Capítulo 17

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Oi meus amores!

Como vcs foram de eventos natalinos?

Espero que tenha sido tudo na mais bela paz e equilíbrio.

Bom, vamos continuar com a nossa história?

Antes, quero lembrar para quem não viu o recado que deixei agora no capítulo de apresentação.

Fiquei sabendo que tem muita gente plagiando histórias de autoras não tão consagradas.

Então, eu preciso deixar aqui um recado. Não é direcionado a absolutamente ninguém, mas nunca se sabe o que o ser humano é capaz de fazer. Espero que compreendam. Bjsss

 Bjsss

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Capítulo 17

É no banho que deixo as emoções se exteriorizarem.

Não sou muito de chorar, muito menos me permito chorar na frente dos outros. Ninguém tem a solução para as minhas dores. Tenho uma tênue sensação de que quando choramos na frente de alguém é como se fosse um pedido de socorro "Hei, olha aqui como estou sofrendo, você pode me ajudar?", mas quase ninguém de fato pode mais do que um carinho ou um abraço de apoio. Eu não gosto de demonstrar as minhas fraquezas, a não ser para a terapeuta que nunca vai usar os meus ditos contra mim.

A água quente purifica a mente, a ducha bate na minha cara como um tapa de ânimo e coragem. Deixo extravasar aquilo que insiste em explodir e chacoalhar dentro do meu corpo. É impressionante como a natureza do ser humano responde ao grito da alma colocando para fora um líquido transparente meio salgado através dos olhos. E pior que depois do choro vem um torpor de resiliência e calmaria. Tudo bem, nem sempre. Há momentos na vida que a dor é tão grande que só conseguimos nos livrar dela quando estamos dormindo e quando a dor emocional fica daquele tamanho, que nenhum calmante ameniza. A única vontade é dormir direto e encarar a inércia da dor.

Está tudo errado. Eu estou fazendo tudo errado. Deitando-me com um e sonhando com outro no meio de uma batalha de valores pessoais e guerrilhas éticas onde a culpa e o desejo travam uma luta num campo de medo e incertezas.

O roupão de pelo leve substitui o abraço que eu me nego a buscar.

Se eu não controlar as minhas decisões não poderei barganhar com Deus.

Acabei de me vestir, Sérgio entra em nosso quarto e se insinua querendo tirar a minha roupa. Não posso deixar, pois ainda carrego as marcas na pele do meu recente encontro com Tony. Ele não entende e força um pouco a barra mesmo eu tendo me esquivado do contato entre nossos corpos.

— O que foi agora? Por que não quer?

— As coisas não estão mais dando certo entre nós. Você vive no seu mundo e estamos apenas dormindo sob o mesmo teto. Não há cumplicidade e nem cuidado. Acho que a nossa relação já deu o que tinha que dar.

— O que você quer dizer? Seja clara.

— Quero me separar.

Fui pega de surpresa com uma risada repentina que abalou o pouco de coragem que ainda me restava.

— É isso mesmo que você entendeu, Sérgio eu quero me separar.

— E você vai pra onde? Morar na rua?

—Não sei. Mas do jeito que estamos não está bom para nenhum de nós.

—Amanda, presta atenção. Você não tem condição de sair daqui. Você não tem um trabalho decente, não tem dinheiro, nada que você faz dá certo, você mal tem dinheiro para comprar as próprias calcinhas, que dirá assumir a responsabilidade de morar sozinha. Você está nervosa e eu nem vou levar em consideração o que você disse. Mas se você quiser ir eu não vou me opor, mas não conta comigo para mais nada.

Inerte sentada na cama nem sei o que dizer ou pensar. 

Ouço a porta da sala bater e fico aliviada por não ter que responder nada a ele nesse momento. O nó entalado na minha garganta dificultando a minha respiração também impede que eu raciocine de maneira prática. As lágrimas involuntárias caíram como cachoeira e Whisky se aninhou em meu colo assustado com os meus soluços. Eu não queria chorar.

Se meus pais estivessem vivos, se eu tivesse irmãos, se eu tivesse tios ou tias a quem pedir ajuda seria bem mais fácil, mas eu só tenho uma amiga que tem lá a vida dela e mora com os pais.

O desejo de encontrar o diário da minha mãe naquela casa me impede de passá-la adiante. Ainda não estou preparada para virar essa página.

Tomo um calmante e resolvo deixar a decisão disso para outra hora. Nesse momento eu não tenho dinheiro e nem para onde ir, ter eu tenho, mas ainda não tenho coragem de ficar lá

Enfio-me debaixo das cobertas e com as luzes apagadas tento dormir para não ter que pensar  e constatar que não tenho nenhuma saída. Penso em Tony, em como foi bom estarmos juntos e como a amizade dele me faz falta, mas Tony é sinônimo de perigo, alerta, fogueira, incógnita, mesmo assim seu mistério me atrai como um ímã, não apenas o que ele esconde, mas também o que ele me mostra através de suas palavras e do toque de sua mão e de seu corpo.

Eu procuro Tony no Whatsapp, verifico se ele está on line e mando mensagem. Na maioria das vezes, assim que visualiza, ele responde.

A acessibilidade dele me conforta. Sempre que estou entalada por alguma coisa ele está ali, disponível para me consolar. O universo virtual é o nosso mundo e sei que existe apenas uma fina e tênue possibilidade da nossa virtualidade poder se transformar em realidade por mais vezes.

—Tá com saudade? 

—Muita e você?— pergunto.

—Sempre. Tomei banho com você hoje, sabia?

—Engraçado você. Pensou em quê?

—Nas suas chupadas, ajoelhada no chão do box. Preciso te encontrar de novo.

—Quem sabe um dia!— respondo.

—Eu tenho certeza de que esse dia será logo.


Nada é Tão SimplesWhere stories live. Discover now