Capítulo 02

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Virginia narrando


Qualquer dia desses a minha cabeça vai explodir! Já não estou aguentando essa situação em que eu estou sendo obrigada a viver. Para a minha infelicidade, a minha mãe é viciada no crack e de uns tempos pra cá, ela começou a beber, coisa que ela não fazia. Mas e como o pessoal fala, né ? Um vício chama o outro.
E pra piorar a minha situação a gente não tem nenhum parente  aqui perto. A nossa família é  do nordeste. A minha sorte ainda é a Joana que me ajuda muito, em relação aos meus irmãos, ela e minha vizinha, agradeço a Deus por isso.

Uma coisa é certa na minha vida, desde que eu me entendo por gente que a minha mãe usa essa maldita droga.
Ela passou bastante tempo limpa uns dois anos, eu acho. eu me lembro como se fosse hoje quando ela veio pra cá, dizendo: que iria arrumar um  emprego pra me dar uma vida melhor, depois de 5 meses eu também vim. nessa época eu já tinha 14 anos, no começo era mil maravilhas, mas felicidade de pobre dura pouco.
Eu consegui um emprego de menor aprendiz em um supermercado.
de manhã eu estudava e à tarde eu trabalhava.
aproveitei que a minha mãe não queria o meu dinheiro e comecei a em vestir em cursos, de maquiagem, design de  sobrancelhas e extensão de cílios e em um ano eu já tinha os meus certificados.
Depois de um tempinho eu comecei a guardar dinheiro pra futuramente abrir um Studio aqui na favela para mim.

Mas como eu disse? a minha felicidade só durou dois anos, a minha mãe começou a ter recaída e ainda por cima engravidou de um drogado e perdeu o emprego.
sinceramente? Nesse momento eu me vir perdida, porque além de eu trabalhar para sustentar a casa eu tinha que cuidar da minha irmã a viliane.
quando eu fiz 16, a minha mãe engravidou novamente só que dessa vez era muito pior porque eu estava desempregada, e o dinheiro que estava guardado eu tive que gastar.
Mas uma coisa é certa, Deus é pai e não padrasto e graças a ele eu comecei a "trabalhar" na minha área. Comecei a maquiar e fazer henna em algumas garotas aqui da favela. o que eu ganhava era só pra pagar o aluguel e o que sobrava era para comprar comida.

Acredita que até um traficante pediu pra ficar comigo? Tá repreendido! Neguei na mesma hora. Quero isso pra minha vida não! Esses homens do movimento são tudo doidos, pra mim uma pessoa que vevi nessa vida de ilusão e só pode ser doido !
E esse em questão que queria ficar comigo é insuportável! Ele botava o terror aqui dentro.
com ele não tem desenrolo, não, era madeira mesmo, isso quando não matava.
a maioria das pessoas aqui tem pavor dele,  ninguém suporta!
E o pior de tudo pra mim é que ele e preto, não gosto de me envolver com ninguém dessa cor, não! Nada contra as pessoas que têm esse tom de pele, mas eu particularmente não fico com homens dessa cor não!

Tenho um ranço desse homem, ele ficava me olhando igual a um tarado.
eu sentia e percebia que ele me seguia. vou mentir não, eu tinha medo, ficava assustada!
ele começou a me mandar presentes e eu não queria, mandava devolver, só que o cara que trazia me ameaçou,  fiquei com medo e comecei a pegar. Graças a Deus ele foi preso já tem uns dois anos, eu acho.
Observava tudo enquanto bolava meu primeiro cigarro de maconha do dia, comecei a fumar depois que a minha mãe voltou para o crack, a maconha me acalma.
A casa parecia um chiqueiro. A minha mãe jogada em cima do sofá, morta de bêbada.
Meu irmão caçula de apenas nove meses jogado no chão brincando com uns de seus carrinhos e minha irmã de apenas três anos dormia no canto dá sala embolada em cobertores e mantas sujas.
Esses dias eu não tive tempo de por pra lavar, essa semana foi uma correria, eu precisava trabalhar dobrado, porque já está perto de pagar o aluguel.
A minha mãe sai pra beber frequentemente, e Deus que me perdoe, mas eu sinto um nojo fora do comum. Mas querendo ou não! Ela é minha mãe e eu não posso abondona-la

— Não, sai daqui. —  Disse pro Vinicius que me olhou assustado. Ele sorriu pra mim, e eu dei um beijo na testa dele.

Sai da casa deixando a porta fechada, sentei do outro lado da rua e acendi o cigarro e dei a primeira tragada. Fechei os olhos e senti a onda e a moleza  atingir os meus músculos e foram ficando relaxados com cada tragada que eu dava.
Abri os meus olhos e  tinha uns 4 homens com fuzil  entrando na minha casa. Corri no mesmo instante, eu queria saber o que estava acontecendo.

— o que vocês querem aqui? —  indaguei nervosa.

Xxx: tira as crianças daqui. —  um cara moreno falou.

— por qual motivo?  —  eu já fiquei assustada, me tremendo todinha.

Xxx: coe mina ? só faz o que eu tô falando caralho! - gritou. - se não vai sobrar pra você. —  ele já começou a se alterar, peguei os meus irmãos e coloquei no quarto.

Quando eu ia sair, o outro cara  me barrou e eu só pude ouvir os gritos da minha mãe, os meus irmãos começaram a chorar com o barulho.
Não tive reação alguma, fiquei paralisada na porta do quarto, eu só sentia o meu corpo tremer !

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