1. O vizinho de baixo

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Era complicado explicar o que Xiao sentia naquele momento.

Angústia, dor, sofrimento... Tudo nele ardia como estivesse saíndo uma enorme quantidade de sangue por todas as suas feridas abertas, entretanto, ele sequer tinha uma machucado. Não aqueles que se pode ver com os olhos, é claro. Tudo era interno. Doía lá, no coração, bem no fundo.

Passava a maioria do seu tempo sozinho e com aqueles malditos pensamentos que o enlouquecia. Óbvio que não tinha culpa por pensar aquelas coisas feias, sem pé e nem cabeça, mas por ser uma pessoa cheia de traumas do passado, isso entrou na cabeça que ele fazia jus ao todos os xingamentos que já levará na vida.

Pelo menos, Xiao ainda conseguia ter um raro momento na vida dele em que fugia de todos os seus pensamentos suicidas para viver como um ser humano simples e comum. O seu único momento que ficava em paz era quando saía de casa, passeava no parque próximo a sua residência onde havia diversas crianças brincando feliz, um lugar imenso de sentimentos, e ia em direção ao seu medíocre trabalho.

Ah, trabalho.

Lá ele não se sentia bem não. Na verdade, ele só se sentia bem quando passava pelo parque, apenas isso. O seu trabalho seria como uma versão atualizada de sua casa para não pirar de vez.

Salário baixo, chefe irritante, colegas de trabalho preguiçosos e que apenas terceirizam trabalho para os novatos como fossem os donos do estabelecimento... Argh.

Que lugar péssimo.

Cheio de emoções negativas.

Ao menos, Xiao ficava apenas meio período lá. Não a vida toda. Um ponto positivo para a vida.

Só que... ah, novamente aqueles malditos pensamentos voltam a tona e dessa vez mais forte. Xiao nunca teve coragem o suficiente para buscar ajuda. As vozes da sua cabeça o diminuía sempre que tentava; "ela só vai rir de você. Seus problemas são podres. Apenas para chamar atenção, acredito. Cresça."

E isso vêm acontecendo há 23 anos...

O garoto de cabelos escuros, com algumas mechas coloridas de azul ciano e de olhos amarelados como o sol, neste exato momento estava no último andar do seu apartamento, sentado bem na beira do edifício enquanto assistia com lentidão os carros que passavam, as pessoas miúdas, as luzes, a extravagância de barulho.

Xiao sempre fora um zé-sem-coragem para buscar ajuda, entretanto, tinha coragem de sobra para cometer um ato que ninguém faria.

Suicídio.

Tentará duas vezes. Uma foi com remédios, quando tinha por volta de quinze anos, bem na casa dos seus falecidos avós. Já a outra foi cortando o pulso diversas e diversas vezes, realizada a ação com vinte anos, um ano antes de sair da casa dos seus pais, que o julgavam como "mimadinho" e "depressivo por entretenimento".

O que aconteceria caso ele tentasse novamente? Ainda sim, com grandes chances de obter sucesso?

De repente, um sorriso surgiu nos seus lábios ressecados.

Xiao se levantou devagar, abriu os braços para sentir a brisa, fechou os olhos e...

"Você vai se jogar?"

Como?

Uma voz surgiu na sua cabeça confusa. Mas, não era uma daquelas vozes que o incentiva a fazer o que quer. Na verdade, era uma voz bem bonita que emanava uma sensação boa.

"Se for, por favor, não faça isso."

"Se eu não fizer, vou continuar sofrendo e morrendo aos poucos."

12 Motivos [XIAOETHER]Onde histórias criam vida. Descubra agora