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ERA A TERCEIRA VEZ QUE Camilo aparecia na pequena floricultura, adorava ficar de bobeira ali conversando com sua melhor amiga. Tinham se conhecido quando o mais novo derrubou o vaso de samambaia que a menina carregava e após isso foi xingado aos montes, desde então não se desgrudaram.
O Madrigal cantarolava enquanto puxava a mais velha para dançar a fim de tirar o tédio estampado em sua face — Trabalhar em pleno domingo tirava a animação de qualquer um — balançava a saia do vestido devagar até pegar o ritmo do condutor. Mas foram interrompidos pelo o barulho da porta sendo aberta e uma prima de Camilo estressada:
— Por que está fugindo de suas tarefas primo?! Ainda bem que mi hermana Luisa avisou que havia sumido — Notou então a garota encostada no outro — Não é hora de ficar namorando Camilo, embora Abuela ficaria contente com a notícia.
— Eca — Uma careta surgiu no rosto da atendente — Esse pirralho não é meu namorado.
— Isabela não está vendo que estou ajudando essa chata a sair do tédio? Se isso não é uma boa ação eu me demito!
Foi então que a Madrigal prestou mais atenção na estranha; que tinha uma aparência encantadora.
Valentina ostentava curtos fios castanhos avermelhados, uma pele lisa de cor marrom, grandes orbes pretas, bochechas rechonchudas, tinha lábios carnudos e o narizinho arrebitado. Utilizava um vestido branco com mangas bufantes, adornados por rosas pequenas desenhadas e um lenço de tecido fino com a mesma estampa no pescoço.
Isa deu uma tosse para disfarçar o rubor nas bochechas se virando, seu cabelo fez uma lindo movimento em câmera lenta enquanto saia, apenas não tinha percebido a trilha de flores que tinha deixado pelo o seu nervosismo:
— Bom, é melhor você ir camaleão — A maior o puxou por sua ruana para frente da porta — Não quero outro parente mágico seu fazendo um abracadabra por aqui, no final sempre sobra pra mim limpar tudo.
Dizia se referindo as belas flores deixadas para trás bem em frente a porta da loja:
— E lá vem você com esse apelido...vai fazer algo essa noite?
— Nada meu caro camaleão!
— Vem jantar lá em casa, tenho certeza que vai gostar de todo mundo — Após Camilo falar isso a mais velha apenas levantou uma sobrancelha com um olhar debochado — Vamos lá Tinazinha! Não vai ser tão ruim.
— O que eu ganho em troca?
— Eu limpo essas flores pra você!
— Fechado então — Pegou a vassoura e pá encostada na parede o entregando — Estarei lá pirralho.
