Venda! Mãe

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Mãe, carrega seus sacos e trouxas,
vandalize todos os bairros,
grite bem alto que puder
e venda! Mãe
Não pare, continue a venda,
vá, siga o caminho a sua direita
que eu seguirei o caminho a esquerda
Venda! Mãe
Entra de casa em casa,
passe pelas ruas do cemitério, 
se possível venda para os mortos o 
seu alface chora, grita e suplica para eles, mas não deixe ser levada pela miséria!
Serás humilhada, até mesmo insultada, 
mas tenha paciência e sejas firme, mãe;
venda mais um pouco, talvez alguém compra, entre em qualquer cabana, 
Venda só mais um pouco a sua kacana.
A salada dza 10 nima khofo ya 15 haleno.
Mãe, as suas crias estão famintas,  
estômago cheio de fome, de tanto nada que comeram, e sedentas de tanta sede que beberam, mas não desanime.
Venda! Mãe
Para que não morram de fome. 
Mamã, não chore pela vida
que hoje é chamada de miséria.
Amanhã! Amanhã lembrarei dela e direi o seguinte: A minha Mãe vendia Alface e comíamos nada, vandalizava todas as estradas com os olhos atulhados de lágrimas, chorava pela pobreza e lutava pela riqueza...
Então, Venda! Mãe
O teu Alface de 10 e a couve de 15 meticais.
Venda! Mãe 

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Rivaldo, O Poeta Nhantumbo (O inimigo da solidão, O amigo do amor)
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*O teu Alface de 10 e 
a couve de 15 meticais aquí (Escrito na Língua materna "Changana" derivado do bantú, e que é falada na cidade capital de Moçambique que está situada no sul do país)

A poesia que nos encontra (história Completa)Where stories live. Discover now