capítulo 14 • la final.

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Joaquín Piquerez.

A tarde passara rápido para nós.

Já estávamos dentro do ônibus e, em instantes, chegaríamos ao Estádio Centenário.

Por ser da "turma do fundão", tinha que aturar as crias e seus funks numa caixa de som maior que a Becca. E por falar nela, Abel me disse que a mesma me mandou alguns "presentes de boa sorte" e que eu poderia pegá-los assim que chegasse no estádio.

Agora tudo faz sentido; tanto a ida de Becca ao CT, quanto a forma que se repreendeu quando me contou que iria ao local entregar algo ao Abel.

Rebecca Gómez Portillo é a porra da melhor pessoa que conheci em toda a minha vida.

- CHEGAMO NO CENTENÁRIO CARALHO. - gritou Danilo, a cria da academia.

Ajeitei a minha postura e passei a olhar a janela com mais atenção.

Na frente do estádio, haviam inúmeros torcedores. Avistei alguns vascaínos junto da torcida palmeirense e esbocei um largo sorriso ao pensar no quão Becca ficaria feliz se visse a união de seu time do coração com o time que ela mais simpatiza.

- É SÓ BOTADA NAS CACHORRA. - cantarolou o centroavante, me tirando do transe.

- Deyverson, quem canta essa música? - perguntei com um tom falso de curiosidade na voz.

- Felipe Amorim. - respondeu-me após passar alguns segundos pensando.

- então deixa ele cantar. - ironizei, voltando minha atenção a janela.

Não deu nem tempo de admirar a paisagem, pois o motorista do ônibus acabara de estacionar o veículo.

Esperei as crias descerem com suas bagagens e a caixa barulhenta para pegar minha mochila e descer na companhia de Gustavo. O paraguaio estava inquieto; olhava o celular a todo momento por estar preocupado com Becca e Lucca (que estavam sozinhos em casa com o gato de Rony) e me lembrava a todo minuto que estava nervoso, mas preparado para a partida. Acho que ouvi isso umas 12 vezes.

Enquanto andávamos em direção ao vestiário, não pude deixar de reparar na torcida. Os flamenguistas estavam presentes em maior quantidade, mas nada apagava o quão linda, bagunçada e elétrica estava a nossa torcida.

Orgulho. É isso que sinto.

Descemos as escadarias ouvindo os gritos da galera alviverde e logo chegamos ao vestiário do Centenário.

Busquei pelo número 22 diante de diversos números de variados jogadores e o achei em questão de segundos. Meu uniforme já me aguardava no cabide; abaixo, uma carta com uma foto impressa da minha família uruguaia e uma pequena caixa de madeira com tampa dobradiça. Acima da caixinha, havia um recado.

Era a letra dela, reconheci somente com um olhar.

Me ajoelhei em frente aos mimos e resolvi abrir primeiro os que Becca enviou.

- para Joaquín Piquerez. Você tem um ótimo gosto para músicas e seus (a)braços são os melhores. Nunca mude. - sussurrei para mim mesmo, lendo o bilhetinho colado na tampa da caixa.

Meus batimentos cardíacos aumentaram de uma forma absurda quando senti o cheiro do seu perfume naquele papel.

A saudade dela está grande. Mal vejo a hora de abraçá-la com a medalha de campeão em meu pescoço.

Deixei o papelzinho de lado, para agora, abrir a peça principal do presente.

Um cartão, um colar de prata com pingente verde e uma margarida dentro de uma mini cúpula com um recado numa parte do vidrinho.

nós 3 - joaquín piquerezWhere stories live. Discover now