Still into you

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- Foi mal, juro que não é isso, só que estou com muita coisa na cabeça agora. - disse olhando nos olhos de quem acabei de trombar.

- S/n, sério, eu sei que a gente mal se fala e tal, mas você é nossa companheira e precisa confiar na gente. - Diz Usopp sorrindo.

- Eu.. certo. - digo desviando o olhar com vergonha.

- Vem, vou pegar alguma coisa pra gente tomar lá na cozinha. - diz ele indo pra adega, depois de umas boas doses eu já estava aberta a dizer tudo que vinha a boca.

- Aquele, hic... Ele, acredita que ele praticamente me pediu, hic... Pra ser mãe? - digo já debruçada na mesa e rindo feito besta junto com Usopp.

- Mas ele só disse que queria, não disse quando e nem te forçou. - diz ele tomando mais de sua bebida.

- Você.. não é que você tem toda a razão? Aí cara, fiz merda, vou me desculpar por isso depois - digo tampando meu rosto.

- sabe, você não tem que se preocupar com isso agora, acho que você pensa demais, tudo muito calculado, só vai S/n, segue o fluxo, não pense, sinta. - diz ele sorrindo.

- Falar é fácil, cresci na sombra de um império familiar dominante, eles não facilitaram nada, sempre conseguiam um jeito de me derrubar pra me ver desistir, mas eu levantei, todas as vezes, cada pancada eu me levantava mais arisca, mais astuta, mais forte, mas por ironia dei minha vida sem nem pensar duas vezes por uma criança que poderia ter uma vida melhor que a minha - digo quase dormindo na mesa da cozinha.

- Sua vida não foi fácil, e daí? Olha pra você, é uma grande guerreira, da pra ver nos seus olhos. - diz ele passando a mão na minha cabeça fazendo carinho.

- Olha bem pra mim, quando pensei que finalmente ia me provar ser alguém digna de respeito, jogar na cara da minha família eu simplesmente troquei por outra pessoa.- disse sorrindo fraco, não me arrependo, só que mesmo estando aqui é como se eu sentisse aqueles olhares de desprezo, de ódio, repúdio, era um fardo bem pesado.

- Aqui você não precisa provar nada pra ninguém, você é livre, você não é seu pai, nem seus irmãos, você é você, só deixe ser e veja no que dá, aqueles dois não vão fugir de você, eles estão loucos por você desde o dia em que te viram cair do céu. - diz ele rindo da minha cara, aquelas palavras eram como se tudo o que sofri tivesse apenas desaparecido.

- Você não tem ideia do quanto amo aqueles dois...- digo apagando de vez, sentindo minhas lágrimas escorrerem, só conseguindo escutar um sorriso.

De volta para aquela escuridão, mas dessa vez ao longe eu podia escutar um som, algo que eu conhecia, minha música preferida, mas como? Eu devo estar em coma, talvez isso seja realmente um sonho.

-Still into you, isso, ela mesma, preciso chegar mais perto, só mais um pouco e posso sentir onde ela está. - me forço a tentar alcançar o som, não via luz nem nada, mas tinha uma direção.

- Vamos, só mais um pouco, tá perto. - quando estou quase chegando eu escuto vozes além do som.

- Senhor, por favor, não pode por som dentro de um ambiente hospitalar, por favor desligue. - uma voz que eu não conhecia.

- Por favor, ela se moveu, eu sei que ela se moveu, ela amava essa música, sei que ela está ali, por favor. - dessa vez a voz era muito familiar, desesperada e carregada de preocupações.

- Vamos querido, deixe-a descansar, vamos para casa, você precisa dormir e comer direito. - Nana.. essa voz é dela.

- Não posso deixar ela aqui, e se ela acordar e não encontrar ninguém? - sua voz estava quase chorosa.

E se...Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt