Luiza Collier

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Capítulo 2 Luiza Collier

Luiza era uma mulher muito bem estruturada, veterinária bem conhecida na cidade onde morava, amava os animais, morava sozinha.

No auge dos seus trinta anos nem pensava em casamento, era marcada por uma história de amor mal resolvida.

Aconteceu quando tinha seus dezesseis anos, e era uma menina ingênua e cheia de sonhos.
Mas isso era passado, e que o passado fique la não é.

Hoje era madura, sua vida eram os animais, seus gatos, cachorros, que lhe alegravam e fazia companhia todos os dias.

Dividia uma sala no centro da cidade com sua melhor amiga, Natalya Andrade,

Naty (como era chamada carinhosamente), tinha se formado em cabeleireira, e abrira um salão do lado da clínica.

Naty e Luiza eram inseparáveis.

Naty conhecia as dores da amiga, e também sabia que era o único contato que Luiza tinha com o mundo, porque infelismente ela só se relacionava com os animais,não que Naty não tentasse,mas Luiza não colaborava.

Elas tinham sido muito populares na escola, mas depois do acidente sua amiga se tornou dura,com a alma negra,solitária.

Naty a visitava com frequência, adorava Luiza do fundo do coração, eram irmãs mesmo,só que de mães diferentes.
A casa de Luiza combinava com ela em tudo, ela e Naty fizeram a decoração sempre pensando no bem estar dos animais.

Os gatos tinham um parquinho, só deles, os cachorros cada um em seu espaço, apenasToby(seu cachorro preferido)tinha livre curso pela casa e quintal.

Porque no auge de sua velhice e rabugentice,(acho que puxou o ex-dono), não aceitava ficar parado,nem que lhe impusessem limites.

Mas Toby trazia consigo uma lembrança que só Luiza e Naty sabiam.

Como ele foi parar em sua vida, e de quem ele era antes de pertencer a Luiza, ela sempre se lembrava dele e seus olhos se perdiam cheio de lágrimas no tempo.
Tempo que ela nunca esqueceu,tempo que ela guardava no coração.


-Nossa Luiza hoje o dia ta perfeito pra uma caminhada não é?
Como sempre Naty tentava animar Luiza a caminhar, pois ela era um pouco sedentária se tratando de exercícios.
-Há Naty, hoje tenho muitos pacientes, vou estar exausta, sem ânimo, e tenho cirurgia, a cadela do Sr.Sebastian vai ter filhotes, e eu que vou trazer a turminha ao mundo, já que ela é pequena e ele esta com medo de perdê-la.
- Luiza, Luiza! Você e suas desculpas, mas e daí hoje sai a macarronada que você me prometeu? Mal posso esperar!uhuuuuu....
-Claro amiga, a gente se vê mais tarde!

Desligando o celular Luiza começou a pensar em Naty, sua amiga de tantos anos, sua confidente, sua irmã,trabalhava ao lado, mas durante o dia só conseguiam se falar por telefone devido à correria.

Naty era superindependente tinha um filho; Matheus, que ela criava sozinha, ele era sua vida, dedicava-se totalmente a ele e seu namorado Will, que apesar de sempre a ter pedido em casamento, ela nunca aceitava.

Dizia que gostava como estava, amava a liberdade, em ter sua casa só para ela e Matheus.

Era uma ótima amiga, aliás, a melhor, e única.
O dia como sempre estava lindo, a cidade interiorana com tudo de bom, árvores, pássaros, muito verde, colorido das flores, muita paz.
Luiza amava aquele lugar, por ser calmo, ali todos se conheciam, e ela odiava o barulho da cidade grande.
As casas eram lindas, casas de época, tinha várias, sem muros ou portões altos, tudo fazia lembrar paz, amor,união,valores que estão se perdendo nas atuais cidades grandes.

Luiza chamava a cidade de pedacinho do céu.
E La estava seu coração, suas lembranças, ela sempre se lembrava dele, levava flores em seu túmulo, e pensava em como seria se ele ainda estivesse ali com ela.

Se as promessas tivessem sido cumpridas, seriam casados? Ela seria mãe?

Tantas perguntas sem resposta que deixavam Luiza confusa, ela ainda se lembrava da última semana juntos.
-Luiza eu te amo, quero me casar com você!
Luiza achou estar sonhando, mesmo com apenas dezesseis anos ela aceitou, o amava e já fazia dois anos que estavam juntos,parecia que se conheciam desde sempre,como partes um do outro.
-Claro Antonyo,também te amo,quero ficar com você pra sempre!
-Sempre estaremos junto-ele disse._Nem a morte irá nos separar.
Eles se olharam, ele tirou do bolso uma caixinha, colocou na palma da mão de Luiza, ela abriu era um anel de noivado,bem simples,era tudo que Antonyo podia comprar naquela época, ele pegou o anel colocou no dedo dela e selaram com um beijo aquele amor.

Combinaram de se casar depois do primeiro ano de faculdade,porque assim se ajudariam em tudo,estariam juntos em cada conquista da vida.
Naquela mesma noite fizeram amor ali mesmo com as estrelas e a Lua de testemunhas, mas aquela noite foi mais que especial, eram noivos.

Luiza nem imaginava que dali a alguns dias seus sonhos seriam despedaçados.
Algumas noite antes do acidente ela perguntou;
-Você vai depor contra teu primo?
-Não eu vou dar um jeito nisso Lu, não posso depor contra meu próprio primo, ele é como irmão pra mi, e sei que se eu não o depor vai ficar pouco tempo na cadeia,talvez pague com serviços comunitários,Lu ele ta arrependido,Vincent nunca foi disso,não sei o que deu nele,acho que estava realmente desesperado.
-Mas não vejo outra saída Antonyo...
-Talvez eu tenha, só me prometa que vai me perdoar, e se não conseguir esperar reconstrua tua vida,seja feliz,minha vida,porque você merece.
-Não estou entendendo...
-Não precisa entender me abrace agora, me beije como se fosse a ultima vez, te amo Lu sempre vou te amar aconteça o que acontecer,me perdoe,não te mereço.
Foi a última vez que conversaram, antes do acidente

Ela pensou que ele ia fugir, desaparecer, mas logo voltaria,mas não foi assim,ele se foi para sempre,e para Luiza só restou as lembranças,um anel e uma promessa que nunca se cumpriu.
O amor nunca morreu, ela não conseguiu se envolver profudamente com mais ninguém,até tentou,pois Naty vivia arrumando casinhos para ela,na mais boa intenção claro!

Mas ninguém era Antonyo, então ela decidiu ficar só,depois de algumas tentativas frustradas,quase comicas,mas ninguem sabia de seus amores fracassados,ela escondia de todos,apenas Naty sabia.

Era como se ainda o esperasse,como se ele ainda estivesse perto, mesmo sabendo que ele jamais voltaria.

Luiza não sabia porque sentia aquilo,mas era como se ainda o sentisse vivo e perto.

Devia estar ficando louca,isso justificaria seus devaneios.


Cicatrizes do PassadoWhere stories live. Discover now