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Vou lhe dar meia hora para se preparar.

Meia hora? Chaeyoung tentou não entrar em pânico. O que era meia hora para se tornar uma esposa? Uma piscada, no máximo. Trinta minutos não eram nem de perto tempo bastante para ela se aprontar. Trinta anos talvez não fossem suficientes para ela se sentir preparada. Tudo aquilo era coisa demais para Chaeyoung absorver. Ela estava casada, prestes a perder a virgindade. E, o pior de tudo, ela estava se sentindo estupidamente atraída pela esposa.

Naquele exato momento, seu coração
latejava com uma dor delicada e doce. Que absurdo. Pelo amor de Deus, ela só a conhecia a menos de um dia, e a Capitã foi terrível a maior parte do tempo. O cérebro dela discutia sem parar com o coração tolo e sentimental.

Jisoo a chantageou para que casasse com ela. E então ele me beijou perto do lago. A atitude dela com você é repugnante. Mas a lealdade dela para com os soldados é admirável. Kim ameaçou carregá-la como um saco de aveia. Mas na verdade me pegou no colo como sua noiva. Chaeyoung, você é impossível.

— Não tenho como negar isso — ela murmurou depois de suspirar.

Chaeyoung decidiu não chamar a criada para ajudá-la a se preparar. Enquanto tirava a
faixa xadrez e o vestido, ela se lembrou de que a Capitã Kim Jisoo não era a heróina com quem passou a adolescência sonhando. Quando ela voltasse para aquele quarto dentro ela verificou o relógio, dezenove minutos, não seria com a intenção de continuar o romance; Jisoo voltaria para completar uma transação.

Mas, mas,mas...

Um relâmpago reluziu lá fora. Ela interrompeu o movimento de desenrolar as meias, inundada de repente pela lembrança. O braço de Kim, abraçando-a com firmeza enquanto o trovão ribombava. Jisoo estava lindo sob a luz das velas. Para não mencionar a emoção que ela sentiu quando Kim a carregou escada acima.

Oh, ela estava tão encrencada.

Enquanto passava uma escova pelo cabelo solto, ela sentiu arrepios de expectativa
percorrerem seu corpo. Essas sensações brincavam de um pega-pega travesso,
correndo de uma parte secreta de seu corpo para outra. A pele dela estava quente e
formigante. Ansiosa. Pronta.

Ela fechou os olhos e inspirou fundo, devagar. Ela não deveria estar ansiosa para
fazer aquilo, nem imaginando que aquele encontro possuía um significado diferente da
realidade. Esse tipo de tolice só poderia acabar fazendo com que ela se magoasse.
Amor é só uma mentira que contamos para nós mesmos. E Chaeyoung tinha muita prática em mentir.

Ela deu outra olhada para o relógio.
Faltavam oito minutos. Quando recolocou a
escova de cabelo na penteadeira, Chaeyoung o broche em formato de coração que Jisoo lhe deu no fim da cerimônia. Qual era o nome que Callum tinha lhe dito?

Luckenbooth.

Ela o pegou para examinar de perto. O desenho era simples, humilde, até. O formato de um coração trabalhado em ouro com algumas lascas de pedras semi preciosas — verdes e azuis — inseridas no alto.
Chaeyoung virou o broche na mão para examinar o fecho. Ao fazê-lo, as pontas de
seus dedos sentiram uma parte áspera no objeto que, de resto, era liso. Interessante.
Estava gravado. Ela se aproximou da vela e examinou com atenção aquelas marcas
minúsculas que pareciam formar um par de iniciais. “K.J.”

Kim Jisoo, claro. Céus, ela tinha vindo preparado. Jisoo pareceu ter
pensado em tudo. Então ela forçou a vista para identificar as segundas inicias,
esperando encontrar um “P.C.”, de Park Chaeyoung. Contudo, não havia um “P.C.” ali. Havia, na verdade, outro par de letras.

— “A.D.” — ela leu em voz alta.

Inacreditável! Parecia que a Capitã Jisoo
“Amor é só uma mentira que contamos
para nós mesmos” Kim era mentirosa, também. Ela devia ter alguma história antiga de amor. Uma que, obviamente, não tinha acabado bem, levando-se em conta que Kim deu para Chaeyoung o broche que tinha comprado para sua antiga amada. Patife.
Chaeyoung deixou o broche cair na penteadeira. Pelo menos aquela sensação de expectativa tinha se dissipado. Era exatamente daquilo que ela estava precisando para separar o coração do resto do corpo. Agora ela possuía uma prova irrefutável para lembrá-la de que aquele não era um casamento real, e que não deveria imaginar que Jisoo possuía qualquer sentimento verdadeiro. Ela usaria aquele luckenbooth todos os dias, um pequeno talismã em forma de coração para se lembrar de que tudo aquilo
era falso.

A Noiva da Capitã | ChaesooOnde histórias criam vida. Descubra agora