Three, Two... One.

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Os fogos de artifícios estouravam lá fora e causava barulhos altos que até mesmo de dentro do esconderijo de paredes grossas eram capazes de serem ouvidos. Sam pegava algumas cervejas vestindo sua camisa de flanela azul e preta, a mais nova que tinha, com os cabelos longos penteados para trás, o cheiro do xampu de rosas e a colônia masculina empregnando seu corpo enquanto esperava o irmão, Jack e o anjo para se juntarem a ele na parte de fora do bunker para ver a chuva de fogos que começaria para valer dali a pouco.
Não demora e Jack se junta ao mais novo dos irmãos junto a Castiel, que lhe dava orientações sobre tampar os ouvidos caso os sons dos rojões soassem perto e altos demais, como se estivesse falando com uma criança pequena e não com um nefilim poderoso que podia aniquilar sozinho metade da terra. Os três ficam no topo da escada esperando o mais velho dos Winchesters para se juntar a eles, mas alguns minutos se passam e nenhum sinal dele.

— Podem subir, eu vou chamá-lo e já acompanho vocês. – O de cabelos longos diz, mas Castiel segura seu braço e o impede.

— Você entende mais dessas comemorações humanas. Sobe com ele que eu busco Dean. – Suspira e fala mais baixo para o outro não ouvir. — Ele está nervoso com as explosões artificiais, acho que você vai acalmar ele melhor do que eu.

Sam parece ponderar por certos instantes mas concorda e toma iniciativa em subir os degraus, vendo o filho do arcanjo o acompanhar. Vendo-os sumir de vista o anjo de sobretudo bege caminha em direção ao conhecido quarto, batendo algumas vezes mas não recebendo nenhuma resposta. Preocupado, Castiel gira a maçaneta rapidamente abrindo a porta velha de madeira e se deparando com um Dean Winchester com as sobrancelhas arqueadas e vestindo seu costumeiro roupão cinza deitado na cama com uma expressão confusa.

— Sim, Cass, pode entrar, fica à vontade. Quer uma cerveja? – Ironiza, mas percebe que pela expressão do outro ele não havia entendido a ironia em sua frase, sentando-se no colchão duro.

— Não, obrigado. Eu vim te buscar, Dean. – O loiro arqueia novamente a sobrancelha e o anjo completa. — Para o ano novo. Nós vamos ver os fogos barulhentos de perto, se apresse ou você vai perder.

— Pode ir, Cass, eu tô tranquilo.

— Como assim? Você não vem?

— Nah. Eu tô bem aqui dentro. Acabei de tomar um banho quente, tô vestindo meu roupão favorito, vou assistir algum filme de faroeste, fazer pipoca e beber algumas cervejas. Esse é meu ano novo.

— O Sam disse que ano novo é uma celebração importante para vocês. Eu vi você animado anos anteriores com essa data. Os fogos, você gosta deles.

— Esse ano eu não tô com clima pra isso, Cass. Mas não vou estragar o momento de vocês, se divirtam. – Dá um meio sorriso e começa a zapear pelo catálogo de filmes da netflix para buscar algo para assistir. — Corre ou vai perder a melhor parte do show.

— Não vai ser a mesma coisa sem você, Dean.

— Olha, Cass, eu reencontrei o papai e depois ele foi embora, eu convivi com a minha mãe e ela morreu de novo, eu revi muitos dos meus amigos mesmo que de outro universo mas todos eles se foram também. Deus está por aí jurando o mundo de morte. Ele só está descansando pra nos pegar de surpresa. Você acha que tenho ânimo pra vestir uma roupa idiota e fingir que foi um bom ano? Não tenho. Eu tô cansado, Castiel. – Passa a mão pelo rosto e o anjo se vê tentado a sentar junto a ele e lhe transmitir ao menos um pouco de conforto. Realmente havia sido um ano difícil. Cedendo, Castiel se aproxima e senta na beira da cama, passando os dedos pelo rosto cansado do caçador e acariciando sua bochecha.

— Me desculpe.

— Não tem pelo que se desculpar. – Força um sorriso e deixa o olhar cair nos lábios gordinhos do outro, passando o polegar ali. — Foi mal se eu fui rude.

Contos do anjo e o caçadorWhere stories live. Discover now