afastar esses pensamentos.

— Ei, o que aconteceu?

Gemma me abraçou com força, ela estava chorando e também tremia um pouco, partiu meu coração vê-la daquela forma.

— O papai está brigando com a mamãe de novo, Hazza... Não gosto disso.

Quis chorar. Minha irmã estava crescendo em um ambiente horrível e tudo era minha culpa, eu sempre estou fora de casa para não ter que lidar com meu pai e acabo me esquecendo completamente de que ela possa estar presenciando todas essas brigas ou coisas horríveis que meu pai insiste em dizer.

— Shh... Está tudo bem, eu estou aqui. — Pego ela no colo e caminho até seu quarto, não podia deixar minha irmã sentir o cheiro da maconha que estava fumando, isso me tornaria um irmão ainda pior.

— Eles brigaram durante a viagem, maninho, eu fiquei com medo...

Não consegui acreditar naquilo. Como eles tiveram a irresponsabilidade de brigar na frente de uma criança? Eu precisava tirar minha irmã dessa casa, não é saudável para ela e me partia o coração ver ela chorar pela falta de maturidade do meu pai.

— Princesa, eu preciso que você arrume uma mochila com algumas roupas, tudo bem? Eu não vou deixar você ficar em um ambiente assim, nós vamos para outro lugar. O maninho já volta, tudo bem? Também vou arrumar uma mochila.

Ela concordou e começou a arrumar as coisas, eu sabia para onde iríamos e me culpei mentalmente por isso.

***

Me certifico de que minha irmã havia colocado todas as coisas necessárias na mochila antes de pegar Gemma no colo. Ela me disse onde meu pai havia colocado meu celular e eu agradeci por isso, precisaria pedir um uber para irmos até o local.

— Resolveu voltar para casa, Harry? — Meu pai me pergunta e eu reviro os olhos.

— Não precisa se preocupar, já estou saindo.

— Para onde você vai com a sua irmã?

— Gemma precisa de um lugar saudável e essa casa não é o local ideal para isso. Vocês estão sendo irresponsáveis demais com toda essa gritaria e discussão, resolvam os problemas de vocês com maturidade, ninguém mais precisa saber que estão com problemas. Estou levando minha irmã para um lugar seguro e peço para que não nos procurem, vocês não sabem dar valor a filha que tem e eu não vou deixar ela crescer como eu cresci.

La di die [larry stylinson]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora